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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pragas da Batata Doce



As principais pragas, consideradas pragas-chave são broca-da-raiz (Euscepes postfasciatusColeopteraCurculionidae) e a broca-das-hastes (Megastes pusialis,LepidopteraPyralidae). Estas ocorrem com maior freqüência e geralmente causam danos severos, se não forem tomadas medidas de controle.
A larva-arame (Conoderus spColeopteraElateridae); as vaquinhas (Diabrotica speciosaColeopteraChrysomelidaeDiabrotica bivittulaColeoptera,Chrysomelidae Sternocolaspis quatuordecimcostataColeopteraChrysomelidae) e o negrito (Typophorus negritus) são também muito freqüentes (GALLO et al., 1978), mas geralmente são menos agressivos e portanto podem ser ocasionalmente considerados pragas, em condições que favoreçam a intensa reprodução do inseto.
Uma praga importante em outros países, inclusive os da América Central, mas que ainda não foi encontrada no Brasil, é uma broca-da-raiz denominada de (Cylas formicarius), que causa danos mais severos que o E. postfasciatus. Esta espécie deve ser considerada coma praga potencial de importância fitossanitária para a cultura da batata-doce no Brasil por que tem a característica de grande facilidade de disseminação, pois os insetos adultos voam, enquanto que os de E. postfasciatus apresentam élitros soldados e portanto não voam. Essa característica é muito importante para a eficácia das medidas preventivas de controle e de disseminação da praga.

Pragas-chave

A) Broca-da-raiz - Euscepes postfasciatusColeopteraCurculionidae
São besouros com 3 a 5mm de comprimento, com coloração castanha ou marrom, tendo manchas claras. As fêmeas depositam seus ovos nas raízes e nas ramas da batata-doce. Nas ramas, os ovos são colocados de preferência nos nós e nas partes mais grossas, junto ao colo. Na raiz tuberosa, as fêmeas fazem um orifício de oviposição e colocam um ovo por orifício, tampando-o com material fecal, que se oxida e passa a ter uma coloração preta amarronzada. As larvas atacam tanto as ramas quanto as raízes, escavando galerias, onde são depositados os dejetos fecais (Figura 1). É nas raízes que elas se desenvolvem e provocam os maiores estragos; o ataque severo pode até causar a morte das partes aéreas da planta.

Nas raízes tuberosas, as larvas cavam galerias que podem ser superficiais ou bastante profundas, se alimentando da polpa da batata. As larvas apresentam cor branca, exibindo cabeça avermelhada escura e medem de 0,5 a 5mm de comprimento. Embora pequenas, podem serem distinguidas a olho nu, principalmente quando totalmente desenvolvidas.
Dentro da galeria, as larvas passam por várias transformações, tornando-se pupas e depois insetos adultos. As larvas passam por cinco ínstares larvais antes de chegarem a fase de pré-pupa, e vai mudando de cor, completando o ciclo em 20 a 30 dias, até a fase adulta. A pupa mede de 4 a 5 mm, possui inicialmente cor branco leitoso, e, à medida que se desenvolve, os olhos, mandíbulas, rostro, pernas e élitros se tornam pigmentados.
Os insetos adultos medem de 3 a 5 mm de comprimento, têm coloração geral castanho escuro ou marrom e possui o corpo escamoso, apresentando espinhos e cerdas além de uma espécie de tromba curta, assemelhando-se com o gorgulho do feijão e do milho. Seus élitros são soldados, e possuem manchas claras, principalmente na porção mediana. Possuem olhos pretos, antenas geniculo-clavadas, com 11 segmentos, sendo que os três últimos formam uma clava compacta, de cor castanha clara.
Os adultos saem da galeria e fazem a desova na mesma raiz, de modo que muitas vezes podem-se encontrar centenas de indivíduos em uma só raiz. As batatas intensamente atacadas apodrecem ou mostram-se com o aspecto físico, cheiro e sabor bastante alterados, tornado-se imprestáveis para o consumo. É fácil identificar quando a batata-doce é atacada, pois a sua casca se torna escura e um pouco afundada na extensão das galerias. Raízes cortadas mostram as galerias contendo os resíduos fecais, cheiro característico e cor escura formada pela concentração de metabólitos fenólicos e terpenóides (SCHALK; JONES, 1985).
As medidas de controle devem ser intensificadas nos períodos mais quentes do ano, em função do aumento populacional do inseto neste período. Portanto, recomenda-se cultivares resistentes a insetos do solo; rotação de cultura com tomate, cenoura, alho, brássicas, trigo ou arroz por 2 a 3 anos; usar ramas sadias, de bom vigor, livre de insetos (produzi-lás em viveiro); pulverizar os viveiros a partir da brotação com Carbaryl (500 g de i.a.) de 15 em 15 dias; fazer amontoa; destruir os restos culturais e não armazenar as batatas após a colheita.
b) Broca-das-ramas ou broca-do-colo – Megastes pusialisLepidopteraPyralidae.
As lagartas desta praga formam galerias largas dentro do caule e hastes largas, podendo se estender até às batatas (Figura 2). As fêmeas depositam seus ovos no caule e nas hastes da planta próximo à base, por isso recebem o nome de “broca-do-coleto”. Logo após a eclosão, as larvas penetram nas ramas, escavando galerias que podem abrigar mais de uma lagarta. Estas são inicialmente de cor rosada com pontuações escuras e, quando no último ínstar, têm cor predominante rosa com pontos negros no dorso. Geralmente as lagartas empupam por duas semanas dentro das hastes e completam o ciclo que dura, em média, 57 dias. Os adultos são mariposas pardo-escuras e medem 40 a 45mm de envergadura. (POLLARD, 1989).

