a cultura do aipo(salsão)
(apium graviolens)
1 - INTRODUÇÃO
O aipo ou salsão, é uma das hortaliças mais cultivadas nos países de clima temperado. No Brasil, o seu consumo ainda é restrito, sendo o estado de São Paulo o maior produtor e consumidor.
Consumido por uma faixa da população de maior poder aquisitivo, em forma de maionese e salada quando fresco e, em forma de sopa ou creme quando industrializado. Esta hortaliça tem despertado o interesse dos agricultores situados nos municípios próximos a capital paulista, já que estas regiões são favorecidas pelas condições climáticas adequadas a cultura.
2 - EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS E ÉPOCA DE PLANTIO
O aipo é uma cultura adaptada as condições de outono - inverno, sendo a temperatura o fator climático de maior importância. A faixa ideal de temperatura para a cultura esta entre 15º a 20 ºC. Temperaturas mais elevadas reduzem o ciclo vegetativo e temperaturas abaixo de 12ºC por um período superior a seis dias diminuem o crescimento, podendo induzir o florescimento causando prejuízo comercial.
A região Sudeste apresenta condições climáticas adequadas para a cultura, visto que nos meses de março a maio indicados para plantio a temperatura é mais amena, e a umidade do ar é mais baixa, ocasionando uma menor incidência de doenças.
3 - CULTIVARES
Existem muitas cultivares de aipo, a maioria importada, as quais diferem entre si pelo aspecto da planta, coloração da folhagem , dimensão e coloração do pecíolo. As cultivares de pecíolo branco ou amarelo são preferidas para consumo fresco, e as de pecíolo verde, para a industrialização, relacionando-se as seguintes cultivares:
3.1- GIGANTE DE PÁSCOA: Possui aproximadamente 30 cm de altura, folhagem verde-escuro e caules tenros. Por se tratar de uma cultivar em que o pecíolo é pouco desenvolvido, se torna necessário promover o estiolamento da planta.
3.2- CHEIO DOURADO: Plantas com altura média de 35cm, recebeu este nome em função da folhagem intensa e de coloração verde-amarelada.
3.3- UTAH: Apresenta um porte médio, com 30cm de altura e 40cm de largura. Possui folhagem de coloração verde e regularmente clara. As plantas quando no ponto de consumo, pesam em média de 350 - 500g.
3.4 CORNELL 619: Plantas de porte elevado com cerca de 45cm de altura e folhagem verde-escuro. Apresenta caules arredondados -alongados, tenros e de coloração naturalmente clara.
4 - SOLO, CALAGEM E ADUBAÇÃO
Deve-se dar preferência aos solos areno-argilosos, profundos, ricos em matéria orgânica e bem drenados. Solos de textura muito pesada dificultam o desenvolvimento do sistema radicular, além de prejudicar a prática da amontoa, muitas vezes necessária para promover o estiolamento da planta.
Por ser uma cultura bastante cultivada em estufas, deve-se evitar os solos mais propícios ao problema de salinização e possuir água de irrigação de qualidade. Devido a sua intolerância à acidez e elevada exigência em cálcio e magnésio a calagem se torna indispensável na maioria dos casos, sendo necessário elevar o pH para uma faixa entre 6,0 e 7,0. Após 25 dias do transplantio o desenvolvimento da planta é bastante rápido, sendo a marcha de absorção de nutrientes elevada, o que mostra a necessidade de manter a fertilidade do solo em bom nível, durante todo o ciclo da cultura.
Um dos macroelementos mais exigidos pelo aipo é o potássio, causando a sua deficiência o retardamento no crescimento da planta. Entre os microelementos o boro merece uma atenção especial, causando a sua carência rachaduras de coloração castanha nos pecíolos e escurecimento dos bordos do limbo foliar.
Num solo de média fertilidade são indicados no plantio as seguintes quantidades de nutrientes em kg/ha: N - 30, P2O5 – 200 - 350, K2O – 100 - 150, Mg - 40 e 40 de bórax. Também pode-se suprir a alta exigência de B desta cultura por via foliar, com três pulverizações com solução de bórax na proporção de 60g/100 litros de água. Em cobertura, aplicam-se 120Kg/há de N e 60Kg/há de K2O parcelando-se em duas vezes, aos 20 e aos 40 dias após o transplantio.
