Aspargo fresco (Asparagus officinalis L.)
O aspargo é uma planta perene, dióica, que produz ápices caulinares tenros, que podem começar a ser colhidos a partir do segundo ano após o plantio da mudas ou da semeadura. A colheita do aspargo consiste no corte dos turiões que se formam à custa das reservas acumuladas nas durante a fase de vegetação. A colheita pode ser feita a mão ou com uma ferramenta chamada colhedor de aspargo (Camargo, 1958). A colheita do aspargo deve ser feita pela manhã. Os turiões precisam ser colhidos no ponto, antes que o ápice comece a se abrir e formar as folhas. Os turiões devem ser lisos e eretos. Turiões tortos, muito finos ou sem a ponta são considerados defeituosos. Durante a colheita os turiões são colocados em uma cesta presa à cintura, transferidos para uma embalagem de campo e depois transportados para a casa de embalagem.
O aspargo produz por cerca de dez anos, cada ano a colheita ocorre durante períodos de 20 a 60 dias. Os turiões são colhidos com 18 a 25 cm de comprimento. Quando os turiões começam a ficar finos a colheita precisa ser paralisada, para que não ocorra a exaustão das reservas do rizoma e do sistema radicular, o que pode causar a morte da planta. O aspargo é um produto muito perecível, frágil e extremamente sensível à desidratação. Dada a sua perecibilidade tem sido mais comum a sua comercialização como produto processado. Contudo, há demanda de aspargo fresco, principalmente em países de clima temperado, por consumidores de alto poder aquisitivo. Em países tropicais com técnicas agronômicas apropriadas o aspargo pode ser produzido durante o ano inteiro, seja para atender o mercado interno, seja para exportação.
Estes turiões em crescimento ativo possuem alta taxa de respiração e sensibilidade geotrópica. Por seu crescimento e resposta geotrópica e fototrópica o aspargo costuma ficar torto se for transportado e comercializados na posição horizontal. A inibição do crescimento do aspargo é possível com o uso doses de 50 a 100 Gy radiação gama, no entanto, tem se considerado o investimento necessário para esta aplicação muito elevado para que tenha uso prático. Sabe-se também que o tratamento dos turiões a 47,5oC por 5 minutos inibe a resposta geotrópica.
Este tratamento térmico, no entanto, deve ser rapidamente seguido de resfriamento. A solução prática que se tem utilizado para diminuir os problemas associados ao crescimento dos turiões é utilizar refrigeração para diminuir a velocidade do processo e coloca-los em pé no transporte e na comercialização para que não venham a ficar tortos.
O aspargo precisa ser manuseado com cuidado. Na casa de embalagem deve ser pré-resfriado por hidroresfriamento ou com ar forçado no máximo até 4 horas após a colheita. No hidroresfiamento o tempo de meio resfriamento é de 1,5 min e com ar forçado é de 1,5h e a temperatura deve ser reduzida até cerca de 1,0oC. O aspargo é sensível a injúria de impacto e os turiões com ápice ferido apodrecem mais após a lavação (Lallu et al., 2000). A lavação e o hidroresfriamento podem ser um processo único. Na lavação deve ser utilizado hipoclorito de sódio 100mg/litro em pH ao redor de 7,0. Esta concentração e pH devem ser ajustados varias vezes por dia com o emprego de um "kit" para análise de água.
Deve ser mantido em temperaturas acima do ponto de congelamento (-0,6 °C) e próximas a 0 °C sob umidade relativa elevada (>98%) e ser rapidamente comercializado e consumido. Sob estas condições o aspargo tem uma vida útil da ordem de dez dias. A temperatura é muito importante e neste sentido Itoh et al. (1994) evidenciaram que reduzindo a temperatura de armazenamento para -0,5oC dentro de embalagem plástica a vida útil do aspargo pode ser aumentada para 30 dias.
O aspargo pode perder mais de 2% de sua massa de água por transpiração durante um dia sob umidade relativa de 60% e temperatura de 20oC.
A embalagem do aspargo em filme plástico ou aspersão freqüente com pequenas quantidades de água podem ser utilizados para manter o frescor e a turgidez. A maior perda de água tolerável é da ordem de 8,0%.
Durante armazenamento mais prolongado ocorre o desenvolvimento indesejável de fibras. O endurecimento das fibras no centro do turião durante o manuseio e a comercialização do caule é causado pela lignificação das paredes celulares. Este endurecimento das fibras é acelerado quando os turiões sofrem injúrias mecânicas ou quando eles são expostos ao etileno ou a temperaturas mais elevadas. Adicionalmente, dependendo da cultivar, pode ocorrer um escurecimento dos 3cm apicais causado pela síntese de antocianinas, que também é aumentado se a temperatura de armazenamento for elevada. O aspargo verde tende a ter mais sólidos solúveis, enquanto o aspargo branco é mais susceptível ao endurecimento. A exposição dos turiões a luz causa esverdecimento e fototropismo, porém diminui a lignificação das fibras.
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