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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Produção de mudas de Cebola



Este método de plantio é o mais utilizado no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Nordeste. Permite seleção de mudas vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos uniformes em formato e tamanho.

O gasto com sementes é menor, o consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é reduzido e o manejo da adubação, das plantas daninhas e de doenças e pragas é facilitado em comparação com a semeadura direta. Em contra-partida, este método necessita de muita mão-de-obra.

As mudas podem ser produzidas em sementeira (mudas de raízes nuas) ou em bandejas.



Mudas de raízes nuas



Na escolha do local da sementeira deve-se dar preferência por local ensolarado de manhã e sombreado à tarde, com disponibilidade de água de boa qualidade, de fácil acesso e, na medida do possível, próximo do local definitivo de plantio.

Para a produção de mudas, são formados canteiros com 15 a 20 cm de altura, com cerca de 1,1 m de largura no topo e comprimento variável, corrigidos para pH 6,0 a 6,5 e adubados com adubo orgânico e químico, segundo análise de solo.

A semeadura nos canteiros da sementeira pode ser realizada em sulcos ou a lanço. Os sulcos podem ser feitos longitudinais ou transversais aos canteiros, na profundidade de 1 a 1,5 cm, espaçados de 10 cm ou mais entre si (Figura 1). Os sulcos dispostos transversalmente facilitam capinas manuais.

A quantidade de sementes por metro linear de sulco gira em torno de 80 unidades, gastando-se 2 a 3 g de sementes por metro quadrado de canteiro. Na semeadura a lanço, as sementes são distribuídas na superfície dos canteiros e cobertas com camada de 1 a 1,5 cm de solo, podendo-se utilizar também serragem de madeira curtida.

Em média, cada metro quadrado de sementeira fornece mudas para o transplante de 10 a 15 m2 no campo. Considerando semeadura adequada e bom manejo no viveiro, a taxa de aproveitamento de mudas gira em torno 90%. Para a formação de mudas para um hectare são necessários 1,5 a 2,5 kg de sementes.

É recomendável a cobertura dos canteiros da sementeira com camada fina de palha de arroz ou capim seco até o início da emergência das plântulas, o que ocorre entre 6 e 10 dias, quando o material deve ser retirado. O procedimento visa obter maior retenção de umidade na superfície durante o período da semeadura à germinação.

Durante o crescimento das mudas, os canteiros devem ser limpos por meio de capinas manuais ou químicas e deve-se efetuar adubação de cobertura, especialmente nitrogenada, segundo recomendação técnica.

As mudas são transplantadas quando apresentam o pseudocaule com diâmetro entre 4-8 mm ou 3-4 folhas. Nesta fase, as mudas estarão com idade entre 40 e 70 dias, dependendo da cultivar e da época do ano. Em regiões e épocas mais frias, especialmente na Região Sul, as mudas podem levar até 90 dias para chegar ao ponto de transplante.

Selecionam-se as mudas mais vigorosas e o transplante é realizado para os sulcos no local definitivo de plantio.

Alguns agricultores cortam as pontas das folhas, deixando as plantas com uns 15 cm, para facilitar o transplante, especialmente quando a folhagem está muito desenvolvida. Esta prática, no entanto, não é recomendada por abrir portas de entrada para a infecção por fungos e bactérias, especialmente quando a umidade relativa do ar está elevada.

O transplante em canteiros é realizado em linhas espaçadas aproximadamente 20 cm entre si, cabendo em geral 5 linhas por canteiro. A profundidade de plantio das mudas é de aproximadamente 5 cm e o espaço entre mudas varia de 5 a 10 cm.

O transplante para sulcos, sem a utilização de canteiros, é feito em algumas regiões ceboleiras do Estado de São Paulo. O preparo e nivelamento do solo são realizados e são abertos sulcos em nível, distanciados de 30-40 cm. As mudas são transplantadas na distância aproximada de 6 cm no sulco. Desta forma, um hectare comporta 415 a 550 mil plantas.

No sistema de plantio direto, as mudas são transplantadas para as linhas de plantio, distantes entre si 25 a 45 cm, no espaçamento entre plantas de 5 a 10 cm, proporcionando população final em torno de 500 mil plantas por hectare.

