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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Solos e Plantio da Cebola

Solos

A cebola se desenvolve melhor em solos de textura média e com teores adequados de matéria orgânica. Estes devem ser livres de impedimentos físicos (camadas compactadas, adensadas e encrostamentos) e serem de boa drenagem para que favoreçam o bom desenvolvimento das raízes e dos bulbos. Solos de textura muito argilosa, principalmente com argila de atividade alta como os Vertissolos dificultam a formação de bulbos, podendo deformá-los. Por outro lado, solos arenosos como os Neossolos Quatzarênicos, apresentam o inconveniente de ter baixa retenção de umidade, baixa disponibilidade de nutrientes e favorecerem a rápida mineralização da matéria orgânica. Solos de má drenagem, que são facilmente encharcáveis, devem ser evitados por dificultar o desenvolvimento fisiológico das plantas e favorecer a ocorrência de doenças. No entanto é possível o plantio nestes solos desde que seja realizada a implantação de sistemas de drenagem (drenos).
Solos de caráter salino e sálico também devem ser evitados pois a salinidade afeta o desenvolvimento das plantas, provocando decréscimos na produtividade de 25%, quando a condutividade elétrica for igual a 2,8 dS/m, e de 50%, quando igual a 4,3 dS/ m.
O preparo do solo é dos requisitos fundamentais para uma produção. Para a sementeira o solo deve ser preparado a uma profundidade de aproximadamente 20 cm e estar bem destorroado. Os canteiros devem seguir as curvas de nível do terreno para evitar a ocorrência de erosão hídrica e deve ter uma superfície uniforme, com leve declividade para não ocasionar escoamento muito rápido das águas da chuva ou irrigação e também o acúmulo de água na superfície, que favoreça a presença de doenças. O local onde será feito a sementeira (canteiro) deve ser de fácil acesso, plano, isento de plantas daninhas de difícil controle e próximo a fonte d`água. O solo deve apresentar boa estrutura, aeração, drenagem, para propiciar boa germinação das sementes e crescimento das plântulas.
A implantação da cultura da cebola é feita, pelos pequenos produtores, por meio do sistema de transplantio de mudas, mas com o desenvolvimento de semeadeiras de precisão, os grandes produtores estão fazendo a semeadura direta.

Produção de mudas

As mudas são produzidas em sementeiras que devem ser instaladas, preferencialmente, em locais próximos à área de transplantio, ensolarados, com solos bem drenados, arejados e que não tenham sido cultivados com cebola recentemente. A qualidade das mudas é de fundamental importância, pois elas são um fator de grande importância para se conseguir alta produtividade e boa qualidade na produção de bulbos.
O preparo das sementeiras consiste de aração e gradagem. O acabamento final é feito normalmente com enxada, os canteiros com dimensões variáveis em função do sistema de irrigação e da topografia do terreno. Admitindo-se utilizar o sistema de irrigação por microaspersão, pode-se confeccionar canteiros com dimensões de 1,0 m de largura por 5,0 m a 10 m de comprimento e altura de 0,10 m, ficando as demais dimensões dos canteiros em função do método de irrigação.
As adubações devem ser feitas com utilização de 50 g/m2 da mistura 6-24-12, incorporados ao solo antes da semeadura. Normalmente, é necessária uma complementação com uma adubação nitrogenada em cobertura, aos 15 -20 dias após a semeadura, empregando-se 10 g de sulfato de amônia/m2, ou 5 g de uréia/m2.
A semeadura deve ser feita com uma quantidade de, aproximadamente, 8 a 10 g de sementes/m2, em sulcos transversais ao comprimento do canteiro, confeccionados a mão ou com auxilio de um riscador de madeira com profundidade em torno de 0,5 a 1,0 cm e distância de 10 cm, sendo necessários 2,5 a 3,0 kg de sementes para o plantio de 01 hectare, semeadas em uma sementeira de 100 m2 para cada kg de sementes.
Logo após a semeadura, como medida preventiva para o controle de pragas, recomenda-se pulverizar sobre as sementes uma solução do inseticida Carbaril na dosagem de 1,5 vez a recomendação comercial. Após esta pulverização, fazer a cobertura das sementes com terra fina ou areia. Em seguida, fazer uma cobertura morta utilizando palha seca de arroz ou capim, ou mesmo tela sombrite, retirando-a no início da emergência das plântulas, sempre ao entardecer As irrigações devem ser feitas, preferencialmente, por microaspersão, com uma freqüência que permita manter o solo sempre úmido, com 80% da umidade disponível.
As pulverizações com inseticidas e fungicidas, bem como as capinas manuais, são práticas utilizadas conforme a necessidade, durante o desenvolvimento e formação das mudas.
Pode-se, também, produzir mudas em bandejas de isopor para plantio de pequenas áreas, sendo necessária a construção de um viveiro com tela ou sombrite para abrigá-las. As bandejas devem ficar apoiadas em bancadas de taboas ou de blocos, para que o fundo fique ao ar livre e não no chão. O substrato para o enchimento das células das bandejas pode ser adquirido no mercado ou preparado na propriedade. Na semeação, podem ser colocadas várias sementes por célula. Os tratos culturais são a irrigação e o manejo de pragas ou doenças.
a) Transplantio de mudas
O transplantio consiste em retirar as mudas da sementeira e levá-las ao local definitivo, onde serão plantadas em solo úmido, manualmente, uma a uma, em espaçamento previamente definido. Na região Nordeste, sob condições normais de cultivo, as mudas alcançam o estágio ideal para transplante entre 30 e 40 dias após o semeio, quando as mesmas apresentam de 4 a 6 mm de diâmetro do pseudocaule e altura média de 18 a 20 cm. As mudas, uma vez arrancadas, devem ser levadas o mais rápido possível para o local definitivo, não sendo necessário fazer nenhum tipo de poda. Deve-se eliminar as mudas fininhas, atrofiadas ou as que apresentarem algum sintoma de doenças.
No local definitivo, as mudas devem ser enterradas até a profundidade em que se encontravam na sementeira, sendo essa prática de transplantio, no Nordeste, efetuada com mão-de-obra feminina. O inconveniente é a necessidade de grande número de mão-de-obra para a operação de transplantio. Entretanto, leva a vantagem de que as mudas são produzidas em sementeiras que ocupam pequeno espaço, gastando-se pouca água nas irrigações e, portanto, menos energia pouca mão-de-obra para os tratos culturais das mudas até a fase de transplantio. Por outro lado, permite a obtenção de um estande desejado, dispensa replantio e raleio.

