Para cultivo e colheita
O cultivo da cebola no Brasil está concentrado em determinadas regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pernambuco. Em cada uma destas regiões, são plantadas as cultivares mais adaptadas aos fotoperíodos e temperaturas. Estes fatos condicionam as épocas de plantio e colheita e, portanto, o ciclo das safras, o que permite ao Brasil ter colheitas de maio a dezembro.
No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e na região do Sub-médio São Francisco tanto do lado da Bahia quanto de Pernambuco, predominam pequenos e médios produtores, ou seja, aqueles que cultivam até 20 hectares. Em São Paulo existem pequenos, médios e grandes produtores, sendo estes considerados empresários. Na região dos Cerrados de Goiás e na Chapada Diamantina na Bahia, a cebola é cultivada por empresas agrícolas.
Os pequenos e médios produtores implantam suas culturas predominantemente pelo método de transplante e empregam diferentes níveis de tecnologias desde as mais simples até as mais sofisticadas. Já os grandes ou as empresas que utilizam a semeadura direta, em geral, conduzem a cultura toda mecanizada com exceção do arrancamento e arranjo das plantas para a cura, e da toalete dos bulbos. Assim, as produtividades variam de 10 a 80 toneladas por hectare.
A diversidade das regiões de produção, das cultivares com diferentes exigências e ciclos, das épocas de plantio e colheita, do tamanho das áreas cultivadas por produtor e dos níveis de tecnologias empregados, fazem com que os coeficientes técnicos sejam também muito variáveis tanto entre regiões quanto entre agricultores.
As tabelas de coeficientes técnicos que serão apresentadas a seguir foram elaboradas com dados fornecidos por extensionistas, pesquisadores e técnicos de empresas privadas que atuam nas principais regiões de produção e por produtores de cebola. Os coeficientes servem para o cálculo dos custos diretos para a produção, nas principais regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Bahia e Pernambuco, para os métodos de transplante (Tabelas 29 e 30) e semeadura direta (Tabela 31). Por isso, constam somente os itens relativos aos insumos e serviços para o preparo do solo até a colheita e para o recolhimento dos bulbos ao galpão para armazenamento ou para beneficiamento para comercialização.
Tabela 29. Coeficientes técnicos para produção de mudas para 1 (um) hectare, pelo método de transplante de mudas.
Insumos
|
Unidade1
|
Estados
| |||
RS2
|
SC3
|
SP4
|
BA/PE5
| ||
Sementes
|
kg
|
2
|
2
|
1,8
|
2
|
Corretivos
|
kg
|
300
|
100
|
60
|
-
|
Matéria orgânica
|
kg
|
2.000
|
500
|
300
|
-
|
Adubo para plantio
|
kg
|
100
|
60
|
45
|
200
|
Adubo para cobertura
|
kg
|
50
|
20
|
6
|
1,5
|
Adubo corretivo
|
kg
|
-
|
20
|
-
|
-
|
Serragem
|
m3
|
-
|
3
|
-
|
-
|
Serragem
|
t
|
-
|
-
|
6
|
-
|
Herbicidas
|
l
|
1,5
|
0,25
|
0,05
|
-
|
Inseticidas
|
l
|
0,5
|
0,05
|
0,5
|
0,2
|
Fungicidas
|
kg
|
1
|
1,3
|
1
|
0,2
|
Espalhante/adesivo
|
l
|
0,5
|
0,1
|
-
|
0,1
|
Adubo foliar
|
l
|
-
|
-
|
0,6
|
0,2
|
Serviços 6
| |||||
Limpeza da área
|
dh
|
-
|
-
|
-
|
0,25
|
Aração
|
hm
|
0,5
|
0,5
|
-
|
0,3
|
Gradagem
|
hm
|
0,5
|
1
|
-
|
0,2
|
Dist./incorporação calcário
|
dh
|
-
|
-
|
0,25
|
-
|
Dist./incorporação mat. orgânica
|
hm
|
0,5
|
0,5
|
0,5
|
-
|
Dist./incorporação adubo
|
hm
|
0,5
|
0,5
|
0,5
|
1
|
Construção canteiros
|
hm
|
0,5
|
-
|
2
|
-
|
Construção canteiros
|
dh
|
-
|
1,5
|
-
|
-
|
Semeação
|
dh
|
0,3
|
0,3
|
0,5
|
1
|
Aplicação herbicidas
|
dh
|
0,6
|
0,4
|
-
|
-
|
Cobertura morta canteiros
|
dh
|
-
|
-
|
0,5
|
-
|
Irrigações
|
dh
|
-
|
1
|
1
|
1
|
Pulverizações
|
dh
|
-
|
1,6
|
1
|
1
|
Adubação cobertura
|
dh
|
0,6
|
0,1
|
0,25
|
0,25
|
Capinas
|
dh
|
2
|
1,5
|
2
|
0,5
|
1 hm = hora máquina; dh = dia homem.
