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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Manejo integrado de Pragas da Batata Doce



A batata-doce se destaca entre as hortaliças pela rusticidade e tolerância ao ataque de pragas. Esta característica favorece o uso de técnicas de manejo integrado, podendo ser este um fator importante para reverter a tendência de declínio da cultura, pois a maior depreciação do produto se deve à presença de danos causados por pragas, principalmente as que formam galerias e orifícios nas raízes.
Fatores que favorecem ou que justificam a utilização de técnicas de manejo de pragas para a cultura da batata-doce.

Resistência da planta

A batata-doce é reconhecidamente resistente a pragas, exercendo o efeito de antibiose, por meio da produção de fitoalexinas, látex e terpenoides, e possuindo grande capacidade de compensação, cicatrizando feridas, repondo fartamente as áreas atacadas e produzindo tecido vascular secundário quando a medula da haste é danificada. Por isso, embora seja hospedeira de diversas espécies fitófagas, são poucas as pragas capazes de causar danos severos. Além disso, boa parte destes danos são apenas de efeito cosmético, por serem ferimentos ou galerias superficiais, que não reduzem a proporção de aproveitamento do produto.

Fisiologia da planta

A batata-doce possui hábito de crescimento indeterminado, ciclo perene, e tuberização contínua, ocorrendo a morte natural da planta somente na ocorrência de fatores climáticos muito severos, tais como geada e seca muito prolongada. Estas características permitem efetuar a colheita durante um período maior de tempo, o que permite ao produtor antecipar a colheita ou prolongar o ciclo cultural mediante uma avaliação do estado fitossanitário da lavoura.

Adaptabilidade e dispersão da espécie

A batata-doce se adapta a uma ampla condição de clima e de solo, sendo encontrada como planta voluntária em todas as regiões brasileiras, em qualquer época do ano, formando fontes permanentes de inóculos.
Especificidade das pragas
São relativamente poucas as pragas e os patógenos que causam danos severos à cultura, sendo que as principais pragas que são Broca-da-raiz e Broca-do-caule e a principal doença, Mal-do-pé, não atacam as maioria das plantas hortícolas.

Produção subterrânea

A parte comercial são raízes tuberosas, que são sujeitas tanto ao ataque de pragas específicas, que realmente se alimentam dos tecidos do vegetal, quanto de pragas ocasionais que danificam as raízes apenas no momento da prova, ou seja, na busca por alimento, as larvas dos insetos fazem incisões de prova e, mesmo que não prossiga alimentando do tecido vegetal estas feridas se ampliam à medida que ocorre o crescimento lateral da raiz. Nesse aspecto, quanto mais precoce a infestação, maior a extensão do dano, além de maior oportunidade de produção de novas gerações da praga.

Reprodução assexuada

Os tecidos vegetais utilizados para a propagação vegetativa, que são as raízes de reserva e segmentos do caule, mais conhecidos como ramas ou ramas-semente, são eficientes fontes primárias de disseminação de fungos bactérias, vírus, nematóides e de pragas, nas diversas formas de disseminação. Isso ocorre mais facilmente em órgãos de reprodução vegetativa pelas seguintes causas:

a) porque estes tecidos se formam enterrados ou relativamente próximo ao solo, sendo portando facilmente contaminados por patógenos e pragas contidas no mesmo; 
b) são estruturas tenras suculentas e nutritivas, que se formam durante todo o ciclo da cultura, ocorrendo portanto grande oportunidade de se contaminarem; 
c) não se formam dentro de estruturas de proteção e não possuem estruturas de “filtragem” de vírus, como é o caso das sementes botânicas.
Habitats protegidos

As pragas principais, que são as brocas, cavam galerias onde se protegem dos inimigos naturais, da ação dos entomopatógenos e dos inseticidas.

Práticas culturais que favorecem o manejo de pragas

Utilização de material de propagação isento de pragas
Para obtenção de material sadio deve-se conduzir plantas matrizes em viveiros, sendo que as matrizes devem ser obtidas por meio de cultura de meristema e reproduzidas em ambiente protegido, garantindo-se a ausência de vírus e de todos os inóculos de pragas e patógenos (DUSI; SILVA, 1991). Caso este material não seja disponível, as ramas-semente devem ser retiradas de uma cultura sadia e bem conduzida.

Tratamento de ramas
A utilização de inseticidas e fungicidas, além de eliminar inóculos infestantes, protege os ferimentos feitos quando se realiza a segmentação das ramas.

Escolha da área
Solos arenosos férteis, sem presença de alumínio tóxico, com índice de acidez acima de pH 4,5, área que não tenha sido cultivada com batata-doce nos dois anos anteriores, e sem histórico de ocorrência de pragas severas, doenças fúngicas ou bacterianas e nematóides, são critérios que favorecem o crescimento rápido da planta e portanto a obtenção de raízes em menor tempo evitando que o nível de dano seja elevado.

Isolamento da cultura
O isolamento de plantio quando se fazem cultivos seqüenciais é uma prática que evita a contaminação entre os cultivos. Não existe um parâmetro para essa indicação, mas acredita-se que uma barreira viva de pelo menos 50m deve ser útil para evitar o trânsito de pragas entre as lavouras.

Preparo do solo
O revolvimento do solo promove o esmagamento de larvas, promove sua exposição ao sol e ao ataque por pássaros, destrói abrigos e fontes de alimentos como as plantas hospedeiras.

Adubação, correção da acidez, irrigação e capinas
Estas práticas favorecem o desenvolvimento rápido das plantas, antecipando o ciclo e reduzindo o nível de danos.
Restabelecimento das leiras
Ao reformar as leiras, fecham-se as rachaduras do solo, que se formam em função do crescimento lateral das raízes tuberosas. Isso evita o acesso dos insetos diretamente nas batatas, o que aumenta o nível de dano.