Produção de mudas em bandejas



A adoção da produção de mudas de cebola em bandejas de poliestireno expandido (isopor) vem sendo ampliada nos últimos anos. Em geral, utilizam-se bandejas com 288 células. Porém, na avaliação da viabilidade econômica desta tecnologia, deve-se considerar as realidades locais, tais como a população de plantas tradicionalmente usada, a existência de viveiristas e o custo de produção de mudas na região, além da expectativa de preços no mercado de cebola.

Como vantagens têm-se a praticidade pela redução nos tratos culturais, o melhor aproveitamento de sementes e a redução dos problemas fitossanitários, em função da produção de mudas utilizar substrato desinfestado e não solo como nos canteiros. Como desvantagem, o custo de produção de mudas é, geralmente, maior.

O transplante deve ser feito mais precocemente, com 35-40 dias, pelo rápido desenvolvimento das mudas. Atrasos no transplante podem levar ao esgotamento do substrato e comprometimento da qualidade da muda, inclusive com possível bulbificação precoce nas bandejas, além da elevação no custo de produção de mudas, pela sua manutenção no viveiro.

Este método vem ganhando espaço em áreas ceboleiras do Estado de São Paulo onde, pelo cultivo intensivo de décadas, algumas áreas vem apresentando problemas com fungos de solo, que são mais severos quando ocorrem na fase de germinação comprometendo o estande, e onde a mão-de-obra está cada vez mais escassa.

Vem se utilizando por hectare cerca de 550 bandejas com 288 células. É comum o uso de 2 a 4 plantas por célula, lembrando que os bulbos apresentam uma grande capacidade de arranjo espacial.

Cultivo de bulbinhos



O método de cultivo por bulbinhos visa obter colheita precoce em relação aos métodos de transplante de mudas e de semeio direto.

Consiste de duas etapas: a produção de bulbinhos em uma primeira época, normalmente de julho-agosto a outubro-novembro, e o plantio dos bulbinhos para a obtenção da produção comerciável em outra, normalmente em fevereiro.

Produção de bulbinhos

Os bulbinhos são obtidos fazendo-se semeadura adensada em época de fotoperíodo e temperatura crescentes, o que ocorre a partir de julho, mas principalmente em agosto e, portanto, sob condições favoráveis à bulbificação precoce. Além disso, a competição por luz e nutrientes em altas densidades de plantas propiciam a formação de bulbos pequenos.

A semeadura é feita normalmente em canteiros, em linhas espaçadas de 10 cm, na profundidade de 1 a 1,5 cm, e a taxa de semeadura vai de 2 a 4 g de sementes por metro quadrado de canteiro. São necessários 1 a 2 kg de sementes para obtenção de 1.500 a 1.800 kg de bulbinhos, suficientes para o plantio de um hectare. A área a ser semeada para a produção de bulbinhos para um hectare é de 800 m2. A semeadura também poderá ser realizada a lanço na superfície dos canteiros.

A colheita dos bulbinhos é realizada em outubro-novembro, da mesma forma que no sistema de produção de bulbos comerciais, ou seja, quando cerca de 40 a 50% das plantas estiverem estaladas. Faz-se o arranquio espalhando-se as plantas sobre os canteiros, de maneira que as folhas de uma planta cubram o bulbinho da outra, evitando sua queima pelo sol. Este processo, chamado de cura de campo, é completado com a cura de galpão, onde as plantas são armazenadas em galpão ventilado até a véspera do plantio.

Plantio dos bulbinhos

Os bulbinhos (Figura 2) estão aptos a serem plantados somente após passarem pelo período de dormência, que é variável com cada cultivar.

Em geral, as cultivares do tipo "Baia Periforme" tem período de dormência em torno 40 dias, de forma que os bulbinhos colhidos em final de outubro estarão aptos a serem plantados a partir de meados de dezembro. No entanto, os meses de dezembro e janeiro são, em geral, muito chuvosos, o que aumenta os problemas fitossanitários, além de dificultar sobremaneira o preparo de solo. Além disso, como o período chuvoso na Região Sudeste, onde este método é mais utilizado, vai até abril-maio, plantios muito precoces prolongariam o ciclo. Assim, o mais comum é o plantio em fevereiro.

