google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES

quinta-feira, 4 de abril de 2024

BOTÂNICA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA BAUNILHA

 

BOTÂNICA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

A baunilha é uma planta trepadeira (Figura 1A) da família das orquídeas (Orchidaceae), pertencente ao gênero Vanilla. É a única orquídea que possui frutos aromáticos; por isso, é utilizada amplamente na indústria de alimentos, cosméticos e gastronomia. Embora o termo botânico que define o tipo de fruto da baunilha seja “cápsula”, ele é comumente chamado de “fava” ou “vagem” Os frutos somente produzirão aroma quando em plena maturidade, o que pode ocorrer de forma natural ou artificialmente pelo processo de cura (Figura 1C). Nesta publicação, utiliza-se o termo “baunilha” exclusivamente para referir às espécies de Vanilla que produzem frutos aromáticos.

Planta trepadeira de Vanilla planifolia (A)

frutos imaturos de Vanilla  planifolia (B)

frutos curados de Vanilla planifolia (C)

Ao todo, são conhecidas aproximadamente 110 espécies do gênero Vanilla e cerca de 30 a 40 espécies possuem frutos aromáticos. O gênero é mais diversificado na América tropical (52 espécies), mas ocorre também na África, nas ilhas do Oceano Índico, Sudeste Asiático/Nova Guiné e ilhas do Pacífico. As 110 espécies se distribuem em praticamente todos os países que ocupam a faixa tropical (entre os paralelos 27º Norte e Sul), mas estão ausentes na Austrália. As espécies que possuem frutos aromáticos ocorrem somente na América Tropical. Nesse contexto, o Brasil desponta como o País que comporta a maior diversidade, com 35 a 40 espécies, sendo cerca de 15 com frutos aromáticos.


Diferenças entre as baunilhas e as demais orquídeas

As orquídeas podem crescer diretamente no solo (hábito terrestre, Figura 2A) ou sobre outras plantas, sem contato com o solo (hábito epifítico, Figura 2B). As baunilhas apresentam uma forma de crescimento diferente: as sementes germinam no solo, e a planta se desenvolve aderida ou apoiada sobre outras plantas sem perder o contato com o solo (hábito semiepifítico ou hemiepifítico, Figura 2C), característica para a qual se utiliza atualmente o termo nomadic vine ou adpressed climber, ainda sem tradução para o português (Zotz et al., 2021).

 Orquídea de hábito terrestre (A)

 orquídea de hábito epifítico (B)

baunilha (Vanilla pompona) de hábito hemiepifítico (C)

A maioria das orquídeas possui frutos secos, sementes envoltas por membrana que são disseminadas pelo vento. Já as baunilhas, além de serem as únicas orquídeas que possuem frutos aromáticos e carnosos, apresentam sementes lisas e disseminadas por insetos, aves ou pequenos mamíferos.

Principais características morfológicas das baunilhas

Três espécies são cultivadas em maior escala no mundo (V. planifolia, V. tahitensis  e V. pompona). V. planifolia é a espécie mais utilizada e representa 95% de toda a baunilha cultivada no mundo, seguida da V. tahitensis e V. pompona. De modo geral, V. planifolia e V. tahitensis são muito semelhantes entre si. Já V. pompona apresenta um conjunto de características que a distingue das outras duas (por exemplo, suas folhas são maiores e mais largas). As folhas de V. tahitensis são as mais estreitas entre as três espécies consideradas (Tabela 1).

V. planifolia

Aspecto geral da folha



Aspecto geral da flor

Aspecto geral do fruto


Corte transversa do fruto


Flor da baunilha



A flor da baunilha é formada por sépalas, pétalas, labelo, coluna e ovário (Figura 3).

O labelo é uma pétala modificada que possui forma e coloração diferentes das demais partes da flor e se encontra em posição contrária à coluna (Figura 4).

Ao contrário das outras famílias botânicas, cujos órgãos reprodutivos masculinos e femininos comumente se encontram livres, nas orquídeas, eles se mostram  fundidos numa mesma peça – a coluna (Figura 5), porém em localizações distintas.

A parte masculina se localiza no ápice com a antera protegendo o pólen, como uma capa. A antera pode ter sua posição alterada (versátil), mas sempre volta à posição original.

Logo abaixo dos órgãos masculinos, observa-se uma membrana, em posição perpendicular à coluna, chamada de rostelo, que serve como barreira física impedindo o contato entre os órgãos masculinos e femininos. Imediatamente abaixo do rostelo, observam-se os estigmas (parte dos órgãos femininos), que apresentam aparência úmida, em razão da presença de um líquido denso, aderente, próprio para “segurar, prender” os grãos de pólen que forem ali depositados.