Antecipação da colheita
Ao atingir cerca de 300 g as raízes devem ser colhidas. Entretanto, a colheita pode ser antecipada se houver perspectiva de dano significativo. Isso é possível porque a batata-doce não apresenta um ponto de maturação, permitindo antecipar ou prorrogar o momento da colheita.

Destruição de soqueira
Após a colheita, as sementes botânicas, os restos de caule e pedaços de raiz geram inúmeras plantas voluntárias que se constituem fontes de inóculos e de manutenção da população de pragas. Essas plantas devem ser destruídas com uso de herbicida ou realizando-se capinas mais freqüentes na cultura de sucessão, de forma a impedir a formação de novas raízes tuberosas. É condenável abandonar a área, pois as plantas voluntárias sobrevivem mesmo em condições de grande competição entre plantas.

Rotação de culturas
Visando facilitar a destruição das soqueiras deve-se plantar, em seguida à colheita, uma cultura como milho, ou outra planta de hábito de crescimento bem distinto da batata-doce, para facilitar a eliminação das plantas voluntárias.

Utilização de agrotóxicos
O uso de inseticidas e fungicidas ou outros agrotóxicos se esbarra na legalidade, pelo fato de não haver, até o momento, nenhum produto registrado para essa cultura. No entanto muitos produtores aplicam inseticidas de solo na base das plantas e realizam pulverizações quando ocorre intensa desfolha.

Métodos biológicos
Existem diversos inimigos naturais identificados, mas ocorre grande dificuldade em encontrar espécies capazes de localizar e atacar eficientemente os insetos localizados em habitats protegidos. Em outros países, especialmente onde ocorre a espécie Cylas formicarius são utilizados intensivas práticas de controle, em vista da severidade do dano que causa.
A base do controle preventivo é a obtenção de plantas sadias. Para isso, deve-se partir de plantas submetidas ao processo de cultivo de meristemas e indexadas para viroses. Estas técnicas exigem conhecimento específico, mas podem ser executadas por órgãos de pesquisa, universidades ou laboratórios especializados. Estas plantas matrizes passam por processos de reprodução vegetativa, em ambiente fechado, à prova de insetos, visando evitar a recontaminação das plantas, especialmente por viroses.
A manutenção de sistemas individuais de produção de ramas sadias pode não ser viável, mas alguns produtores ou grupos ou associações de produtores podem se especializar nessa atividade, contando facilmente com o apoio de entidades governamentais para a produção das plantas matrizes.
Enquanto não se tem acesso a estes programas, o produtor deve ter atenção ao selecionar as plantas de onde vai retirar ramas ou raízes, seja para a formação de viveiros, seja para o plantio definitivo. Nesta seleção, além de observar e desclassificar individualmente as plantas que apresentarem sintomas de ataque das pragas e das doenças importantes, deve observar também os aspectos de qualidade das raízes (formato, coloração, uniformidade, dispersão e produtividade). Ou seja, mesmo que se vá retirar somente as ramas, deve-se verificar as características da planta como um todo, visando obter um produto de melhor qualidade.

Desordens não infecciosas
  • Fermentação - quando o solo se encharca por longo período próximo à colheita, ocorre falta de troca gasosa e alteração dos processos metabólicos, formando etanol e acúmulo de CO2 nas raízes, resultando na rápida decomposição das raízes após a colheita.

  • Entumecimento de lenticelas - ocorre quando o solo apresenta muita umidade. As raízes tem pouco crescimento e forma-se tecidos entumecidos com aparência de bolhas.

  • Raiz-chicote - são raízes tuberosas relativamente finas e alongadas que se formam quando há excesso de umidade no solo.

  • Rachaduras - podem ser longitudinais ou transversais e são mais freqüentes quando ocorre ataque de nematóides e de bactéria Streptomyces sp. Variações de temperatura, flutuações de umidade no solo e excesso de adubação nitrogenada são fatores que desequilibram o crescimento das raízes, causando as rachaduras.

  • Coração duro - a raiz permanece dura após o cozimento. Ocorre quando as raízes são armazenadas à temperaturas baixas (1,5ºC por um dia ou 10ºC por 3 dias).

  • Decomposição interna - o tecido da raiz se torna esponjoso ou ocado. Ocorre quando a temperatura do solo é baixa (5 a 10ºC). Ocorre também quando se faz o armazenamento por longo tempo em condições de baixa umidade relativa.

  • Mutações somáticas - são deformações, variegações (alterações de cor) e fasciação (ramas geminadas) que surgem esporadicamente.

  • Toxidez por herbicidas - deformações diversas causadas por contaminação com herbicidas. Os sintomas variam com o produto e dosagem.

  • Deficiência e toxidez por nutrientes - várias alterações podem ser causadas tanto por falta quanto por excesso de elementos minerais e por acidez.

  • Brotação prematura da raiz - excesso de adubação com nitrogênio, excesso de adubação com matéria orgânica, excesso de irrigação, dano severo na rama principal, causado pela doença mal-do-pé ou pelo ataque de broca-da-rama.

  • Outras defomações - o uso de solos argilosos (pesados), com cascalho ou pedras aumenta a incidência de raízes deformadas, como as tortuosas e com constrições transversais e veias.






segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pragas da Batata Doce



As principais pragas, consideradas pragas-chave são broca-da-raiz (Euscepes postfasciatusColeopteraCurculionidae) e a broca-das-hastes (Megastes pusialis,LepidopteraPyralidae). Estas ocorrem com maior freqüência e geralmente causam danos severos, se não forem tomadas medidas de controle.
A larva-arame (Conoderus spColeopteraElateridae); as vaquinhas (Diabrotica speciosaColeopteraChrysomelidaeDiabrotica bivittulaColeoptera,Chrysomelidae Sternocolaspis quatuordecimcostataColeopteraChrysomelidae) e o negrito (Typophorus negritus) são também muito freqüentes (GALLO et al., 1978), mas geralmente são menos agressivos e portanto podem ser ocasionalmente considerados pragas, em condições que favoreçam a intensa reprodução do inseto.
Uma praga importante em outros países, inclusive os da América Central, mas que ainda não foi encontrada no Brasil, é uma broca-da-raiz denominada de (Cylas formicarius), que causa danos mais severos que o E. postfasciatus. Esta espécie deve ser considerada coma praga potencial de importância fitossanitária para a cultura da batata-doce no Brasil por que tem a característica de grande facilidade de disseminação, pois os insetos adultos voam, enquanto que os de E. postfasciatus apresentam élitros soldados e portanto não voam. Essa característica é muito importante para a eficácia das medidas preventivas de controle e de disseminação da praga.