5 - SISTEMA DE PLANTIO
O plantio do aipo é feito por semeadura em bandejas ou sementeiras e posterior transplantio. O processo de semeadura é bastante simples, devendo-se para isso, possuir uma sementeira com boas condições para o desenvolvimento da muda. Devido ao fato de a semente de aipo ser muito pequena o solo da sementeira deve estar livre de torrões para proporcionar uma germinação uniforme da muda. Os canteiros devem possuir 1,20 de largura e um comprimento máximo de 20,0m para facilitar os tratos culturais.
A distribuição das sementes em sementeiras é feita em sulcos distanciados de 10 a 15cm a uma profundidade de 0,5cm. Gastam-se de 60-80g de sementes para produzir mudas para o plantio de 1 há. Quando se utiliza bandejas semear 1 – 2 sementes por célula. No caso de sementes peletizadas apenas uma semente por célula. O transplantio ocorre entre 50 a 70 dias quando as mudas se apresentam com 10 a 15 cm de altura e 4 a 5 folhas definitivas.
O espaçamento para transplantio varia em função do objetivo de mercado que a planta se destina. Para o consumo na forma de salada o espaçamento é maior para promover o estiolamento, sendo de 50 a 60 cm entre linhas e 25 a 30 entre plantas. Caso o produto se destine a agroindustria o estiolamento é desnecessário, sendo o espaçamento reduzido para 30 a 40cm entre linhas e 20 a 25 entre plantas.
6 - TRATOS CULTURAIS
O aipo ou salsão é uma cultura de ciclo relativamente longo quando comparado com as outras hortaliças ( 4 meses após o transplantio). Dentro desse contexto o suprimento constante de água deve iniciar logo após o transplantio a fim de reduzir o choque causado por esta operação. O nível de água no solo deve ser médio, devendo-se evitar o encharcamento. Apesar de o ciclo longo, o aipo apresenta um crescimento inicial rápido. A manutenção da cultura livre da competição de plantas daninhas é de fundamental importância para o bom desenvolvimento da mesma. É importante manter a cultura livre de competição de plantas no primeiro mês após o transplantio, visto que após esse período o aipo cobre rapidamente a superfície do solo dificultando o surgimento e desenvolvimento de plantas invasoras.
Caso a cultivar apresente as folhas muito abertas, permitindo a passagem de luz, os pecíolos ficarão esverdeados devido a ação da fotossíntesse. Neste caso, se a comercialização é melhor para o aipo branco, deve-se fazer o estiolamento, fechando as folhas e amarrando-se por 10 a 15 dias antes da colheita.
7 - pragas e doenças
Dentre as pragas que atacam a cultura do aipo se destacam os ácaros, minador das folhas e pulgão, sendo este último de maior importância, pois além de causar um dano direto à planta é transmissor do vírus do mosaico do aipo. O controle dessas pragas deve ser feito através de métodos culturais, tais como: manter a cultura no limpo até trinta dias e irrigação por aspersão visto que o uso de inseticidas reduz a população de inimigos naturais, além de serem muito poucos os registrados para a cultura.
As principais doenças que atacam o aipo, são aquelas comuns as apiáceas (umbelíferas) em geral. Dentre as doenças de folhas destacam-se a Septoria apii, Alternaria sp., Cercospora apii, que são facilmente controladas com a aplicação alternada de fungicidas à base de mancozeb, captafol e similares. As moléstias causadas por Fusarium oxysporium, Rhizoctonia solani ou R. alba, Sclerotinia sclerotiorum e nematóides principalmente do gênero Meloidogyne são menos freqüentes, porém em áreas onde se realiza cultivos sucessivos podem ocorrer com maiores intensidades, sendo aconselhável o uso de rotação de cultura.
8 - COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO
Aos 150 - 180 dias após a semeadura as plantas estarão em ponto de colheita, sendo então desamarradas e cortadas no disco de raízes 3 a 5cm abaixo do colo, de modo a manter os pecíolos presos. O corte deve ser feito nas horas de temperaturas mais amenas do dia, e a manipulação em ambiente fresco e úmido, para que a planta não entre em processo de murchamento.
O preparo do produto para comercialização consiste, na lavagem da planta e amarrio dos maços, cujo o número varia de acordo com usos e costumes do mercado. No CEAGESP, ponto de maior comercialização do produto é comum a venda em caixas do tipo "K" contendo de 15 a 18Kg.