O plantio dos bulbinhos é realizado após efetuada a limpeza das raízes e da parte aérea. Os bulbinhos são então plantados no campo, em canteiros ou em sulcos, nos mesmos espaçamentos utilizados no método de transplante de mudas.

A colheita ocorre de maio a junho, quando o mercado está em geral mais desabastecido e os preços estão mais altos. Por questões econômicas e de mão-de-obra, além da oportunidade de cultivo em diferentes condições no território nacional, permitindo colheita em diferentes épocas, este método está caindo em desuso. Ainda é utilizado em alguns municípios do Estado de São Paulo, notadamente Divinolândia, e de Minas Gerais.



domingo, 24 de dezembro de 2017

Cultivares de Cebola



Cultivares

A produção de cebola no Brasil é baseada em cultivares de polinização livre e híbridas. As cultivares do tipo "Baia Periforme" possuem, em geral, adaptação ampla; resistência a doenças foliares boa; conservação pós-colheita boa; teor de matéria seca alto e; sabor, odor e pungência acentuados.
Cultivares do tipo "Crioula" são adaptadas principalmente à Região Sul do Brasil e possuem, entre outras qualidades, bulbos de cor amarela escura, pungência alta e excelente conservação pós-colheita.
As cultivares híbridas possuem maior uniformidade do que as de polinização livre e, por conseguinte, toleram densidade de plantio maior, apresentam uniformidade de bulbificação e produtividade maiores.
As cultivares disponíveis no Brasil (Tabela 1) visam atender as exigências do consumidor brasileiro que prefere bulbos de tamanho médio (50-90 mm de diâmetro), de formato globular, com catáfilos (escamas) externos de cor amarela e internos de cor branca e sabor pungente. Cultivares de bulbos arroxeados estão basicamente restritas ao Nordeste Brasileiro.
O mercado ainda é limitado para as cebolas de sabor suave e doce, preferidas para saladas, e para cebola brancas, preferidas pela indústria.
A maioria das cultivares disponíveis são para semeio de final de verão a meados de outono e colheita de agosto a novembro, época considerada ideal para o cultivo de hortaliças em condições de campo no Brasil.
O cultivo de verão (semeio em final de primavera a início de verão) tem como principal inconveniente a bulbificação sob altas temperaturas, chuvas excessivas e maior incidência de doenças, pragas e plantas daninhas. As cultivares Alfa Tropical e BRS Alfa São Francisco, ambas disponibilizadas pela Embrapa, são as únicas para plantio no verão e possuem bom nível de resistência às doenças antracnose e mancha púrpura.
As cultivares Baia Periforme, Baia Periforme Precoce, Baia Periforme Super Precoce, Primavera e Piraouro são adaptadas ao processo de produção por bulbinhos.
Para atender a indústria de processamento, a Embrapa Hortaliças disponibilizou em 1998 a cultivar Beta Cristal, com elevado teor de sólidos solúveis, de escamas brancas e bastante pungentes. Além de adequada para desidratação e produção de pasta, pode ser usada para a indústria de conservas.

Tipos de Cebola

Para armazenamento – são cebolas geralmente menores, mais firmes e mais pungentes, e possuem em geral escamas protetoras bem aderidas, resistência alta a doenças de pós-colheita e longo período de dormência, resistindo a vários meses de armazenamento. Devido ao seu sabor forte, são usadas principalmente para dar sabor a alimentos cozidos. Os programas de melhoramento de cebola no Brasil tradicionalmente têm concentrado esforços no desenvolvimento de cultivares para este fim.
Para salada - são cebolas geralmente maiores, mais macias, mais "adocicadas", de sabor suave, de textura crocante e preferencialmente de centro único. Possuem período de comercialização curto devido ao período de colheita e de vida pós-colheita curtos. Pelas suas características, são preferidas para serem consumidas em saladas. De modo geral, cebolas suaves e doces são aquelas que possuem menos que 4 mmol de ácido pirúvico/g de massa fresca e pelo menos 6% de açúcar.
Para processamento – são cebolas com teor alto de matéria seca, pungência alta, teor baixo de açúcares redutores e de polpa e escamas brancas. Possuem estas características, de modo a se ter alto rendimento industrial de um produto de alta qualidade. São cebolas utilizadas pelas indústrias de processamento para a produção de pasta de cebola, cebolas desidratadas e cebolas em conserva, além de outros produtos.