Pragas-chave

A) Broca-da-raiz - Euscepes postfasciatusColeopteraCurculionidae
São besouros com 3 a 5mm de comprimento, com coloração castanha ou marrom, tendo manchas claras. As fêmeas depositam seus ovos nas raízes e nas ramas da batata-doce. Nas ramas, os ovos são colocados de preferência nos nós e nas partes mais grossas, junto ao colo. Na raiz tuberosa, as fêmeas fazem um orifício de oviposição e colocam um ovo por orifício, tampando-o com material fecal, que se oxida e passa a ter uma coloração preta amarronzada. As larvas atacam tanto as ramas quanto as raízes, escavando galerias, onde são depositados os dejetos fecais (Figura 1). É nas raízes que elas se desenvolvem e provocam os maiores estragos; o ataque severo pode até causar a morte das partes aéreas da planta.

Nas raízes tuberosas, as larvas cavam galerias que podem ser superficiais ou bastante profundas, se alimentando da polpa da batata. As larvas apresentam cor branca, exibindo cabeça avermelhada escura e medem de 0,5 a 5mm de comprimento. Embora pequenas, podem serem distinguidas a olho nu, principalmente quando totalmente desenvolvidas.
Dentro da galeria, as larvas passam por várias transformações, tornando-se pupas e depois insetos adultos. As larvas passam por cinco ínstares larvais antes de chegarem a fase de pré-pupa, e vai mudando de cor, completando o ciclo em 20 a 30 dias, até a fase adulta. A pupa mede de 4 a 5 mm, possui inicialmente cor branco leitoso, e, à medida que se desenvolve, os olhos, mandíbulas, rostro, pernas e élitros se tornam pigmentados.
Os insetos adultos medem de 3 a 5 mm de comprimento, têm coloração geral castanho escuro ou marrom e possui o corpo escamoso, apresentando espinhos e cerdas além de uma espécie de tromba curta, assemelhando-se com o gorgulho do feijão e do milho. Seus élitros são soldados, e possuem manchas claras, principalmente na porção mediana. Possuem olhos pretos, antenas geniculo-clavadas, com 11 segmentos, sendo que os três últimos formam uma clava compacta, de cor castanha clara.
Os adultos saem da galeria e fazem a desova na mesma raiz, de modo que muitas vezes podem-se encontrar centenas de indivíduos em uma só raiz. As batatas intensamente atacadas apodrecem ou mostram-se com o aspecto físico, cheiro e sabor bastante alterados, tornado-se imprestáveis para o consumo. É fácil identificar quando a batata-doce é atacada, pois a sua casca se torna escura e um pouco afundada na extensão das galerias. Raízes cortadas mostram as galerias contendo os resíduos fecais, cheiro característico e cor escura formada pela concentração de metabólitos fenólicos e terpenóides (SCHALK; JONES, 1985).
As medidas de controle devem ser intensificadas nos períodos mais quentes do ano, em função do aumento populacional do inseto neste período. Portanto, recomenda-se cultivares resistentes a insetos do solo; rotação de cultura com tomate, cenoura, alho, brássicas, trigo ou arroz por 2 a 3 anos; usar ramas sadias, de bom vigor, livre de insetos (produzi-lás em viveiro); pulverizar os viveiros a partir da brotação com Carbaryl (500 g de i.a.) de 15 em 15 dias; fazer amontoa; destruir os restos culturais e não armazenar as batatas após a colheita.
b) Broca-das-ramas ou broca-do-colo – Megastes pusialisLepidopteraPyralidae.
As lagartas desta praga formam galerias largas dentro do caule e hastes largas, podendo se estender até às batatas (Figura 2). As fêmeas depositam seus ovos no caule e nas hastes da planta próximo à base, por isso recebem o nome de “broca-do-coleto”. Logo após a eclosão, as larvas penetram nas ramas, escavando galerias que podem abrigar mais de uma lagarta. Estas são inicialmente de cor rosada com pontuações escuras e, quando no último ínstar, têm cor predominante rosa com pontos negros no dorso. Geralmente as lagartas empupam por duas semanas dentro das hastes e completam o ciclo que dura, em média, 57 dias. Os adultos são mariposas pardo-escuras e medem 40 a 45mm de envergadura. (POLLARD, 1989).

Percebe-se o ataque às hastes pelo seu entumecimento, pelas rachaduras e presença de orifícios de saída do inseto. Na galeria formada no interior da haste são encontrados excrementos típicos, larvas, fios de seda e até casulos. Pode haver também o murchamento e secamento das ramas que se soltam facilmente da planta (POLLARD, 1989). É comum só se observarem sintomas quando o ataque é intenso, pois, com o entrelaçamento das ramas, os sintomas ficam camuflados.
O estádio de desenvolvimento da cultura determina a intensidade das perdas. Ocorrendo ataque no início do crescimento da planta, verifica-se proporcionalmente maior depreciação da parte aérea e maior incidência de galerias até às raízes, causando maior perda da produção. Se o ataque for tardio, pode não haver redução da produção, pois, nestes casos, geralmente as larvas se alojam somente nas ramas ou em parte delas, sendo a produção de reservas garantida por hastes não atacadas, ou por novas hastes que se formam ao longo do ciclo da planta.