Fonte da informação: 2 Emater-RS e Embrapa Clima Temperado; 3 ICEPA; 4 Cooxupé e IEA; 5 Embrapa Semi Árido e EBDA.
6 Área de sementeira (em m2) para transplante de 1 (um) hectare: RS = 200; SC = 800; SP = 300; BA/PE = 300.
Produtividade esperada (t/ha): RS = 20; SC = 35; SP = 35; BA/PE = 18.
Tabela 30. Coeficientes técnicos para implantação de 1 (um) hectare de cebola pelo método de transplante de mudas.
Insumos
|
Unidade1
|
Estados
| |||
RS2
|
SC3
|
SP4
|
BA/PE5
| ||
Corretivo
|
t
|
1,5
|
1
|
1
|
2
|
Matéria orgânica
|
t
|
-
|
-
|
5
|
-
|
Adubo para plantio
|
t
|
0,5
|
1
|
1,5
|
0,8
|
Adubo para cobertura
|
kg
|
200
|
150
|
400
|
300
|
Herbicidas
|
l
|
5
|
4
|
4
|
4
|
Inseticidas
|
l
|
2
|
2,6
|
6,2
|
6
|
Fungicidas
|
kg
|
5
|
19
|
42
|
6
|
Espalhante adesivo
|
l
|
2
|
1,8
|
-
|
1
|
Adubo foliar
|
kg
|
5
|
12
|
60
|
5
|
Adubo corretivo
|
un
|
-
|
200
|
-
|
-
|
Sacos
|
un
|
1.000
|
1.800
|
800
|
900
|
Barbante
|
20
|
40
|
10
|
12
| |
Serviços
| |||||
Limpeza da área
|
dm
|
-
|
-
|
2
|
-
|
Aração
|
hm
|
3
|
5
|
6
|
4
|
Gradagem
|
hm
|
2
|
1
|
1
|
1,5
|
Conservação do solo
|
hm
|
-
|
-
|
1,5
|
-
|
Dist./incorporação corretivo
|
hm
|
2
|
2
|
2
|
-
|
Dist./incorporação mat. orgânica
|
hm
|
-
|
-
|
6
|
-
|
Dist./incorporação adubo
|
hm
|
2
|
2
|
-
|
-
|
Construção canteiros
|
dh
|
-
|
-
|
-
|
8
|
Construção canteiros
|
hm
|
2
|
-
|
-
|
-
|
Sulcamento/adubação
|
hm
|
-
|
2
|
2
|
-
|
Incorporação adubo
|
dh
|
-
|
-
|
-
|
0,6
|
Aplicação herbicidas
|
hm
|
-
|
1,6
|
1
|
-
|
Aplicação herbicidas
|
dh
|
2
|
-
|
-
|
5
|
Arranquio e preparo das mudas
|
dh
|
40
|
3
|
35
|
40
|
Plantio
|
dh
|
-
|
45
|
14
|
22
|
Irrigações
|
dh
|
-
|
4,5
|
-
|
-
|
Irrigações
|
hm
|
10
|
36
|
-
|
24
|
Pulverizações
|
dh
|
5
|
15
|
15
|
15
|
Pulverizações
|
hm
|
14
|
-
|
2
|
-
|
Adubação cobertura
|
dh
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Adubação cobertura
|
hm
|
4
|
1
|
-
|
-
|
Adubação foliar
|
dh
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Capinas
|
dh
|
-
|
2
|
-
|
-
|
Colheita | |||||
Afofamento do solo
|
hm
|
2
|
-
|
-
|
-
|
Arranquio/arrumação das plantas
|
dh
|
10
|
8,5
|
20
|
10
|
Toalete/ensacamento dos bulbos
|
dh
|
5
|
35
|
40
|
40
|
Transporte para o galpão
|
dh
|
10
|
16
|
6
|
6
|
Transporte para o galpão
|
hm
|
10
|
16
|
10
|
1 hm = hora máquina; dh = dia homem.