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Conheça a Abóbora BRS Brasileirinha


 

Abóbora BRS Brasileirinha

Com frutos bicolores verde-amarelo, a BRS Brasileirinha foi desenvolvida com o objetivo de disponibilizar um produto diferenciado, com o potencial para explorar nichos de mercado de alto valor agregado. Isso se deve tanto a sua composição nutricional, com teores de betacaroteno e luteína, quanto ao aspecto ornamental dos seus frutos e excelente sabor. A cultivar BRS Brasileirinha apresenta múltipla aptidão podendo ser colhida para consumo como conserva, abobrinha verde ou abóbora seca.

As plantas da cultivar BRS Brasileirinha são rústicas e as ramas possuem hábito de crescimento prostrado, indeterminado e vigoroso, com distância entre as folhas maior que 15 cm. As folhas apresentam formato retuso, coloração verde-clara, margem foliar dentada, com faceamento foliar raso e pilosidade quase ausente. As plantas são monoicas, ou seja, apresentam flores femininas e masculinas na mesma planta, com boa cobertura de flores femininas. As primeiras flores masculinas aparecem a partir do 7° nó, ao passo que as flores femininas surgem após o 14° nó.

Os frutos da cultivar de abóbora BRS Brasileirinha apresentam formato periforme alongado, com casca lisa e brilhante. Eles podem ser comercializados como abobrinha verde, sendo colhidos com comprimento entre 12 a 18 cm e massa média entre de 180 a 400 gramas; na forma de picles (em conserva), quando colhidos ainda no estágio de botão floral, com peso médio de 60 gramas e 9 cm de comprimento; e ainda frutos para consumo seco, colhidos com cerca de 1,2 a 1,6 Kg.

Recomenda o cultivo no espaçamento de 3 metros entre fileiras e 0,60 metro entre plantas, podendo plantá-las diretamente nas covas, com 2 a 3 sementes por cova ou fazendo o plantio de mudas. A colheita inicia-se entre 60 e 70 dias após o plantio, quando os frutos apresentam comprimento entre 12 e 18 cm.


O potencial produtivo da abóbora BRS Brasileirinha varia de acordo com o estágio dos frutos no momento da colheita e seu uso pretendido: consumo verde ou seco, conserva ou ornamento. Para consumo verde, a produção pode chegar a 10 frutos por planta, quando feitas colheitas sucessivas. É importante lembrar que a presença de abelhas como agentes polinizadores para o bom pegamento de frutos e, consequentemente, boa produtividade é fundamental.


A cultivar BRS Brasileirinha apresenta bons níveis de resistência de campo a diferentes raças de oídio (Podosphaera xanthii) e ainda pode ser utilizada como polinizadora das abóboras do segmento Tetsukabuto, pela precoce e abundante produção de flores masculinas.

https://www.embrapa.br/cultivar/abobora



domingo, 17 de março de 2024

Cultivo de baunilha: práticas básicas

 

INTRODUÇÃO

A baunilha (Vanilla planifolia Andrews) é uma planta da família das orquídeas, origináriado México, cujos frutos aromáticos possuem um alto valor comercial. O aroma natural de baunilha, relacionado especialmente à presença da substância vanilina, é o mais popular e largamente utilizado no mundo. Apesar da produção sintética de vanilina, existe uma grande demanda pela produção do aroma da baunilha de origem natural. Estima-se que menos de 1% dos produtos são aromatizados com baunilha de origem natural, particularmente aquela que seja proveniente de sistemas de cultivo agroflorestal e orgânico. O fruto é a parte utilizada da planta, comumente denominada vagem ou fava.

A baunilha era originalmente utilizada pelos povos Astecas em um contexto cultural para fins aromatizantes e medicinais e em rituais com o intuito de atender à nobreza, especialmente ao imperador. A obtenção da baunilha (V. planifolia) era feita de forma extrativista, fruto da polinização natural por abelhas nativas, e, por esse motivo, sua produção era incipiente. A baunilha foi apresentada à cultura europeia pelos espanhóis, que a conheceram na corte do tlatoani (governador) Asteca Moctezuma II (Montezuma). Ao aportar em 1519 no território que hoje se conhece como México, Hernán Cortez, conquistador espanhol, foi recebido pelo governante, que teria lhe oferecido a bebida sagrada tchocoatl, que era feita de massa de sementes de cacau acrescidas de mel e baunilha e engrossada com farinha de milho.