Outras pragas

Larva-arame – Conoderus sp., Coleoptera , Elateridae.
A larva-arame ataca as batatas, perfura o caule e outras partes subterrâneas da planta, podendo seus danos serem confundidos com os de outros insetos como a larva-alfinete. Os furos são profundos, o que diminui o valor comercial das raízes, além de facilitar a entrada de fungos e bactérias. Embora cause pequenos danos, a larva-arame apresenta a característica desejável de ser predadora de outros insetos.
Os adultos apresentam a forma do corpo afilada, típica de elaterídeos (vagalume), saltando-se quando colocados com dorso sobre o solo. As larvas medem até 20mm de comprimento, apresentam corpo rígido, cilíndrico, fortemente quitinizadas (duras como couraças) e pouco flexíveis, caracterizando o nome comum de “larva-arame”. Os adultos ocorrem principalmente no verão, enquanto as larvas ocorrem no inverno e na primavera.

Vaquinha (Bicho-alfinete) – Diabrotica speciosaColeopteraChrysomelidae
Os principais danos são causados pelas larvas que fazem pequenos furos na raiz, diminuindo o seu valor comercial. Além do dano direto, a perfuração na raiz facilita a entrada de fungos e bactérias. A fêmea põe os ovos no solo ou na base do caule da planta. As larvas são geralmente brancas e atingem até 10mm de comprimento. Os adultos são besouros verdes, com manchas amarelas nos élitros e medem 5 a 8 mm. Eles se alimentam das folhas e as danificam, deixando-as perfuradas.
Vaquinha – Diabrotica bivittulaColeopteraChrysomelidae
Quando adulto, apresenta-se como um besouro brilhante com listas brancas e escuras nos élitros. Os danos causados pelas larvas e pelo adulto são similares aos causados pela Diabrotica speciosa.

Vaquinhas – Sternocolaspis quatuordecimcostataColeopteraChrysomelidae
O adulto é um besouro verde-metálico, medindo de 7 a 10 mm de comprimento. A fêmea faz a postura dos ovos no solo e as larvas fazem pequenos furos superficiais nas raízes. O adulto se alimenta de folhas, deixando-as rendilhadas.

Negrito da batata-doce – Typophorus nigritusColeopteraChrysomelidae
As larvas cavam galerias dentro das raízes e nas ramas. Os danos nas raízes são facilmente reconhecidos por causa dos excrementos encontrados nas galerias. Em algumas oportunidades podem-se encontrar larvas no interior dos túneis um mês após a colheita. Os adultos emergem durante a primavera no início do verão, têm formato arredondado, cor verde-azulado metalizado e medem cerca de 8mm de comprimento. Alimentam-se de folhas e põe seus ovos agrupados debaixo daquelas localizadas ao nível do solo. As larvas passam o inverno no interior das galerias e se empupam no solo, no inicio do período de temperaturas mais elevadas (BIMBONI; RUBERTI, 1990).

Gorgulho da batata-doce – Cylas spp., Coleoptera, Brentidae
Há cerca de 27 espécies descritas. Porém, a mais importante é Cylas formicarius elegantulus, encontrada em países próximos ao Brasil, como os da América Central.
As larvas e os adultos se alimentam de raízes no campo e durante o armazenamento, escavando túneis que se estendem em direção ao interior da raiz e ramas, causando danos semelhantes aos da broca-da-raiz. O adulto mede aproximadamente 8mm de comprimento. Sua cabeça e os élitros são de cor azul escuro metalizado e o tórax e as patas são de cor vermelho escuro. As larvas são brancas com cabeça marrom claro, e o número de gerações por ano varia de 6 a 8 (BIMBONI; RUBERTI, 1990).
Outros insetos, como pulgões (Myzus sp., Aphis sp.), cigarras (Empoasca sp.), lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), lagartas da folhagem (Syntomeida melanthus) e o bicho-bolo (Dyscinetus planatus) raramente causam danos de importância econômica. As formigas cortadeiras se constituem praga importante somente na fase de implantação da cultura, pois cortam brotações novas da rama, podendo provocar falhas na lavoura.




quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Doenças da Batata Doce



Disturbios

Na produção em pequena escala, é raro a ocorrência de danos severos causados por pragas e doenças. Isto se deve, além de outros fatores, ao maior isolamento entre plantios, maior rotação da área de cultivo e à menor população de insetos. É comumente citado que a batata-doce é a hortaliça mais fácil de se cultivar. Entretanto, quando a produção é intensiva, ocorre maior oportunidade de ataque de pragas e doenças, exigindo cuidados para evitar que causem danos econômicos, principalmente quando se produz mudas em viveiros (MITIDIERI, 1990).
É muito importante o reconhecimento precoce da incidência desses agentes, para evitar a sua introdução em novas áreas de plantio, para isolar e exterminar focos de disseminação, para impedir ou reduzir os ciclos reprodutivos e, por fim, para proteger a planta com uso de agrotóxicos, se necessário.
Para a cultura da batata-doce, o controle fitossanitário é ainda mais relevante, porque a maioria das pragas e doenças importantes causa danos às raízes, depreciando o produto. Este tipo de ataque é geralmente de difícil controle, pois os patógenos e os insetos localizados no solo não são facilmente atingidos pelos agrotóxicos. A aplicação de qualquer produto químico no solo tem implicações sérias, dos pontos de vista toxicológico, ambiental e econômico, além de provocar desequilíbrio biológico pela exterminação de inimigos naturais e microorganismos antagônicos, favorecendo a reinfestação do solo em condições mais favoráveis aos agentes patogênicos.
O sistema de propagação vegetativo, através de ramas-semente ou de mudas, favorece a disseminação de pragas e doenças pelos seguintes motivos:
  • São segmentos da planta que crescem em contato com o solo ou próximo dele, se contaminando através de contato ou de respingos;
  • Os cortes e ferimentos facilitam a penetração de microorganismos;
  • O teor de umidade dos tecidos é alto e portanto facilita a colonização de patógenos;
  • São formados durante o crescimento vegetativo da planta-mãe e portanto ficam expostos à contaminação e à postura dos insetos por longo período;
  • Não são protegidos por estruturas das flores e dos frutos, como são as sementes verdadeiras;
  • Não possuem mecanismos de "filtragem" de vírus, que ocorre na formação de sementes verdadeiras.
  • Apesar desses inconvenientes, o uso de outros processos reprodutivos apresentam limitações que já foram consideradas.
  • A planta da batata-doce produz compostos fenólicos, fenoloxidase, látex e fitoalexinas que evitam a proliferação ou colonização dos patógenos. Por isso, a maioria dos agentes causadores de enfermidades provocam danos durante as fases de formação de mudas (viveiro) e de pós-colheita, quando são baixas as concentrações dessas substâncias de ação imunológica. A formação de mudas e o armazenamento são de grande importância para os países que têm inverno rigoroso porque, sendo o cultivo feito apenas no período mais quente, há necessidade de armazenar as raízes para o consumo na entre-safra e utilizar parte delas para formação de viveiros.

