CULTURA DA BATATA
Estados mais produtivos: SP, PR, RS, MG, SC.
Origem: altiplanos da região andina.
Botânica: solanácea anual, herbácea, caule aéreo ereto, ramificado de coloração verde-clara ou arroxeada, com 50-60 cm de altura; caule subterrâneo-estolão e tubérculo; folhas com 3-4 pares de folíolos laterais, desenvolvidos ou rudimentares; flores hermafroditas; inflorescência tipo cimeira (branca, rosada ou arroxeada); sistema radicular superficial (0,10-1,0 m profundidade); os tubérculos formam-se ao lado ou acima da planta-mãe.
Constituição dos tubérculos: (15-20% fécula, 2% proteínas, fósforo, vitamina B).
Tuberização - inicia geralmente aos 35-49 dias do plantio, com a batateira (planta) com cerca de 15-25 cm altura independente da floração.
Clima:
- Temperatura: 20-25ºC diurno
10-16ºC noturno
+ 25ºC: Favorece a emergência;
Favorece o alongamento das hastes;
Prejudica a expansão da folha;
Menor número/menor peso tubérculo;
Grande incidência de embonecamento;
Baixas temperaturas noturnas: bom desenvolvimento foliar, alta produtividade.
14-18ºC noturnos: favorece a tuberização.
- Fotoperíodo x tuberização (cultivar):
Dias curtos (8h) + baixas temperaturas noturnas = grande produção de tubérculos;
Dias longos (16h) + altas temperaturas noturnas = falta tuberização.
- Luminosidade alta: - Tuberização mais cedo
- Ciclo mais curto
Florescimento: - alta luminosidade
- dias longos
- temperaturas amenas.
A rama da batateira é extremamente sensível às geadas, mesmo que fracas.
Solo:
pH = 5,0-60
pH > 6,0: favorece a sarna comum (murchadeira).
- areno-argilos, francamente arenoso, leve, bem arejados, de coloração clara.
- absorção de nutrientes: K – N- Mg – S - 40-50 dias emergência;
P – Ca: absorção contínua durante todo o ciclo.
P: - maiores aumentos na produção
- estímulo à formação de tubérculos
- precocidade de maturação
- redução do ciclo cultural
- aumento da produção de tubérculos graúdos.
N: - aumento na área foliar
- deficiência de folhas verdes – folhas inferiores amarelam e caem.
Excesso: - alongamento exagerado das hastes
- acamamento das plantas
- retardamento da maturação
- redução do teor de fécula
- redução da resistência às doenças fúngicas da folhagem.
- Recomendação - 120-200 kg/ha (sulfato amônio) – 1/3 ou ½ no plantio.
K: - aumento da resistência às doenças fúngicas da folhagem
- evita o acamamento precoce.
- aprimora as qualidades culinárias e a conservação dos tubérculos.
45-135 kg, K2O/ha (sulfato K ou cloreto-K).
B: (20kg borax/ha: - aumento 153% na produção)
- aumento na produção de tubérculos grandes
- cessa o enrolamento foliar
Zu: fungicidas.
Época de plantio: outono-inverno ou plantio da seca - fev, março com colheita em outubro-novembro.
Inverno: maio-junho (região onde não ocorreram geadas); Necessidade de irrigação: colheita em setembro-outubro.
Primavera-verão ou plantio das águas: setembro-outubro, com colheita de dezembro-janeiro. Podem ocorrer geadas tardias.
Espaçamento:
- batata-consumo: (0,8 – 0,9) x (0,35 -0,40m)
- batata-semente: (0,70) x (0,25 – 0,30 – 0,35 m)
Tratos culturais
- capina (química, mecânica e manual)
- amontoa (planta com 20-25 cm altura)
- irrigação: maior exigência no estágio de máximo desenvolvimento vegetativo e máximo crescimento dos tubérculos, em média dos 60 dias até a maturação completa. Variações bruscas nos teores de umidade podem causar problemas aos tubérculos, depreciando-os comercialmente.
Colheita
- ciclo: 90-115 dias
- produção: 20-30 (45) t/ha
- classificação dos tubérculos recém-colhidos:
Graúdos = Ø > 4,5 mm
Médios = 33-45 mm
Pequenos = Ø < 33 mm
Produção de batata-semente certificada
- O Brasil importa 450.000 - 500.000 caixas (30kg) de batata-semente européia, multiplicando, menos de 30% desse total, sob certificação.
- A multiplicação, sob certificação do material importado está a cargo de entidades oficiais, como EMBRAPA (SC), EPAMIG (MG), LAC (SP).
- Outro tipo de semente produzida no Brasil é a semente básica (alta seleção, super elite e elite).
- A batata-semente européia chega normalmente ao porto de Santos, em novembro-dezembro, sendo plantada em dezembro-janeiro, obtendo-se os tubérculos de primeira geração ou “filhas de caixa”. Tais tubérculos são guardados em galpões comuns, em altitudes superiores a 1000 m e são novamente plantados em setembro-novembro, originando a segunda geração ou “netas de caixa”.
- Estado fitossanitário – se a cultura ainda for bem, com baixa incidência de virose e ausência de murchadeira, plantam-se as netas, obtendo-se a terceira geração. A multiplicação pode suceder enquanto for possível manter a sanidade do material.