O Codex Florentinus (1540–1590) traz os mais antigos registros europeus conhecidos sobre os usos de baunilha, escritos e ilustrados sob a supervisão do missionário franciscano espanhol Bernardino de Sahagún.

A cultura da baunilha foi introduzida pelos franceses na Ilha da Reunião (1793), de onde foi levada para as Ilhas Maurício (1827), posteriormente para Madagascar (1840) e para as Ilhas Seychelles (1866). Há registros de cultivo de baunilha em Java no ano de 1846. Apesar de a baunilha ser conhecida e cultivada na Europa desde o século XVI, sua disseminação pelo mundo só ocorreu no século XIX, o que se deveu  à dificuldade de produção de frutos fora da área de origem. A superação deste problema se deu somente em 1836, quando Edmond Albius, escravo na Ilha da Reunião, descobriu um método prático de polinização artificial das flores, o qual é utilizado ainda hoje.

A baunilha contém cerca de 300 compostos químicos, responsáveis por um aroma único, com predominância de vanilina, e tem uma grande variedade de usos.

Cerca de 97% da baunilha industrializada no mundo é usada na indústria de fragrâncias e aromas, em sorvetes, iogurtes, produtos de panificação, doces, bebidas e outros produtos aromatizados. A baunilha é um produto com alto valor agregado, que exige mão de obra especializada e procedimentos e tratos culturais específicos.

Atenção especial deve ser dada para a produção de mudas, o desenvolvimento e manejo das plantas, a polinização manual, e o processo longo e criterioso de beneficiamento (cura) dos frutos.

Atualmente, são cultivadas, em escala comercial, três espécies de baunilha: a V. planifolia (aproximadamente 95% da produção mundial), a Vanilla x tahitensis J. W. Moore, um híbrido natural, e a Vanilla pompona Schiede. Os frutos comercializados de V. planifolia são oriundos especialmente de ilhas do Oceano Índico – principalmente Madagascar, responsável por 80% da produção mundial. São conhecidos como Baunilha Bourbon por serem obtidos pelo método de beneficiamento desenvolvido na antiga Ilha de Bourbon, atualmente Ilha da Reunião. Os frutos da V. tahitensis possuem aroma distinto e são oriundos de regiões do Oceano Pacífico, especialmente a Polinésia Francesa. Os frutos de V. pompona são originários do México, América Central, Trinidad & Tobago e América do Sul. Os maiores produtores de V. planifolia são Madagascar, Indonésia, China, Papua-Nova Guiné, México, Índia e Uganda, responsáveis  por 95% de toda a baunilha produzida no mundo. Embora o México tenha perdido sua posição como o maior exportador de baunilha, não perdeu a importância, já que é o principal detentor dos recursos genéticos associados à espécie mais comercializada (V. planifolia). O Brasil ainda não tem tradição no cultivo de baunilha. Entretanto, experiências recentes de alguns agricultores, principalmente dos estados da Bahia, Espírito Santo e São Paulo, indicam que o País apresenta condições ecológicas adequadas (vegetação, solo e clima) para esse cultivo.

O mercado internacional da baunilha é marcado por flutuações significativas nos preços, um reflexo da disponibilidade limitada e da qualidade dos produtos.

Entre os desafios do setor produtivo que afetam as oscilações da oferta do produto e que restringem o crescimento do mercado de baunilha estão a reduzida variabilidade genética de V. planifolia, baseada em poucas cultivares e clones, tornando o cultivo da baunilha altamente suscetível a doenças; o baixo nível de tecnificação na produção e no beneficiamento; e as perdas por desastres climáticos. Este cenário sugere a busca de novos locais favoráveis ao cultivo da baunilha, bem como a exploração de espécies nativas que ainda não são utilizadas comercialmente.

As baunilhas brasileiras podem apresentar características interessantes, como composição química e aroma diferenciados. No entanto, existem grandes desafios a superar para transformar essas espécies nativas em produtos para o exigente mercado da alta gastronomia e da indústria.

Esta publicação tem como objetivos trazer informações técnicas básicas sobre o cultivo da baunilha e o processamento dos seus frutos tendo por base conhecimentos e pesquisas realizadas em países tradicionalmente produtores da V. planifolia, descritas na literatura, e que podem ser adaptados às espécies nativas e às condições de produção no Brasil. Toda a literatura está descrita no item Literatura recomendada ao final da publicação. Espera-se oferecer ao produtor nacional informações para a melhoria da sua produção visando atender ao mercado consumidor, para a redução dos riscos inerentes ao cultivo da baunilha e para a obtenção de um produto de qualidade. Dessa forma, são abordados aspectos como sistemas de cultivo, obtenção de mudas, manejo, tratos culturais, condições fitossanitárias, processos de colheita e beneficiamento dos frutos. 


segunda-feira, 11 de março de 2024

Como é o Cultivo do Wasabi (Wasabia japonica)

 

Wasabia japonica

A wasabi, também conhecida como wasabia e raiz-forte-japonesa, é uma planta nativa do Japão, cultivada principalmente para uso de seu espesso caule subterrâneo (rizoma), mas que é frequentemente chamado incorretamente de raiz. Quando ralado, seu rizoma apresenta um sabor bastante picante, similar ao da raiz-forte, mas não idêntico. Suas folhas também podem ser consumidas e têm um sabor menos picante do que o rizoma.

