COMO PLANTAR ALCACHOFRA
Foto 1: Alcachofra 'Roxa de São Roque', a mais plantada no Brasil
# Introdução
A alcachofra (Cynara scolymus L.) é uma hortaliça herbácea , perene, pertencente à família Compositae ou modernamente Asteraceae. De acordo com Vavilov a espécie surgiu na região central do Mediterrâneo. Adaptada a clima ameno, não tolera frio intenso e encharcamento do solo. É cultivada, principalmente, em regiões serranas ( altitude superior a 700 metros), com verão ameno e inverno com geadas fracas. Em local quente e seco, ocorre a abertura precoce do botão, que prejudica a qualidade da porção comestível.
# Importância
As partes comerciáveis são as inflorescências, vulgarmente chamadas botões, utilizadas para consumo in natura. A parte interna do talo pode ser consumida como palmito, sendo muito apreciada pelas cozinhas italiana e francesa. A alcachofra é considerada planta medicinal, tendo efeitos benéficos nas atividades gastrointestinais e do coração, auxiliando ainda o fígado na sua ação neutralizante de toxinas presentes no organismo. Também pode ser usada na extração da cinarina das folhas, um diurético. Além de apresentar baixas calorias, é rica em vitaminas e minerais. Na Itália é também usada na fabricação de um licor, popular e bastante amargo.
Segundo dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), citados por GRAIFENBERG (1987), a cultura ocupa, no mundo, uma área de 114000 ha, com produção de 1070000 t. Cerca de 90% desta área se encontram na região do Mediterrâneo e o restante nos Estados Unidos (6000 ha). Neste último continente, a maior área está na Argentina (4000 ha). A Itália, com 52000 ha, é o país onde a espécie é mais amplamente cultivada, seguida da Espanha com 23000 ha, França com 15000 ha e Marrocos com 5000 ha.
No Brasil, seu cultivo é ainda recente, ocupando pequenas áreas nos Estados de São Paulo ( em municípios próximos à capital), do Paraná e do Rio Grande do Sul (na região norte).
# Cultivo
Existem várias cultivares tais como Roxa Comprida, Roxa Romana, Verde Redonda, mas no Brasil a cultivar mais plantada é a Roxa de São Roque (foto 1).
Não se recomenda fazer a propagação por sementes, pois nem sempre se reproduzem as características desejáveis da planta mãe, podendo-se originar plantas espinhosas, que não produzem botões comerciáveis. O processo mais usado é o de reprodução por mudas, mas é necessário tomar alguns cuidados na hora de adquiri-las. As mudas devem medir entre 20 e 30 centímetros de comprimento, possuir raízes finas e não ter ferimentos. Devem, ainda, apresentar uma parte da planta mãe, na qual estavam aderidas antes de virar mudas (Foto 2). As folhas devem ser aparadas um pouco acima do broto central (foto 3). São necessárias entre 5000 e 6000 mudas por hectare, para plantio em espaçamento variando entre 2.0 e 2.5 metros entre as linhas e 1.0 e 1.5 metro entre covas .
Plantio no campo em espaçamento 2,00 m x 1,00 m ou 2,00 x 1,50 m
Mudas são enterradas até o ponto de inserção das folhas
Após o preparo convencional, os sulcos de plantio são feitos, de preferência em nível. Se o solo estiver seco, deve-se irrigá-lo antes de plantar. As mudas são enterradas somente até o ponto de inserção das folhas (foto 5). É recomendável cobrir o solo com cobertura morta, sem pragas, ao redor da muda a fim de mantê-lo mais fresco. A melhor época de plantio das mudas é de março a maio. Seu ciclo varia de 180 a 210 dias.
Em condições normais de cultivo, a colheita é feita no mês de outubro. Nessa época, há o maior volume de produção e, conseqüentemente, queda dos preços. Para antecipar a colheita muitos produtores têm feito uso de hormônios vegetais, como a giberelina, por exemplo. Com sua aplicação, a produtividade é menor, mas os preços são mais compensadores.
A alcachofra é bastante exigente quando se trata de solo. Só produz bem em solos férteis, profundos e bem drenados. Deve haver água em abundância para irrigar a lavoura. Antes do plantio é necessário que se faça a análise do solo para determinar a adubação e a calagem corretas. A alcachofra produz melhor em terras com pH entre 5.5 e 6.5. Além dos nutrientes básicos (NPK), necessita de cálcio, magnésio e boro, não dispensando a adubação orgânica.