sábado, 16 de dezembro de 2017

Deficiências nutricionais na Cultura da Cebola



Além de reduzir a produtividade, a deficiência ou excesso de minerais causa desequilíbrios nutricionais que geram grandes prejuízos à cebola.
A diagnose visual é um método auxiliar na tomada de decisão, embora quando há manifestação de falta ou excesso e estes possam ser corrigidos a tempo, normalmente algum prejuízo é esperado.
A seguir estão descritos sintomas visuais mais comuns de falta de macro e micronutrientes em cebola. Enquanto para alguns elementos minerais a falta é facilmente detectada, para outros, os sintomas visuais não são exclusivos e dificultam a associação do sintoma com um único elemento mineral.

Nitrogênio
Figura 1. Sintoma de deficiência de nitrogênio

A deficiência de N na cebola causa inicialmente redução na taxa de crescimento da parte aérea e sistema radicular. Em seguida há descoloração generalizada da parte aérea - as folhas tornam-se verde-claras ou verde-amareladas - e ocorre necrose de coloração palha-clara nas pontas das folhas, iniciando-se pelas mais velhas (Figura 1). Persistindo a deficiência, as áreas necrosadas aumentam em tamanho e as necroses de cor palha nas folhas velhas adquirem tonalidade escura. As folhas novas ficam menores tanto no comprimento quanto do diâmetro, ralas e delicadas.
No caso de deficiência prolongada, a planta inteira exibe tais sintomas, há estagnação do crescimento da planta e as folhas mais velhas amarelecem e secam. Em plantas florescidas, há redução do número e tamanho das umbelas, com maturação precoce das mesmas. Convém lembrar que temperaturas baixas, excesso de água ou seca prolongada podem causar sintomas semelhantes.
O excesso de N pode ocasionar diversos problemas tais como alongamento do ciclo, plantas com "pescoço grosso", muito viçoso, com excesso de folhas e que em geral não produzem bulbos de boa qualidade. Além disso, aumenta a suscetibilidade a doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos bulbos. 

Potássio
Figura 2. Sintoma de deficiência de potássio
As primeiras alterações visuais em plantas de cebola sob deficiência de K são a clorose seguida da necrose de coloração palha-clara das extremidades das folhas mais velhas (Figura 2).
Na fase mais adiantada da deficiência, as folhas tornam-se amarelas e suas extremidades necrosadas adquirem tonalidade escura. Persistindo a deficiência, as folhas mais novas também exibem clorose nas pontas que pode avançar para uma necrose. Ocorre diminuição do crescimento geral da planta.
O K aumenta a tolerância a doenças e propicia melhor formação do bulbo e maior conservação pós-colheita, sendo essencial o balanço K:N para o bom desenvolvimento e qualidade da cebola. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio

 Fósforo
Figura 3. Sintoma de deficiência de fósforo

Sob carência de P, as folhas mais velhas adquirem coloração verde-clara a verde-amarelada generalizada. Há redução no crescimento das plantas, seguido de necrose de coloração palha-clara nas extremidades das folhas mais velhas (Figura 3).
Persistindo a deficiência do mineral, a necrose de cor palha-clara torna-se escura e pode ocorrer bronzeamento generalizado na folhagem da planta. As folhas mais jovens tornam-se de cor verde escura, finas e menores e também podem apresentar clorose seguida de necrose nas extremidades. Ocorre também redução do tamanho dos bulbos. O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes, especialmente de zinco e cobre.

Cálcio
Figura 4. Sintoma de deficiência de cálcio

Os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais novas que tombam sem se quebrarem, mesmo estando aparentemente sadias (Figura 4).
Após alguns dias, estas folhas começam a secar do ápice para a base, adquirindo coloração palha; posteriormente, são acometidas as folhas intermediárias e, por último, as mais velhas, que são igualmente afetadas em caso de deficiência prolongada de Ca.
Toxicidade deste nutriente ainda não foi relatada; entretanto, sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente o magnésio e o potássio.