Muito apreciada na culinária japonesa, seu cultivo vem aumentando também no ocidente, principalmente porque a produção japonesa de wasabi não atende nem mesmo a sua própria demanda interna. Porém, é considerada uma planta difícil de cultivar.

A wasabi é uma planta cultivada em várias regiões do Japão, principalmente em cursos de água fria


Clima

A wasabi ou raiz-forte japonesa cresce bem em locais de clima frio e úmido. O ideal é que a temperatura permaneça entre 8°C e 20°C. Locais que apresentam temperaturas acima de 28°C são considerados inadequados para o cultivo. Em regiões onde a temperatura cai abaixo de -3°C, a parte aérea da planta morre, mas esta pode ainda sobreviver e rebrotar quando a temperatura estiver adequada novamente.

Luminosidade

Esta planta cresce melhor em sombra parcial, embora também possa ser cultivada com luz solar direta em regiões onde o clima é ameno mesmo durante o verão.

A wasabi cresce melhor em sombra parcial 


Sistemas de cultivo

Há dois sistemas tradicionais de cultivar esta planta. O mais utilizado no Japão é o cultivo em um ambiente semiaquático, com um fluxo suave e continuo de água fria. No Japão é comum o plantio em camas de rochas feitas ao longo de cursos de água ou em tanques. Cada cama é composta de uma grossa camada de pequenas rochas sobre as quais há uma camada de cascalho, que por sua vez é coberto com uma camada de alguns centímetros de areia.

O outro sistema é o cultivo em locais de solo úmido, rico em matéria orgânica, geralmente sob grandes árvores que proveem sombra e ajudam a manter o ambiente úmido. Neste sistema o solo deve reter bem a água, permanecendo constantemente úmido, mas não deve ficar encharcado ou inundado. A wasabi cresce bem em água corrente, com boa concentração de oxigênio, não em o solo inundado com água estagnada.

Uma outra alternativa é o cultivo em sistemas hidropônicos. O pH da água e do solo devem estar entre 6 e 7, qualquer que seja o sistema de cultivo empregado.

Mudas de wasabi


Plantio

A wasabi ou raiz-forte japonesa é normalmente cultivada a partir de rebentos ou de sementes. Também é possível usar pedaços dos rizomas, mas isso é menos comum.

O método de propagação por sementes não é o mais apropriado quando se espera colher rizomas, pois as plantas oriundas de sementes muitas vezes não produzem bons rizomas. Quando o objetivo é a colheita comercial de rizomas, o plantio deve ser feito usando apenas rebentos de plantas que produzem rizomas de excelente qualidade.

Quando uma planta é colhida, seus rebentos são retirados e usados para propagar a wasabi. Assim muitas vezes a colheita e o plantio são realizados ao mesmo tempo, pois os maiores rebentos podem ser plantados diretamente no local definitivo. Os menores podem ser plantados em vasos deixados sobre bandejas com água, para que o solo do vaso não fique seco. Os rebentos devem ter uma aparência saudável e ter pelo menos 4 cm de altura e pelo menos 4 folhas. Pode haver até 20 rebentos adequados para propagação em cada planta na época da colheita dos rizomas.

As sementes normalmente não germinam se não passarem por um longo período de baixas temperaturas. Assim é necessário deixar as sementes em um refrigerador a 5°C por dois meses para quebrar a dormência antes de semeá-las (o tempo necessário pode variar, dependendo da variedade cultivada). Semeie em sementeiras, módulos, bandejas e outros recipientes, com pelo menos 10 cm de altura, e deixando as sementes cobertas com 1 cm de solo. A germinação ocorre aproximadamente em três semanas.

Quando as mudas estiverem com pelo menos 4 folhas e 5 cm de altura, o que leva de 4 a 6 meses, poderão ser transplantadas para um canteiro com sombra parcial. Deixe as mudas separadas por 5 cm, com a coroa 1 cm acima da superfície do solo. Cerca de dois meses depois, as mudas estarão com aproximadamente 10 cm de altura e poderão ser transplantadas para o local definitivo.