Adubação: Plantio
40 a 50 t/ha de esterco de curral curtido ou 10 a 13 t/ha de esterco de galinha
N = 40 kg/ha
P2O5 = 400 kg/ha
K2O = 160 kg/ja
B = 1 a 2 kg/ha
* Conforme análise de solo, pelo menos 15 dias antes do transplante das mudas
Adubação: Cobertura
N = 50 a 100 kg/ha, dividindo-se em 2 aplicações, aos 30 e 60 dias após o transplante das mudas.
Em solos pobres em potássio, aplicar 50 kg/ha de K2O.
# Principais Pragas e Doenças
-Pragas: Broca de Ramo; Caracóis; Cochonilha da Raiz; Lagarta Rosca; Nematóides de Galhas e Pulgões.
- Doenças: Bacteriose; Viroses; Antracnose; Fumagina; Mancha de Alternaria e Oídio.
# Tratos Culturais
Capinas; desbrotas; irrigação; poda após final da colheita; ensacamento dos botões com sacos de papel (foto 6), para preservar assim a sua cor roxa característica, que assegura melhor preço no mercado.
Botões florais são ensacados com sacos de papel.
A alcachofra é comercializada no atacado em caixas tipo K.
# Colheita
A colheita é feita manualmente, cortando-se a haste com 20 a 30 cm de comprimento. O ponto de colheita é quando os botões apresentarem as brácteas aderentes carnosas.
Após a colheita, as alcachofras são levadas para um galpão, classificadas por tamanho e embaladas.
# Produtividade
Uma lavoura normal apresenta uma produtividade média de 25000 botões por hectare, que equivale a 1000 caixas.
# Comercialização
A comercialização é feita em caixas de madeira tipo K (10 a 20 kg)
A alcachofra é uma planta perene. Após completar seu ciclo vegetativo, perde a parte aérea - folhas e caule -, permanecendo viva somente a parte subterrânea. Com a morte da parte aérea, surgem novas brotações do colo da planta. Durante o desenvolvimento dos brotos, deve-se escolher o mais vigoroso que será então reservado como reprodutor de novos botões. Os brotos eliminados são geralmente empregados como mudas em novas plantações. A propagação da cultura pode ser feita por sementes, mas este não é um método recomendado, pois não assegura a manutenção das características desejáveis da cultura. A melhor época para plantar as mudas é entre março e maio.
A cultura de alcachofras é capaz de adaptar-se em uma grande variedade de solos, mas as maiores produtividades são obtidas em solos profundos, férteis (com elevados teores de matéria orgânica), bem drenados e de textura argilo-arenosa. O pH ideal fica entre 5,7 e 6,8. Utiliza-se espaçamento de 150 por 120 centímetros, em covas ou em sulcos. Por ser uma planta perene, a adubação organomineral deve ser farta e equilibrada. A adubação orgânica também não deve faltar, devido a seu efeito condicionador de solo.
Os tratos culturais necessários são irrigações semanais, que podem ser aumentadas em épocas de estiagem. As adubações de cobertura devem ser feitas a cada 30 dias, além de controle fitossanitário adequado para caramujos, percevejos, lesmas e outros insetos da terra. Como é uma planta rústica, não apresenta muitos problemas com doenças.
Os botões são cobertos por brácteas membranosas e são encerrados num receptáculo carnoso e achatado. As partes comestíveis são a porção tenra das brácteas e o receptáculo da inflorescência. A forma mais comum de preparar a alcachofra é cozinhá-la em água e sal, podendo ser acompanhada de manteiga e outros diversos molhos. O cobiçado fundo da alcachofra pode ser utilizado no preparo de diversos pratos. A alcachofra deve ser consumida logo após o preparo, para que suas propriedades medicinais e nutricionais sejam mais bem aproveitadas.A parte comestível da planta é a inflorescência (botão) ainda verde. No início da safra, em agosto e setembro, as alcachofras possuem um tamanho bem desenvolvido. À medida que a colheita é estendida, seu tamanho vai diminuindo. Isso porque na primeira colheita apenas uma inflorescência é desenvolvida no ápice do caule; assim que ela é colhida, surgem mais duas ou três, com um tamanho bem menor do que a primeira, e, após a colheita destas, outras começam a brotar. Cada planta produz até o final da safra (dezembro/janeiro) cerca de oito botões, totalizando uma produção em torno de 1.500 caixas /hectare/ano.