Espaçamento

A variação do número de plantas por unidade de área afeta a produtividade e a qualidade dos bulbos. Em baixas populações, são obtidos, geralmente, baixos rendimentos e alta percentagem de bulbos médios e grandes. Em cultivos com densidades maiores que a ótima, obtêm-se bulbos pequenos e desuniformes, de mais baixa qualidade comercial, comparativamente ao cultivo em densidade adequada. No Nordeste, são recomendados espaçamentos de 10 x 10 cm e de 15 x 10 cm, por apresentarem as melhores produtividade com bulbos de tamanho médio, comercialmente mais aceitos pelo consumidor. Se a produção visa o mercado externo, o espaçamento deve ser de 15 x 20 cm, pois o mercado externo exige bulbos do tipo Colossal (> 9,5 cm de diâmetro) e Jumbo de (7,5 a 9,5 cm de diâmetro).
b) Semeadura direta
Método utilizado principalmente nos Estados Unidos e em fase de expansão no Brasil, em alguns Estados, como Minas Gerais, Goiás, São Paulo e na Bahia, na região de Irecê e Mucugê. Possui a vantagem de reduzir a utilização da mão-de-obra no plantio e antecipação da colheita em alguns dias. O grande desafio para utilização deste método ainda é o controle de plantas invasoras. No Brasil, ainda não existe um herbicida eficiente e seletivo para controle de plantas daninhas, em especial de folha larga, na fase inicial do cultivo de cebola. Na semeadura direta, há um gasto médio de 2,5 a 5,0 kg de sementes/ha, variando de acordo com o maquinário utilizado. Geralmente, para o plantio direto utiliza-se a irrigação por pivô central,em vez da irrigação por aspersão.

Época de plantio

As distintas regiões produtoras de cebola do país apresentam diversidade quanto às épocas de semeadura e colheita. Isto possibilita o atendimento da demanda nacional, com produção interna durante o ano todo.
A época de plantio deve ser definida em função da compatibilização das exigências fisiológicas da cultivar a ser plantada com as condições ambientais locais e do mercado consumidor. O plantio na época certa, determinada, principalmente, em função das exigências climáticas de cada cultivar em relação ao fotoperíodo e à temperatura, proporciona aumento da produtividade e melhoria considerável na qualidade dos bulbos. Na região Sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná), efetua-se a semeadura no período compreendido entre abril e junho, e a colheita de novembro a janeiro. Na região Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), faz-se a semeadura no período de fevereiro a maio, e a colheita de julho a novembro. Na região Centro-Oeste (Goiás), a semeadura é feita de fevereiro a março e a colheita de julho a setembro. No Nordeste, o cultivo da cebola é realizado durante o ano todo, com concentração de plantio nos meses de janeiro a março e colheitas de maio a julho, para atender à demanda dos mercados consumidores das regiões Nordeste, Sul e Sudeste.

Preparo do solo

A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com boa retenção de umidade, bem drenados e "leves". Em geral, os solos de textura média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições físicas e maior eficiência produtiva.
Solos muito arenosos apresentam o inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos, que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos muito argilosos e "pesados" prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem causar deformações e baixa qualidade comercial.
Com relação à fertilidade, deve-se, com base em análises de solo, fazer a correção e a adubação adequada para cada situação.
Independente do sistema de plantio e do método de cultivo, deve-se utilizar práticas conservacionistas, a começar pelo zoneamento agrícola, considerando-se a aptidão das áreas de cultivo. No plantio em si, deve-se atentar para a adoção de cultivo em nível e com terraceamento ou curvas de nível quando pertinente.
Para o preparo de solo no sistema convencional, são feitas geralmente uma aração e duas gradagens. Em solos que apresentem alguma camada subsuperficial compactada, recomenda-se o uso de subsolador à profundidade de pelo menos 5 a 10 cm abaixo da camada compactada. Em seguida, a finalização do preparo de solo varia conforme o método de plantio.
Quando se utiliza o método de semeadura direta no local definitivo, é comum o uso de rotocultivadores ou enxada rotativa com ou sem encanteirador, de modo a deixar o solo bem destorroado e aplainado, para que se obtenha uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. O uso de canteiros é comum quando se faz necessário melhorar a drenagem em plantios precoces ou em solos de baixadas suscetíveis ao encharcamento.
No caso do método de plantio de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de forma que, dependendo das características do solo, em geral basta o sulcamento. Em solos ou épocas passíveis de encharcamento também se pode efetuar o encanteiramento previamente ao sulcamento.
Para os métodos de plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas.




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