Já os pedaços de rizoma são colocados em recipientes contendo solo ou areia mantidos constantemente bem úmidos, preferencialmente com temperatura ambiente em torno de 10°C. Os rebentos podem levar dois meses para começar a aparecer, e quando estiverem com 4 ou 5 folhas, podem ser cortados do rizoma e transplantados como indicado no parágrafo anterior.

No local definitivo, as plantas podem ficar espaçadas por uma distância de 30 cm. Ao realizar o transplante, deixe a coroa cerca de 1 cm acima da superfície do solo.

A wasabi pode ser cultivada em vasos, que devem ter pelo menos 30 cm de diâmetro e altura para que a planta possa atingir um bom desenvolvimento. Deixe um recipiente raso com água embaixo do vaso para manter o solo sempre bem úmido.

Vaso com wasabi 

Tratos culturais

Retire as plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos, principalmente quando o plantio é realizado no solo. Em sistemas semiaquáticos há menos problemas com plantas invasoras.

Plantação de wasabi em camas de rochas


Colheita

A colheita da wasabi ou raiz-forte-japonesa pode geralmente ocorrer de 18 a 24 meses após o plantio, quando o rizoma está com 3 a 5 cm de diâmetro e de 10 a 20 cm de comprimento. Contudo, algumas vezes a planta fica crescendo por até cinco anos antes da colheita ser feita.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Alho: como comprar, conservar e consumir

 

O alho é uma hortaliça da família Aliácea e uma das mais antigas plantas cultivadas no mundo. Originário da Ásia Central, seu cultivo difundiu-se para a região do Mar Mediterrâneo em tempos pré-históricos. No Brasil, o alho chegou com s portugueses na época do descobrimento.

Pelos povos antigos, era considerada planta medicinal sendo até hoje usada contra gripes e resfriados. O alho destaca-se entre as hortaliças como fonte dos sais minerais potássio e zinco e as vitaminas B1 e B6.



Como comprar

O alho é um bulbo formado por um conjunto de bulbilhos. Popularmente,o bulbo é chamado de cabeça e os bulbilhos, de dentes. A casca pode ser branca ou roxa, mas os dentes são sempre de cor creme bem claro, tornando-se amarelados quando velhos.

Ao comprar, escolha bulbos firmes que se apresentem bem curados, ou seja, com a casca, a haste, a base e as raízes bem secas. A casca do alho bem curado solta-se com facilidade.

Evite bulbos com defeitos que comprometem a qualidade, tais como lho chocho, murcho, brotado, úmido e com sinais de mofos ou bolores e ataques de praga.

Alguns defeitos, como bulbo aberto, danos mecânicos leves em cicatrizados e base com rachadura, prejudicam a aparência sem inutilizar o alho para consumo.

Como conservar

Muito durável

O alho, em réstia ou com os bulbos soltos, mantém-se próprio para consumo por longo período de tempo em condição ambiente, desde que o local seja arejado, seco e escuro. Não se recomenda a conservação de alho com casca em geladeira.

Quando descascado, deve ser mantido em geladeira dentro de vasilha de vidro ou de plástico tampada.

Nessas condições, dura cerca de cinco dias. Também pode-se triturá-lo com sal, fazendo desta forma a pasta de alho, ou desidratá-lo após cortá-lo em fatias finas.

A pasta de alho e sal pode ser mantida em condição ambiente por várias semanas, mas quando se adiciona cebola é preciso mantê-la em geladeira.

O congelamento não é aconselhável porque ele prejudica a textura e o sabor do alho.

Como consumir

Em pasta, refogado ou seco

Há várias maneiras de descascar os dentes de alho. Com auxílio de uma faca, corte um pedaço pequeno das pontas e remova a casca ou pressione os dentes com o cabo da faca, esmagando-os levemente para em seguida remover a casca. Para facilitar o descascamento, podem-se deixar os dentes de molho em água até amaciar a casca.

O alho pode ser picado, ralado ou usado inteiro para temperar todo tipo de prato salgado. Adicionalmente, pode ser preparado em pastas para serem servidas com pães e em molhos de saladas.

Para realçar o sabor de tortas e pizzas, principalmente aquelas com chicória ou escarola, pegue cinco dentes de alho fatiados, acrescente uma colher (café) de sal e frite em duas colheres (de sopa) de óleo até dourar. Use para salpicar tortas ou pizzas antes de levá-las ao forno.

Ao refogá-lo, deve-se evitar o fogo alto, pois, se queimado, fica com sabor amargo.