Doenças

1. Mal-do-pé

Causada pelo fungo Plenodomus destruens, que pode ocasionar destruição total da lavoura e, nas infecções tardias, causar manchas e podridões nas raízes tuberosas. O fungo se instala geralmente na base da planta, formando uma necrose úmida, que anela o caule e interrompe a absorção de água e nutrientes. À medida que a cultura se desenvolve, observa-se grande quantidade de material vegetal seco e ramas com folhas murchas ou amareladas (CLARK; MOYER, 1988).
Na fase inicial, as plantas murcham e amarelecem, mas parte das ramas atacadas pode sobreviver com a absorção de água e nutrientes através das raízes adventícias, sem contudo produzir raiz comercial. Quando o ataque não ocorre no início da formação da lavoura as ramas emitidas pelas plantas sadias recobrem toda a superfície. Com isso, torna-se difícil identificar a ocorrência da doença, cujos danos somente são percebidos por ocasião da colheita.
As necroses, geralmente, se limitam entre 5 e 10 centímetros acima do solo até as raízes tuberosas, sem ocorrer invasão sistêmica. Sobre as necroses mais velhas ou sob a pele das raízes atacadas observam-se pontuações negras brilhantes que são frutificações do fungo. Os conídios são oblongos, hialinos e unicelulares. Nas raízes, formam-se manchas pouco profundas, geralmente no terço proximal. Tanto nas ramas quanto nas raízes observa-se uma limitação nítida entre as áreas atacadas e sadias. Com o passar do tempo, as ramas atacadas morrem.
O ciclo da doença tem como fontes primárias de inóculo, ramas contaminadas oriundas de lavouras doentes ou aparentemente sadias ou ainda obtidas em viveiros contaminados. A partir das ramas contaminadas desenvolvem-se as infecções no coleto da planta, onde se produz grande quantidade de esporos. Estes se disseminam principalmente por respingos, contaminando outras partes da planta, porém não desenvolvendo aí as necroses. Portanto, a ramas podem permanecer aparentemente sadias, se tornando fonte de inóculo para novos plantios. O fungo é também disseminado pela incorporação dos restos da cultura, permanecendo no solo por vários anos. Adubações pesadas com adubos orgânicos facilitam o desenvolvimento da doença (FONTES; LOPES, 1993; LOPES; SILVA, 1991, 1993).
Além do emprego das técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, o mal-do-pé pode ser controlado com a desinfecção de ramas com fungicida à base de Thiabendazole (Tecto ou similar) com imersão durante cinco minutos em uma solução contendo 0,5% do princípio ativo, tomando-se o cuidado de utilizar luvas para o manuseio das ramas (LOPES; SILVA, 1991). Ramas-sementes retiradas das partes mais novas das plantas resultam em menor incidência de doença (LOPES; SILVA, 1993).
Dentre as cultivares mais conhecidas, a cultivar Princesa é a que possui maior nível de resistência ao ataque do fungo (LOPES; MIRANDA, 1989).

2. Nanismo

É causada por uma das várias raças do vírus "sweet potato feathery mottle virus" (SPFMV) que é mundialmente disseminado. O SPFMV é um Potyvirus e recebeu diversas descrições em razão dos diferentes sintomas que causa no hospedeiro ou em plantas indicadoras. Estas diferenças atualmente caracterizam as raças. Entre elas: sweet potato ringspot virus; sweet potato leaf spot virus; russet crack virus; e Virus do Enanismo clorótico (DIi FEO, 1989). Embora possa ocorrer outras raças, no Brasil foi detectada a raça causadora do Nanismo, caracterizada anteriormente na Argentina (DI FEO, 1989).
A doença se caracteriza por uma redução de toda a parte aérea da planta, formando folhas cloróticas e pequenas, ramas finas e entre-nós curtos (Figura 1). Entretanto, os sintomas podem variar desde uma suave clorose em forma de mosqueado, sem alterações no desenvolvimento do vegetal, até lesões e necroses nas raízes. Os sintomas são mais evidentes quando se inoculam ou se plantam em campo, ramas originadas de plantas livres de viroses, obtidas por cultura de meristemas.

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Fig. 1. Sintomatologia de nanismo em plantas e raizes de batata-doce

Ao comparar a produtividade de plantas livres de vírus e plantas obtidas de culturas aparentemente sadias, obtiveram-se diferenças superiores a 100% (POZZER et al., 1992, 1993a), porém a degenerescência é muito rápida e, já no segundo ciclo, as plantas originalmente livres de vírus têm produtividades semelhantes ou inferiores àquelas obtidas de ramas do campo de produção (LIAO et al, 1983; POZZER et al., 1992; MOYER, 1985). Esta facilidade de contaminação, que pode se dar por contato ou via vetores como os pulgões Myzus spp, dificulta a promoção de um programa amplo de produção de ramas livres de vírus, pois implicaria na manutenção de viveiros em abrigos à prova de insetos (HILDEBRAND, 1964; GAMA, 1988; POZZER et al., 1993b).
Uma vez a planta infectada, não há recurso tecnológico para evitar o dano por viroses. Portanto, além de uso de ramas sadias, todo esforço deve ser dirigido no sentido de evitar a entrada e a disseminação da doença na lavoura, empregando o conjunto de técnicas do controle integrado pragas e doenças. O isolamento de áreas a uma distância superior a 90 metros constitui-se uma boa maneira de evitar a infecção por vírus (MARTIN; KANTACK, 1960).
A utilização de ramas sadias tende viabilizar-se, principalmente nas situações onde a batata-doce tem exploração mais intensiva, onde os custos com aquisição das plantas sadias, utilização de telados para multiplicá-las e isolamento de áreas, são acompanhados de outros investimentos tais como irrigação, fertilização e correção de solo, que propiciam um retorno econômico maior. Já no caso de pequenos produtores a prática poderia ser adotada mediante a reunião dos mesmos em associações ou cooperativas.