Fonte da informação: 2 Emater-RS e Embrapa Clima Temperado; 3 ICEPA; 4 Cooxupé e IEA; 5 Embrapa Semi Árido e EBDA.
Produtividade esperada (t/ha): RS = 20; SC = 35; SP = 35; BA/PE = 18.
Tabela 31. Coeficientes técnicos para implantação da cultura para o cultivo pelo sistema de semeio direto.
Insumos
|
Unidade1
|
Estados
| |
SP2
|
GO2
| ||
Sementes
|
kg
|
5
|
4
|
Corretivos
|
t
|
-
|
3
|
Adubo para plantio
|
t
|
1
|
4
|
Adubo para cobertura
|
t
|
1
|
0,7
|
Herbicidas
|
l
|
4,5
|
1
|
Inseticidas
|
l
|
8
|
8
|
Fungicidas
|
kg
|
97
|
30
|
Espalhante adesivo
|
l
|
0,2
|
0,2
|
Adubo foliar
|
l
|
-
|
17
|
Sacos
|
un
|
1.000
|
4.000
|
Barbante
|
un
|
10
|
30
|
Serviços
| |||
Aração
|
hm
|
1,6
|
4
|
Gradagem
|
hm
|
3
|
1
|
Dist./incorporação adubo
|
hm
|
1
|
1,5
|
Semeação
|
hm
|
0,48
|
2
|
Aplicação herbicidas
|
hm
|
1
|
3
|
Irrigações
|
hm
|
48
|
30
|
Pulverizações
|
hm
|
15
|
25
|
Adubação cobertura
|
dh
|
8
|
2
|
Colheita
| |||
Afofamento do solo
|
hm
|
1
|
1
|
Arranquio/arrumação das plantas
|
dh
|
10
|
10
|
Toalete/recolhimento dos bulbos
|
dh
|
40
|
60
|
Carga horária
|
dh
|
10
|
8
|
1 hm = hora máquina; dh = dia homem.
2 Fonte da informação: Empresa produtoras.
Produtividade esperada (t/ha): GO = 50; SP = 40.
Capacidade do saco (kg): GO = 20; SP = 45.
Para o preparo dos bulbos para comercialização
No preparo para a comercialização, os bulbos passam pelas operações de limpeza, seleção, classificação, ensacamento, substituição de sacos, pesagem, costura da boca do saco e empilhamento ou paletização. As operações de limpeza, classificação e ensacamento são feitas pela máquina classificadora. Já as operações de alimentação da esteira da classificadora, seleção, substituição de sacos, pesagem e costura da boca do saco são feitas com a participação de operários. A necessidade de operários para o beneficiamento depende da capacidade da máquina beneficiadora (Tabela 32).
As máquinas classificadoras são instaladas de acordo com o volume de bulbos a serem beneficiados e por isso somente grandes produtores e empresas dispõe das mesmas.
Tabela 32. Necessidade de operários para o preparo dos bulbos para comercialização.
Operações |
Capacidade de máquina (sacos/hora)
| |
100
|
500
| |
Alimentação da esteira
|
1
|
4
|
Seleção
|
3
|
20
|
Substituição dos sacos
|
1
|
10
|
Pesagem
|
1
|
5
|
Costura da boca
|
1
|
5
|
Pequenos e médios produtores comercializam suas produções sem o beneficiamento ou pagam por este serviço, que em geral é feito pelos comerciantes atacadistas.
Custos de produção e rentabilidade
Para o cálculo dos custos de produção e rentabilidade, além dos coeficientes técnicos que compõe os custos variáveis da cultura, é necessário levar em conta outros parâmetros de custos variáveis e fixos. Nos custos variáveis devem ser incluídos os valores referentes ao uso da terra, juros sobre financiamentos, despesas de comercialização, assistência técnica, seguros e como fixos impostos e taxas, remuneração do capital ou da terra, manutenção e depreciação de benfeitorias e máquinas, etc.
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