Dicas

Para diminuir o sabor forte, divida o dente ao meio no sentido do comprimento e retire o miolo que fica bem no centro do alho.

O alho combina com vários outros temperos: salsa, açafrão, cebola, cebolinha, coentro, colorau, pimenta, orégano, manjericão. Em todas as combinações, é preciso dosar os temperos para evitar que o sabor do alho predomine sobre os demais.

Coloque dentes de alho descascados dentro de um vidro com azeite e deixe curtir em condição ambiente por alguns dias. Use o azeite para temperar saladas e o alho para temperar outros pratos.

Receitas


Batatas com alho

Ingredientes

• 500 g de batatas cozidas em água com sal

• 2 colheres (sopa) de manteiga

• 4 dentes de alho de alho picados em tamanho pequeno

• 4 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado

• Sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de fazer

1. Lave e descasque as batatas.

2. Cozinhe-as com sal até ficarem firmes, sem desmancharem.

3. Corte as batatas cozidas em rodelas.

4. Unte uma forma refratária com a manteiga e coloque as rodelas de batatas.

5. Derreta a manteiga, retire-a do fogo e acrescente o alho picado, a pimenta e o sal.

6. Derrame a manteiga temperada por cima das batatas.

7. Polvilhe o queijo e leve ao forno até dourar.

Tempo de preparo e cozimento: 30 minutos

Rendimento: 4 porções

Sugestão

v Sirva com carnes, peixe ou frango.

v O mesmo prato pode ser preparado com mandioquinha-salsa.

Pasta de alho com sal

Ingredientes

• 700 g de alho descascado

• 800 g de sal

• 250 mL de óleo de soja

Modo de fazer

1. Amasse bem o alho com máquina de moer carne, liquidificador ou pilão.

2. Transfira o alho esmagado para uma vasilha de plástico ou de vidro.

3. Adicione o sal e o óleo e misture até obter uma massa homogênea.

4. Coloque a pasta em frascos higienizados, tampe-os e mantenha-os em local fresco e escuro. Não é preciso manter em geladeira.

Tempo de preparo: 40 minutos

Rendimento: 1 kg

Sugestão

v Em vez de óleo de soja, pode-se usar azeite.


quinta-feira, 6 de julho de 2023

Alface: Como comprar, Como conservar, Como consumir

 

Originária da Europa e da Ásia, a alface pertence à família Asterácea, como a alcachofra, o almeirão e a chicória ou escarola. É conhecida desde 500 anos antes de Cristo.

Os teores de nutrientes variam um pouco entre os vários tipos de alface, mas todas fornecem vitaminas A, B1 e B2. A alface roxa destaca-se como fonte de fósforo, ferro e potássio; e a alface lisa, como fonte de potássio.

Juntamente com o tomate, é a hortaliça preferida para saladas por seu sabor agradável e refrescante e facilidade de preparo.

Como comprar

A alface pode ter a folha lisa ou crespa, mais ou menos recortada, com ou sem formação de cabeça. Dependendo da variedade, as folhas são de cor verde, vermelho-escuro, roxo ou verde com manchas roxas. Entre as variedades disponíveis no mercado encontram-se os tipos: lisa, crespa, mimosa, americana, romana e frisée. A alface tipo americana possui as folhas crocantes e forma cabeça arredondada, enquanto a alface romana possui folhas crocantes com nervuras bem salientes e forma cabeça alongada.

Quaisquer das alfaces citadas podem ser cultivadas no solo ou em solução nutritiva (mistura de água e nutrientes). A alface cultivada em solução nutritiva é chamada alface hidropônica.

As folhas de alface devem apresentar aspecto de produto fresco, ou seja, devem ser brilhantes, firmes, sem áreas escuras. Escolha a alface com cuidado pelo seu aspecto, sem amassá-la ou quebrar as folhas.

Em respeito aos outros consumidores, deve-se evitar pegar em todas as unidades expostas na banca.

Quando já picada e embalada ou em saladas prontas, a alface deve obrigatoriamente ser mantida em gôndolas refrigeradas.

Como conservar

Consuma em até 4 dias

A alface é uma das hortaliças que se estragam rapidamente. Fora da geladeira, deve ser mantida com a parte de baixo dentro de uma vasilha com água em local bem fresco, por até um dia. Quando conservada em geladeira, deve ser mantida em saco de plástico ou em uma vasilha de plástico tampada, retirando-se as folhas de acordo com a necessidade, por três dias a quatro dias. Se preferir guardá-la lavada, destaque as folhas, lave-as cuidadosamente, escorra o excesso de água e coloqueas em vasilha de plástico tampada. Quando já picada, deve ser mantida na embalagem original ou em vasilha de plástico tampada. A alface de hidroponia deve ser conservada com as raízes; assim durará por mais tempo.