3. Nematóides

Vários gêneros de nematóides são encontrados atacando a batata-doce, mas somente os gêneros Meloidogyne e Rotylenchulus são relatados como causadores de danos econômicos (Costilla, s.d).
No Brasil, os nematóides Meloidogyne, especialmente M. incognita e M. javanica são mais importantes, porque são amplamente disseminados, causando danos em dezenas de espécies vegetais cultivadas e plantas voluntárias (SIVEIRA, 1992).
Ao contrário do que ocorre em outras culturas, os danos maiores não são devidos ao estrangulamento e à queda da eficiência das raízes absorventes e sim, aos ferimentos e às rachaduras feitas nas raízes tuberosas. Isto ocorre porque, à medida que se dá o crescimento lateral das raízes (formação das reservas), os ferimentos feitos pelos nematóides, mesmo que minúsculos, se tornam orifícios, protuberâncias e rachaduras que depreciam sensivelmente o produto.
O sintoma mais conhecido de ataque de Meloidogyne sp. é a presença de galhas. Porém, na batata-doce, elas são muito menores que em outras plantas, podendo ser, em muitos casos, não distinguíveis visualmente (CLARK; MOYER, 1988). Os sintomas secundários tais como: redução de crescimento, amarelecimento das folhas, murcha temporária e florescimento anormal, podem ser causados pela ineficiência do sistema radicular infestado por nematóides. Entretanto, em função do grande vigor vegetativo e da capacidade de enraizamento ao longo das ramas (raízes adventícias) é raro se observarem sintomas na parte aérea que se relacionem com o ataque de nematóides.
Além de passar desapercebido por falta de sintomas aparentes, com o crescimento contínuo dos tecidos das raízes tuberosas, ocorre o recobrimento das galhas de nematóides por camadas de células, formando pequenas "câmaras". As câmaras formadas nas camadas superficiais formam protuberâncias que comumente se rompem formando orifícios que se confundem com danos causados por insetos. Quando o ataque ocorre no início da formação das raízes, estas câmaras podem se localizar em camadas bastante profundas, diminuindo a eficiência do tratamento químico e da termoterapia. Por isso, o uso de raízes para a formação de viveiro pode ser uma fonte de disseminação.

4. Medidas de controle
  • Conhecer o histórico das áreas, evitando aquelas que tenham sido cultivadas com plantas suscetíveis como quiabo, feijão, tomate, alface e batata;
  • Utilizar cultivares resistentes;
  • Formar viveiros a partir de material sadio;
  • Utilizar nematicidas nas áreas de viveiros;
  • Fazer rotação de cultura como arroz, milho, cana ou outras gramíneas;
  • Fazer cultivo de crotalária ou outras plantas antagônicas;
  • Eliminar soqueiras.
5 . Outras doenças

Embora não sejam relatados como causadores de danos econômicos para as condições brasileiras, alguns microorganimos podem estar presentes e ocasionalmente serem importantes, dependendo das condições climáticas que possam favorecer a doença. Por isso, são citados apenas o agente causal e os principais sintomas.

Doenças fúngicas
  • Ceratocystis fimbriata. Causa, na raiz tuberosa, necroses secas de cor cinza ou preta e dá um sabor amargo muito forte e característico. Associado ao ataque por brocas, o fungo pode atingir camadas mais profundas das raízes, causando inutilização do produto, e rejeitado também por animais.
  • Elsinoë batatas (Sphaceloma batatas). Causa pequenas lesões de cor marrom nas nervuras foliares, retardando o crescimento e enrugando as folhas.
  • Albugo ipomoeae-panduratea. Ou ferrugem branca. Forma lesões pulverulentas no limbo foliar se transformando em pústulas salientes de cor leitosa.
  • Alternaria spp. Forma no limbo foliar das folhas mais velhas, lesões necróticas circulares ou irregulares, de cor marrom e halos amarelados. No pecíolo, forma lesões escuras e alongadas. Esta doença só tem importância quando cultivares suscetíveis são plantadas sob alta temperatura e umidade. Mesmo assim, a cultura quando bem conduzida, produz excesso de folhagem que normalmente compensa a queda e o amarelecimento de parte das folhas. Em viveiro a doença pode ser controlada com pulverizações semanais, alternadas, de iprodione, clorotalonil e mancozeb (Miranda et al, 1995).
  • Fusarium spp. Causa manchas e podridões nas raízes e na base das brotações, quando se usa o sistema de produção de mudas em canteiros. Em pós-colheita, causa freqüentemente manchas e podridões. F. oxysporum f. sp. batatas pode causar infecção vascular, independentemente da contaminação das batatas-semente, causando amarelecimento das folhas e murcha. Os vasos se tornam escurecidos.
  • Monilochaetes infuscans. (ou sarna). Causa manchas escuras restritas à epiderme das raízes, que podem se coalescerem e tomar toda a raiz.
  • Sclerotium rolfsii. Causa lesões necróticas na base das brotações e nas raízes-semente, formando um micélio branco e pequenos escleródios esféricos. Praticamente só ocorre nos canteiros de produção de mudas.
  • Rizoctonia solani. Causa necrose na base das brotações, provocando o tombamento. Ocorre apenas nos canteiros de produção de mudas.
  • Cercospora
  • Rhizopus
Observação: Como nenhum fungicida é registrado para o controle de doenças de batata-doce, o controle químico não é recomendado, exceto para a produção de mudas em viveiros.
Doença causada por micoplasma
  • Conhecida como vassoura-de-bruxa, caracteriza-se por um super brotamento, formando um tufo de pequenas ramas de entre-nós curtos e folhas diminutas.
Doenças bacterianas
  • Streptomyces ipomoea. Ataca as raízes, causando manchas necróticas deprimidas, de até 3 cm. Quando o ataque se dá no início da formação das raízes tuberosas, ocorre a restrição do seu crescimento lateral, causando deformações.
  • Erwinia chrysanthemi. Causa podridão mole nas raízes. Ocorre em condições de elevada umidade, havendo ferimentos para entrada da bactéria.
Doenças viróticas
  • Mosaico (Sweet potato vein mosaic virus). Causa clorose irregular em forma de mosaico nas folhas e atrofiamento da planta, afetando o tamanho e o número de raízes.