Magnésio
Figura 5. Sintoma de deficiência de magnésio

Sob deficiência do Mg, as folhas mais velhas tornam-se amareladas do ápice para a base (Figura 5).
Na fase mais adiantada da deficiência, a clorose progredi em área e intensidade e há secamento das extremidades das folhas que exibem tonalidade bronzeada. Os sintomas  progridem para as folhas mais novas com o passar do tempo e há redução do tamanho dos bulbos.

Enxofre
Figura 6. Sintoma de deficiência de enxofre

As folhas mais novas tornam-se inicialmente verde-claras e em seguida verde-amareladas, iniciando-se pelas folhas mais novas.
As folhas algumas vezes ficam deformadas, exibindo nervuras em tom verde-escuro. Posteriormente as folhas novas secam completamente do ápice para a base. Nas folhas mais velhas ocorre necrose das extremidades de coloração palha-média, passando a escura (Figura 6).
O S influencia o sabor e o aroma da cebola, de tal forma que existe relação direta entre o teor de S do solo e a pungência do bulbo. Mesmo as cultivares de cebola suaves tornam-se mais pungentes com o aumento da disponibilidade de S no solo. A adequada nutrição em S é também importante para a maior conservação pós-colheita dos bulbos.

Micronutrientes
Em condições normais, nos solos brasileiros apenas o boro e o zinco e, em alguns casos, o cobre têm se mostrado deficientes para a cultura da cebola. Ferro, manganês, molibdênio e cloro geralmente não representam problemas.

Boro
Figura 7. Sintoma de deficiência de boro

Plantas deficientes de B exibem inicialmente redução na taxa de crescimento, alteração na tonalidade da cor verde nas folhas, passando do verde-escuro para o verde-azulado, tornando-se retorcidas, espessas e quebradiças. Rapidamente as folhas mais novas exibem necrose no ápice, tornando-se completamente secas em poucos dias (Figura 7).
Sob ausência contínua do B, os sintomas de deficiência passam a ser exibidos pelas folhas mais velhas, finalizando com a morte das plantas.
Há aumento na incidência de podridões durante o armazenamento dos bulbos diminuindo a conservação  pós-colheita. 

Zinco
Figura 8. Sintoma de deficiência de zinco

Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais novas. A carência provoca redução no crescimento das plantas, estriamento nas folhas, e algumas vezes, encurvamento das mesmas com clorose (Figura 8).
Podem ocorrer ainda manchas cloróticas nas folhas mais novas e manchas irregulares amareladas nas folhas mais velhas. Pode haver falta de formação de botões florais, ocorrendo produção muito pequena de sementes

Cobre
Figura 9. Sintoma de deficiência de cobre

Os sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais novas. Sob deficiência, as plantas apresentam-se fracas e sem firmeza e as folhas com clorose esbranquiçada nas suas extremidades, além de retorcidas e com necrose nas pontas e margens das folhas (Figura 9).

Molibdênio (Mo)

Figura 10. Sintoma de deficiência de molibdênio
Em plantas sob deficiência de Mo, observa-se inicialmente necrose de cor palha-clara nas folhas mais velhas, semelhante a deficiência de K, mas aparentemente sem ser precidida de clorose (Figura 10). Com o passar do tempo, todas as demais folhas exibem necrose nas pontas, com exceção das folhas mais novas. Folhas ficam mais eretas se assemelhando aos sintomas de deficiência de N.
Com a manutenção da deficiência do elemento, há evolução da área necrosada nas extremidades das folhas, mas nenhuma outra alteração é observada.

Manganês (Mn)

 Figura 11. Sintoma de deficiência de manganês
Sob deficiência de Mn, ocorre necrose de cor palha-clara (semelhante  a deficiência de K) nas extremidades das folhas, com exceção das mais novas (Figura 11).
A exemplo do ocorre com as deficiências de Zn e Cu, a necrose é abrupta, sem ser precedida de clorose. Com o passar do tempo, as áreas necrosadas das extremidades das folhas evoluem.
Alguns trabalhos destacam que sob de deficiência de Mn, as folhas mais velhas mostram clorose, que progride em tamanho e intensidade de amarelecimento, sendo que tais sintomas podem progredir para as folhas mais novas. 