A alface não tolera congelamento.

Como consumir

A mais tradicional forma de consumir alface é como salada, de preferência combinando alfaces de diferentes cores e texturas, acompanhadas ou não de hortaliças de sabor mais intenso, como rúcula e agrião.

Uma salada bem temperada também pode ser usada no recheio de sanduíches ou misturada a macarrão para obter uma refeição completa, com ou sem adição deingrediente de origem animal, como carne ou frango desfiado, atum, sardinha ou ovos cozidos.

Mas a alface também pode ser cozida, usada em outros tipos de preparo, como gratinados, risotos e refogados.

Nesse caso, dê preferência a variedades de folhas mais grossas e resistentes ao calor, como a alface romana.

Quando for consumi-la crua, devem-se lavar as folhas uma por uma em água corrente e depois deixá-las de molho em solução de sanitizantes à base de cloro próprios para hortaliças. Em seguida, as folhas devem ser enxaguadas com água filtrada.

Dicas

Corte a alface romana em duas ou quatro partes no sentido longitudinal, unte as folhas externas com azeite e grelhe-as na churrasqueira até que comecem a murchar. Sirva como acompanhamento.

Preferencialmente, sirva a alface separada do molho da salada, porque assim as sobras de alface poderão ser guardadas e usadas em outros pratos.


RECEITAS

Trouxinha de alface

Ingredientes

• 4 folhas de alface grandes lavadas

• 1 xícara (chá) de arroz cozido

• 1 xícara (chá) de carne moída temperada e refogada

• 1 xícara (chá) de milho cozido (ou palmito, ou ervilha)

• 1 colher (sopa) de azeitonas picadas

• 2 colheres de margarina

Modo de fazer

1. Misture o arroz, a carne moída e as azeitonas. Reserve.

2. Coloque a margarina numa frigideira, leve ao fogo e deixe derreter. Tire a frigideira do fogo, passe uma por uma as folhas de alface na margarina simplesmente para murchá-las levemente.

Cuidado para não deixar a alface por muito tempo na frigideira quente, pois murchará demais.

3. Abra cada folha de alface e coloque o recheio, junte as pontas da folha e prenda com palito de dente.

Tempo de preparo e cozimento: 20 minutos

Rendimento: 4 porções

Sugestão Sirva acompanhada de arroz.

Molho para salada de alface

Ingredientes

• 4 dentes de alho amassados

• 1 xícara (café) de vinagre

• Suco de 1 limão

• 1 colher (sopa) de azeite de oliva

• 1 colher (sopa) de mostarda em pasta

• Sal e orégano a gosto.

Modo de fazer

1. Misturar todos os ingredientes e servir.

Tempo de preparo: 20 minutos

Rendimento: 1 xícara

Sugestão Pode-se usar vinagre de vinho ou de maçã.



sábado, 13 de maio de 2023

Cultura do Morango

 

A Embrapa Uva e Vinho, em cumprimento de sua missão institucional e em consonância com as ações de transferência tecnológica da Empresa, vem disponibilizando, desde 2003, informações sistematizadas e atualizadas sobre produtos e processos relativos à cadeia produtiva da uva, do vinho e das frutas de clima temperado. Estas informações, denominadas de Sistemas de Produção, têm por objetivo facilitar o acesso do usuário às orientações técnicas que a Embrapa produz, organiza, valida e oferece para que produtores, técnicos, industriais e comerciantes obtenham a máxima qualidade e rentabilidade de sua atividade produtiva.

Reconhecidamente uma das espécies de maior sensibilidade a pragas e doenças, o morango é altamente exigente em práticas culturais desde o plantio até a pós-colheita. Esta sensibilidade faz com que produtores apliquem agroquímicos de forma muito intensa, frequentemente sem os necessários critérios técnicos. Estas atitudes, embora possam permitir obter frutas de boa aparência, podem limitar o mercado pela presença de resíduos, além dos danos ao ambiente e a saúde do produtor e do consumidor. Desta forma, surgem opções de sistemas alternativos de produção, como é o caso do sistema semi-hidropônico e a produção orgânica. É, portanto, uma alternativa importante de diversificação na propriedade, para a qual devem-se seguir estritamente as orientações técnicas com o intuito de obter-se um produto de qualidade e em acordo com a legislação vigente, bem como atendendo aos requisitos de um mercado sempre mais exigente.