  • Vírus de nanismo amarelo (Sweet potato yellow dwarf virus). Apresenta sintomas semelhantes ao virus do nanismo caracterizado como raça do SPFMV, mas possui características bioquímicas distintas.

  • Os vírus CMV (Cucumber mosaic virus), TMV (Tobaco mosaic virus), TSV(Tobaco streak virus) também foram isolados em batata-doce. Um vírus denominado de vírus latente (Sweet potato latent virus) não causa sintomas aparentes na planta, mas é detectado através de planta indicadora e de sorologia.





terça-feira, 20 de outubro de 2015

Controle de soqueira e Rotação de Cultura na Batata Doce



Após a colheita, as ramas, pequenas batatas e pedaços de raiz podem originar novas plantas, constituindo a soqueira, que geralmente hospeda pragas e patógenos que contaminam cultivos posteriores (Figura 1).

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Fig. 1. Soqueira da batata-doce


O controle da soqueira é relativamente cara e difícil, uma vez que as ramas localizadas próximo à superfície do solo brotam em pouco tempo, enquanto que as batatas e outros restos da planta brotam mais tarde. Com essa desuniformidade, ao mesmo tempo que se têm plantas novas, se têm plantas em inicio de tuberização, formando novas estruturas de reprodução. Por isso, a eliminação da parte aérea ou brotos por meio de capinas é pouco eficiente, mas de qualquer forma não se deve abandonar a área e sim cultivar plantas de porte ereto ou arbustivo e realizar maior número de capinas, para eliminar todas as brotações e também arrancar as batatas em formação.
O uso de herbicida sistêmico, embora oneroso, é o processo mais eficaz e deve ser feito no estádio de desenvolvimento correspondente ao início da tuberização das raízes da soqueira, ou seja, cerca de um mês, após a colheita utilizando-se 2kg/ha do ingrediente ativo de glifosato (registrado para aplicação em áreas não cultivadas), adicionando-se à calda, uréia a 0,5%, melhorando assim a atividade do herbicida. Após 3 a 4 semanas da aplicação do herbicida, o terreno deve ser arado e gradeado, procedendo-se à catação manual das batatas e brotações remanescentes (PEREIRA; MIRANDA, 1989)

Rotação de Cultura

Plantios sucessivos em um mesmo local aumentam a ocorrência de pragas e doenças e provocam redução da produtividade. Por isto, a rotação de culturas é uma práticas agrícolas sempre recomendada em programas de manejo e conservação do solo e em controle integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
Durante dois ou três anos não se deve cultivar a mesma área com batata-doce, devendo-se cultivar preferencialmente milho, por ser mais fácil realizar o controle de soqueira.
Deve ser evitado o plantio da batata-doce em seguida a uma leguminosa, porque o excesso de nitrogênio provoca grande desenvolvimento vegetativo e pouca produção de batatas.






sábado, 17 de outubro de 2015

Lavagem e Classificação da Batata Doce



LAVAGEM

Nos mercados brasileiros a batata-doce é geralmente comercializada lavada. Em São Paulo, por exemplo, 90% da batata-doce é lavada. Esta prática deve ser evitada, pois prejudica a conservação e aumenta as perdas devido ao ataque de patógenos. O correto seria escovar as batatas para retirar a terra a elas aderida. Se forem lavadas, deve-se promover o escorrimento da água aderida às batatas, não empilhando e colocando as caixas ou sacos em local ventilado. Se houver necessidade de armazenamento, as batatas não devem ser lavadas (MIRANDA et al., 1995).

A lavagem é normalmente necessária quando a cultura é instalada em solos argilosos. Em solos arenosos, as raízes são colhidas praticamente limpas, dispensando a escovação e a lavagem.
A lavagem pode ser manual ou mecanizada. Ao utilizar lavador mecânico ocorre geralmente o esfolamento da pele. Por isso, para se utilizar esse processo de lavagem, é necessário que a casca da raiz possua a mesma coloração da pele (Figura 1).


Fig. 1. Lavagem mecânica de raízes


CLASSIFICAÇÃO


No Brasil não existe uma norma oficial para a padronização da batata-doce. Entretanto, nos principais mercados brasileiros (Rio de Janeiro e São Paulo) há normas não oficiais de padronização de tamanho, que são as seguintes:
Extra A - 301 a 400g
Extra B - 201 a 300g
Especial – 151 a 200g
Diversos – 80 a 150g ou maiores que 400g.
As batatas devem ser lisas, bem conformadas, de formato alongado e uniforme, com diâmetro entre 5 e 8cm e comprimento variando entre 12 e 16cm para a classificação Extra A. A embalagem mais utilizada é a caixa tipo K, com capacidade para 24 a 26kg.







quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Colheita da Batata-Doce



A planta da batata-doce não apresenta um ponto específico de colheita. O momento de colheita é definido pelo tamanho ou peso das raízes, que devem ter aproximadamente 300g. A colheita pode ser antecipada ou retardada, dependendo da oportunidade de comercialização. Em condições ideais de cultivo, a colheita pode se iniciar aos 90 dias, mas em geral, a colheita ocorre entre 120 e 150 dias. A antecipação geralmente corresponde a uma menor produtividade, devido à colheita de raízes de menor tamanho. A prorrogação do ciclo pode implicar em maior dano por insetos, por permitir maior número de ciclos das pragas, além de se formarem raízes grandes e freqüentemente mais defeituosas (Figura 1).