Ferro

       Figura 12. Sintoma de deficiência de ferro
Sob carência de Fe, surgem inicialmente estrias amareladas na base das folhas novas. Com o passar do tempo, o estriamento das folhas avança para as folhas de idade intermediária e mais velhas (Figura 12).
As folhas tornam-se mais eretas. Persistindo a carência do elemento, o estriamento inicial dá lugar a um amarelecimento generalizado das folhas, começando pelas mais novas.
Simultaneamente ou seguindo este amarelecimento generalizado, há a ocorrência de cor palha muito clara (esbranquiçado), começando pelas extremidades e progredindo por toda a folha. As folhas necrosadas apresentam textura aveludada, diferente dos tecidos necrosados por deficiência de outros elementos minerais.
Algumas plantas podem exibir áreas necrosadas esbranquiçadas de formato irregular ao longo das estrias amarelas.



sábado, 9 de dezembro de 2017

Calagem e Adubação na Cebola



Calagem

A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por Al³+. Dessa forma, a calagem é fundamental nos solos brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável.
Cálculo de necessidade de calagem:
A quantidade de calcário a ser adicionado ao solo é calculada com base na análise de solo, podendo-se utilizar um dos métodos a seguir:
       A. Método da elevação da porcentagem de saturação por bases
       t.ha-¹ de calcário = (V2 - V1).T/PRNT, em que:
       V2 = 70% (saturação por bases desejada); V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca²+ + Mg²+ + K+).100]/T;
       T = capacidade de troca catiônica [Ca²+ + Mg²+ + K+ + (H + Al)], em cmolc.dm-³;
       PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.

       B. Método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+ + Mg²+
       t.ha-¹ de calcário = Y.[Al³+ - (mt.t/100)] + [X-(Ca²+ + Mg²+)].100/PRNT, em que:
       X = exigência em cálcio e magnésio pela cultura (para cebola X = 3,0);
       mt = máxima saturação por alumínio tolerada pela cultura (para cebola mt = 5,0);
       Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo podendo ser definido de acordo com a textura. Para solos                    arenosos (0 a 15% de argila); textura média (16 a 35% de argila); argilosos (36 a 60 de argila); muito argilosos (61 a 100 de                argila), usa-se valores de Y de 0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0, respectivamente.

       C. Método SMP
       Este método, utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se no índice SMP para a recomendação de          calagem. Para o cultivo da cebola, uma vez determinado o índice SMP na análise de solo, obtém-se a quantidade de calcário a          ser aplicada para elevar o pH do solo a 6,0 mediante o uso da Tabela 1.
Tabela 1. Quantidade de calcário (PRNT 100%) com base no ínidice SMP, visando a atingir o pH 6,0 em água, para correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Fonte: COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS-NRS/EMBRAPA-CNPT, 2004. 400 p.

Adubação


Sistema Convencional

Os solos brasileiros são em sua maioria naturalmente ácidos e pouco férteis, apresentando restrições ao desenvolvimento da cebola. Além dessa acidez natural, o cultivo do solo promove uma acidificação contínua pelo uso de determinados adubos.
Portanto, o uso de corretivos da acidez e de adubos é de grande importância para a produção. Convêm enfatizar que o tipo e a quantidade de calcário e adubos devem ser definidos com base na análise de solo da área que se vai cultivar.
Como principais neutralizantes de acidez têm-se os calcários (carbonatos de cálcio e de magnésio); a cal virgem (óxidos de cálcio e de magnésio); e a cal hidratada (hidróxidos de cálcio e de magnésio).
Dentre os calcários, o dolomítico é o mais adequado para a maioria dos solos por conter maior quantidade de magnésio (> 12% de MgO). O calcário magnesiano apresenta 5 a 12% e o calcítico menos de 5% de MgO. É importante atentar para a relação entre o cálcio e o magnésio no solo que deve ser de aproximadamente 3 a 4:1 mol (Ca:Mg).
No caso de se usar o calcítico faz-se necessário complementar a adubação com sulfato, carbonato ou óxido de magnésio. Além da neutralização da acidez do solo, a calagem supre o cálcio e o magnésio necessários à nutrição da planta. Os demais nutrientes serão fornecidos como adubos minerais e/ou orgânicos no plantio e em cobertura.
Na maioria das vezes, o fósforo, enxofre e os micronutrientes são aplicados de uma única vez e de forma localizada, no plantio. Já o nitrogênio e o potássio são aplicados no plantio e em cobertura, parcelados, na forma sólida ou juntamente com a água de irrigação, em fertirrigação.