- Cuidados fitossanitários - uso de inseticidas granulados sistêmicos no plantio e pulverização mais freqüentes com inseticidas e fungicidas.
- Isolamento do campo e a erradicação de ervas daninhas;
- Fazem-se duas inspeções de campo: aos 45-50 e aos 55-60 dias de plantio, para avaliar o estado fitossanitário da cultura. Aconselham-se talhões de 5.000 m² separados por largos carreadores.
- Plantas viróticas ou com outros problemas podem ser erradicadas integralmente antes da segunda inspeção, mas plantas com suspeitas de murchadeira, devem ser eliminadas na 1ª geração, pois uma planta com esta bacteriose elimina todo o talhão.
- Regiões favoráveis (multiplicação) - localizam-se no sul e centro-sul do país (Cunha-SP, Cambuí-MG, Nova Friburgo-RJ, Pedra Azul-ES, Cristalina-GO, Alto Paraíso-GO), onde é baixa a incidência e reduzida a movimentação de pulgões devido às baixas temperaturas e à alta velocidade dos ventos.
- Produção nacional de batata-semente certificada tem como obstáculo a bactéria murchadeira (Pseudomonas solanacearum).
- A colheita deve ser antecipada usando-se desfoliantes químicos (Paraquatí ou sulfato de cobre 5%) aos 65-80 dias do plantio conforme a cultivar e as condições agroecológicas.
- Colhe-se de 15-20 dias após a desfolha. Nesse tempo os tubérculos apresentam-se maduros, com película firme, sem danos ou anomalias e de reduzido tamanho.
- Após a colheita os tubérculos são inspecionados, selecionados, classificados e embalados (nos galpões) em caixas ou sacos de malha plástica (30 kg), considerando os seguintes diâmetros:
Tipo: I – maior de 50 até 60 mm
II – maior de 40 até 50 mm
III - maior de 28 até 40 mm
IV – maior de 23 até 28 mm
As embalagens são etiquetadas: nome do produtor, nome do técnico responsável, nome da cultivar, o tipo, o local da produção e a data da colheita.
Conforme o resultado das 3 inspeções, o produto é enquadrado nas classes A, B ou C.
Cultivares holandesas:
- Bintje: tubérculos grandes, oval-alongados regulares, olhos superficiais, polpa amarelo-claro película amarela lisa e brilhante, que não esverdeia facilmente, boas qualidades culinárias, principalmente para “batata-palha”: plantas com desenvolvimento rápido, hastes vigorosas, muito suscetíveis a doenças fúngicas e imune ao vírus A.
- Marijke: cultivar de maturação semitardia, bem produtiva, com tubérculos oval-alongados e regulares, com olhos superficiais, polpa amarelo-clara e película amarelo-escura. Plantas de rápido desenvolvimento, pouco sensíveis a estiagens, pouco suscetíveis à mela e imune ao vírus X e ao A.
- Nicola: tubérculos alongados, cheio e uniformes, com olhos superficiais, película amarelo-clara e lisa, com polpa amarelo-clara. Hastes mediatamente vigorosas, com pouco acamamento e boa resistência a Phytophthora e a Alternaria.
_ Rodosa: cultivar semitardio, mas de rápida formação de tubérculos (oval-alongados); com olhos superficiais, polpa amarelo-clara e película amarelo-escuro. Plantas com hastes vigorosas e eretas, pouco susceptíveis ao vírus de enrolamento da folha.
BATATA – Doenças e controle
1. REQUEIMA – Agente casual: Phytophthora infestans
Controle: Usar semente sadia, cultivares resistentes, destruir fonte potencial de inóculo, evitar local com alta umidade e utilizar fungicidas em pulverizações.
2 . PINTA PRETA – Agente casual - Alternaria Solani – fungo
Controle: Usar cultivares resistentes (cultivares tardias são, em geral, mais resistentes ex. cv. Aracy) e utilizar fungicidas em pulverizações.
3 .SARNA PRATEADA – Agente casual: Helminthosporium solani – fungo.
Controle: Usar semente sadia, tratar sementes com fungicidas, colher tubérculos logo que maduros, fazer rotação de culturas e manter boa ventilação do armazém.
4 .PODRIDÃO SECA – Agente casual – Fusarium spp. E outros fungos.
Controle: Não ferir os tubérculos na colheita e armazenamento, tratar sementes com fungicidas, manter boa ventilação no armazém e evitar ao máximo, o manuseio de tubérculos.
5 . PODRIDÃO MOLE- Agente causal: Ermínia spp, e outras bactérias.
Controle: Evitar umidade excessiva do solo durante a colheita, colher tubérculos maduros e evitar ferimentos.
6 . OLHO PARDO – Agente casual: Cylipdroeladium clayatum – fungo.
Controle: Usar semente sadia, não lavar os tubérculos se o lote apresentar alguma infecção, evitar manuseio do tubérculo e tratar sementes com fungicidas.
7 . MURCHA BACTERIANA – Agente casual: Pseudomonas solanacearum – bactéria.
Controle: Usar semente sadia, fazer rotação de culturas (arroz, cana, milho e sorgo), eliminar ervas daninhas (beldroega, picão, joá, etc) dos campos infestados e plantar em terrenos bem drenados.