Fig. 1. Plantas com ciclo prorrogado


A colheita sempre envolve muita mão-de-obra, mesmo quando algumas etapas são mecanizadas. Quando executada manualmente, os operários escavam lateralmente as leiras à uma certa distância da base da planta, para evitar corte e ferimentos nas raízes. Ao revolver a leira, as raízes são expostas, sendo então recolhidas e posteriormente lavadas.
A mecanização simples consiste em revolver a leira para expor as raízes. Para isso, podem ser utilizados diversos equipamentos que executam o corte do solo ao lado das leiras ou abaixo delas. Geralmente são equipamentos semelhantes aos arados modificados para facilitar a separação do solo, tendo à frente um disco vertical para cortar as ramas. Outra opção consiste em passar uma lâmina abaixo da zona de crescimento das raízes ou utilizar a colheitadeira de batata (Figura 2). 


Fig. 2. Colheita mecanizada c/colhedeira de batata

IRRIGAÇÃO


O período crítico para sobrevivência de culturas implantadas por meio de estacas não enraizadas ocorre durante a primeira semana após o plantio, quando o solo deve ser mantido úmido, realizando-se irrigações leves e freqüentes, para evitar a desidratação do material vegetal até que se formem as raízes. Após o início das brotações, as irrigações podem ser mais espaçadas, dependendo do tipo de solo, e deve prosseguir pelo menos até os 40 dias após o plantio, para promover um bom pegamento das ramas e um bom desenvolvimento vegetativo. Em termos práticos, recomenda-se irrigar duas vezes por semana, até os 20 dias; uma vez por semana, dos 20 aos 40 dias; e a cada duas semanas, após os 40 dias até a colheita (MIRANDA et al., 1995).
A batata-doce possui um sistema radicular profundo (75 a 90cm) e ramificado, o que lhe possibilita explorar maior volume de solo e absorver água em camadas mais profundas do que a maioria das hortaliças.
Na Embrapa Hortaliças, durante a estação seca, o uso da irrigação aumentou a produtividade de raízes comerciais em aproximadamente 35%. Os resultados indicaram ainda que a adoção de um turno de rega de 21 dias, após o estabelecimento inicial da cultura, com a aplicação de 40% da água evaporada pelo tanque classe A, pode proporcionar bons resultados (OLIVEIRA; MAROUELLI, 1997).





segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Tratos Culturais na Batata-Doce



Os principais tratos culturais são as capinas e a amontoa. A capina é geralmente realizada manualmente, uma vez que não existem herbicidas registrados para essa cultura. Em condições de alta infestação por gramíneas, alguns produtores utilizam graminicidas de uso geral, como Fluazifop-b-butil (Fusilade ou similar). Adota-se também a aplicação de Paraquat (Gramoxone ou similar) que é um herbicida dessecante, e portanto utilizado em pós-emergência das plantas daninhas. É aplicado quando as plantas daninhas estão com 10 a 15cm de altura, utilizando-se um funil invertido, denominado de chapéu, para proteger a planta cultivada, proporcionando bom controle das invasoras nas entrelinhas, sem afetar a cultura (MIRANDA et al., 1987).
Em locais com alta infestação de plantas daninhas pode-se reduzir o número de sementes de plantas indesejáveis realizando o preparo do solo duas ou três semanas antes do plantio. Nesse intervalo, havendo umidade no solo, ocorre a emergência das plantas que são eliminadas com herbicidas não residuais de ação de contato ou sistêmico, que deve ser aplicado na véspera do plantio.
O período crítico de competição de plantas invasoras se dá até aproximadamente 45 dias após o plantio, dependendo do clima e do ciclo da cultivar. Em condições de clima frio, as plantas têm crescimento mais lento e demoram mais a cobrir o solo. Em clima quente, principalmente quando se fazem adubação e irrigação, as plantas têm crescimento acelerado e cobrem mais rapidamente o solo. Como referência, deve-se acompanhar o crescimento das plantas e realizar a última capina quando a extremidade das ramas mais longas estiverem alcançando a base da planta da leira vizinha. Durante a capina o operário deve preservar as leiras. Para isso, após o corte da planta invasora, o operário deve separar o mato da terra e, realizando movimentos laterais com a enxada, retornar a terra para as laterais das leiras.
A amontoa consiste em reformar as leiras. Esta operação tem a finalidade de escarificar o solo, tornando-o mais frouxo e portanto com menor resistência ao crescimento lateral das raízes de reserva, o que favorece a formação de raízes menos tortuosas. Outra função da amontoa é vedar as rachaduras do solo formadas pelo crescimento das raízes. Por meio dessas rachaduras, alguns insetos-praga fazem a postura diretamente nas raízes, favorecendo a sua danificação.
A amontoa é geralmente realizada uma única vez, alguns dias após a última capina. Deve ser uma operação exclusiva, pois nesse caso o operário trabalha caminhando lateralmente, utilizando uma enxada para retirar terra da entrelinha para reformar a leira. O tempo dado após a capina é necessário para que ocorra a desidratação e morte das plantas cortadas durante a capina.
A operação de amontoa pode ser realizada mecanicamente utilizando-se um sulcador. Neste caso, a operação deve ser feita antes do entrelaçamento das ramas minimizando os danos às mesmas.
Em plantios conduzidos sem irrigação, é comum ser necessário a operação de replantio, que é recomendada quando mais de 10% das ramas não vingarem.