A definição do estado da arte do Sistema de Produção de Morangos Semi-Hidropônicos é resultante de uma parceria muito efetiva entre pesquisadores, técnicos e produtores. Por esta razão, manifestamos nossos agradecimentos ao Sr. José Pasa, pelo fornecimento das mudas para a execução dos experimentos e aos Srs. Arlindo Calgaro, Mário Calvino Palombini e Gelso Colombo, pelo apoio na elaboração e execução das pesquisas para aprimoramento do presente sistema de produção.

Estamos certos de que, ao serem apresentadas estas orientações técnicas, produtores experientes podem aprimorar seu sistema de produção. Por outro lado, novos produtores poderão ingressar na atividade com um suporte técnico que possibilitará avançar com maior rapidez na busca de um produto de alto padrão de qualidade.

O morangueiro é uma planta herbácea estolonífera, perene, com caule semi-subterrâneo, conhecido como coroa (caule modificado). A coroa apresenta um tecido condutor periférico em espiral nos dois sentidos unido às folhas. A medula é proeminente e muito suscetível às geadas. Na medida que a coroa envelhece pode originar de 8 a 10 novas coroas laterais.

As folhas se originam da coroa de forma helicoidal com forma e cor variando conforme a cultivar. Em geral, são trifoliadas com um par de estípulas triangulares na base, às vezes, apresentam um par de pequenos folíolos abaixo dos normais. Os folíolos são dentados, de cor verde escuro na face superior e acinzentada e pilosa na face inferior. As folhas têm 300 a 400 estômatos/mm², um número bem maior que os de outras culturas, como por exemplo, da macieira, que possui 246 estômatos/mm². Esta característica faz com que a cultura seja muito sensível à falta de água, baixa umidade relativa, alta temperatura e intensidade e duração da luz.

O morangueiro possui estolões ou caules que se desenvolvem a partir das gemas basais das folhas, crescem sobre a superfície do solo e têm a capacidade de emitir raízes e dar origem a novas plantas.

O pedúnculo floral é ereto, curvando-se após a polinização.

As flores são hermafroditas e hemicíclicas. O cálice é formado por brácteas unidas na base. As pétalas são livres, lobuladas, brancas ou avermelhadas, dispostas ao redor do receptáculo proeminente o qual, após a fecundação dos pistilos, se transforma no "morango". Desta forma, os "morangos" são frutos falsos, sobre os quais se encontram os aquênios, que são os frutos verdadeiros. Os estames, em número superior a 20 são numerosos e estão localizados ao redor do receptáculo. Os estames possuem filamentos longos ou curtos, que podem apresentar anteras férteis ou estéreis. Os pistilos são numerosos (entre 200 e 400), têm ovário com um só óvulo e dispostos em forma de espiral.

As raízes originam-se das coroas na forma de um sistema fasciculado, crescem principalmente nas épocas de dias curtos (<12 horas de luz), no outono e no início do inverno, sendo, neste caso, necessário utilizar cobertura plástica para elevar a temperatura do solo, condição que favorece o crescimento radicular.

A cultura responde de forma diferente às combinações de temperatura e de comprimento do dia. Assim, a formação de estolões e o desenvolvimento de folhas são favorecidos sob condições de dias longos e temperatura elevada. A indução floral ocorre com temperatura baixa e dias curtos e a frutificação, em dias longos e temperaturas amenas.

O morangueiro é cultivado, no Brasil, em várias formas: no solo, com ou sem cobertura plástica, em túneis baixos ou em estufas, ou no sistema hidropônico, com ou sem substrato. O sistema hidropônico conduzido em substrato é conhecido no país como semi-hidropônico.

A cultura é desenvolvida, em grande parte, por agricultores familiares que possuem áreas de cultivo pequenas. Visto que, para estabelecer culturas sucessivas é recomendado fazer rotação de culturas, para evitar o aumento da incidência de podridões de raízes e do colo por fungos, e pela crescente conscientização do produtor em relação ao risco do uso de agrotóxicos, os produtores de morango têm procurado novas maneiras para dar continuidade às suas atividades.

Uma alternativa para contornar esse problema é produzir morangos em ambiente protegido onde é limitado o ataque de pragas e doenças da parte aérea. Neste caso, o morango é produzido em substrato artificial sem contaminação por fungos fitopatogênicos e com fertirrigação (sistema semi-hidropônico). Esta alternativa é de grande importância para os produtores, pois assegura a rentabilidade da atividade reduzindo a demanda de agrotóxicos na cultura. O cultivo protegido também evita a ocorrência de chuvas, geadas e, em locais com invernos mais rigorosos, da neve, sobre as plantas.




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