Percebe-se o ataque às hastes pelo seu entumecimento, pelas rachaduras e presença de orifícios de saída do inseto. Na galeria formada no interior da haste são encontrados excrementos típicos, larvas, fios de seda e até casulos. Pode haver também o murchamento e secamento das ramas que se soltam facilmente da planta (POLLARD, 1989). É comum só se observarem sintomas quando o ataque é intenso, pois, com o entrelaçamento das ramas, os sintomas ficam camuflados.
O estádio de desenvolvimento da cultura determina a intensidade das perdas. Ocorrendo ataque no início do crescimento da planta, verifica-se proporcionalmente maior depreciação da parte aérea e maior incidência de galerias até às raízes, causando maior perda da produção. Se o ataque for tardio, pode não haver redução da produção, pois, nestes casos, geralmente as larvas se alojam somente nas ramas ou em parte delas, sendo a produção de reservas garantida por hastes não atacadas, ou por novas hastes que se formam ao longo do ciclo da planta.

Outras pragas

Larva-arame – Conoderus sp., Coleoptera , Elateridae.
A larva-arame ataca as batatas, perfura o caule e outras partes subterrâneas da planta, podendo seus danos serem confundidos com os de outros insetos como a larva-alfinete. Os furos são profundos, o que diminui o valor comercial das raízes, além de facilitar a entrada de fungos e bactérias. Embora cause pequenos danos, a larva-arame apresenta a característica desejável de ser predadora de outros insetos.
Os adultos apresentam a forma do corpo afilada, típica de elaterídeos (vagalume), saltando-se quando colocados com dorso sobre o solo. As larvas medem até 20mm de comprimento, apresentam corpo rígido, cilíndrico, fortemente quitinizadas (duras como couraças) e pouco flexíveis, caracterizando o nome comum de “larva-arame”. Os adultos ocorrem principalmente no verão, enquanto as larvas ocorrem no inverno e na primavera.

Vaquinha (Bicho-alfinete) – Diabrotica speciosaColeopteraChrysomelidae
Os principais danos são causados pelas larvas que fazem pequenos furos na raiz, diminuindo o seu valor comercial. Além do dano direto, a perfuração na raiz facilita a entrada de fungos e bactérias. A fêmea põe os ovos no solo ou na base do caule da planta. As larvas são geralmente brancas e atingem até 10mm de comprimento. Os adultos são besouros verdes, com manchas amarelas nos élitros e medem 5 a 8 mm. Eles se alimentam das folhas e as danificam, deixando-as perfuradas.
Vaquinha – Diabrotica bivittulaColeopteraChrysomelidae
Quando adulto, apresenta-se como um besouro brilhante com listas brancas e escuras nos élitros. Os danos causados pelas larvas e pelo adulto são similares aos causados pela Diabrotica speciosa.

Vaquinhas – Sternocolaspis quatuordecimcostataColeopteraChrysomelidae
O adulto é um besouro verde-metálico, medindo de 7 a 10 mm de comprimento. A fêmea faz a postura dos ovos no solo e as larvas fazem pequenos furos superficiais nas raízes. O adulto se alimenta de folhas, deixando-as rendilhadas.

Negrito da batata-doce – Typophorus nigritusColeopteraChrysomelidae
As larvas cavam galerias dentro das raízes e nas ramas. Os danos nas raízes são facilmente reconhecidos por causa dos excrementos encontrados nas galerias. Em algumas oportunidades podem-se encontrar larvas no interior dos túneis um mês após a colheita. Os adultos emergem durante a primavera no início do verão, têm formato arredondado, cor verde-azulado metalizado e medem cerca de 8mm de comprimento. Alimentam-se de folhas e põe seus ovos agrupados debaixo daquelas localizadas ao nível do solo. As larvas passam o inverno no interior das galerias e se empupam no solo, no inicio do período de temperaturas mais elevadas (BIMBONI; RUBERTI, 1990).

Gorgulho da batata-doce – Cylas spp., Coleoptera, Brentidae
Há cerca de 27 espécies descritas. Porém, a mais importante é Cylas formicarius elegantulus, encontrada em países próximos ao Brasil, como os da América Central.
As larvas e os adultos se alimentam de raízes no campo e durante o armazenamento, escavando túneis que se estendem em direção ao interior da raiz e ramas, causando danos semelhantes aos da broca-da-raiz. O adulto mede aproximadamente 8mm de comprimento. Sua cabeça e os élitros são de cor azul escuro metalizado e o tórax e as patas são de cor vermelho escuro. As larvas são brancas com cabeça marrom claro, e o número de gerações por ano varia de 6 a 8 (BIMBONI; RUBERTI, 1990).
Outros insetos, como pulgões (Myzus sp., Aphis sp.), cigarras (Empoasca sp.), lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), lagartas da folhagem (Syntomeida melanthus) e o bicho-bolo (Dyscinetus planatus) raramente causam danos de importância econômica. As formigas cortadeiras se constituem praga importante somente na fase de implantação da cultura, pois cortam brotações novas da rama, podendo provocar falhas na lavoura.




Um comentário:

  1. planto batata doce a 20 anos mas desta vez tive um ataque de tripes que eu nunca vi igual gostei da materia sobre pragas e batatas darcy marcos corrego dantas colatina es

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