Sistema Orgânico

Em sistemas orgânicos de produção, fazer adubações com a mesma quantidade e frequência do sistema convencional pode não apresentar os resultados esperados, pois algumas fontes orgânicas apresentam liberação lenta de nutrientes para as plantas e estes nutrientes estão ligados a moléculas complexas, dependendo de processos bioquímicos para se tornarem disponíveis.
Em solos de primeiro ano, dependendo da análise do solo, além da calagem é bastante comum realizar fosfatagem utilizando os  fosfatos naturais visando criar uma reserva de fósforo no solo que será disponibilizada lentamente ao longo dos sucessivos cultivos.

Adubação de plantio

A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, distribuída em toda a área antes do encanteiramento, utilizando o equivalente a 10 t.ha-1 de composto orgânico em termos de massa seca. Como alternativa pode ser utilizada a mesma quantidade de composto de farelos ou de esterco de curral curtido, ou ainda a metade de esterco de aves. Além do adubo orgânico, uma vez constatado teores baixos de fósforo na análise de solo, deve-se aplicar de 100 a 200 g.m-2 de termofosfato no plantio.
O cálculo das dosagens de adubos orgânicos para o plantio pode ser feito também levando-se em consideração a análise do solo, a composição química do adubo e a exigência da cultura. Como exemplo, considere o plantio de um hectare de cebola em que pela análise de solo se recomende aplicar 120 kg de N, 180 kg de K2O e 300 kg de P2O5 e têm-se disponíveis os adubos orgânicos com suas respectivas composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc) apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Adubos orgânicos, composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc).
¹fc-100/%MS
Fonte: SOUZA, J.L de; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgânica. 2a. Ed. atualizada - Viçosa: Ampliada Aprenda Fácil, 2006. 843 p.
Esterco bovino necessário:
N = kg.ha-1 de N recomendado pela análise de solo x fc para N = 120 x 20 = 2.400 kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também:
P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1;
K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1.

Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo:
K = (kg.ha-1 de K recomendado - kg.ha-1 de K fornecido pelo esterco bovino) x fc para K = (180 - 120) x 10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também:
P = kg.ha-1 de cinzas: fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1.
Para completar o P, vamos usar o fosfato natural:
P = (kg.ha-1 de P recomendado - kg.ha-1 de P fornecido pelo esterco bovino - kg.ha-1 de P fornecido pelas cinzas) x fc para P = (300 – 60 -15) x 3,3 = 742 kg.ha-1 de fosfato natural.
Portanto, para atender as recomendações indicadas pela análise de solo neste exemplo, para o plantio de um hectare de cebola devemos aplicar uma mistura contendo 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg de fosfato natural.
Estes cálculos levam em consideração apenas a constituição química dos adubos, sendo que os aspectos físicos e biológicos do solo, muito importantes nos sistemas de produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades recomendadas no exemplo acima podem ser aumentadas considerando as características climáticas e de solo de cada região.

Adubação em cobertura

As adubações de cobertura são feitas, dependendo da necessidade da cultura, aos 30 e/ou 60 dias após o transplante. A adubação pode ser feita com 5 t.ha-1 de composto orgânico (massa seca) ou 3 t.ha-1 de composto de farelos (bokashi) ou aplicação de 0,4 L.m-2 de extrato de composto (composto orgânico:água, relação em volume de 1:3) ou de biofertilizantes líquidos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Preparo do solo para a Cultura da Cebola



A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com boa retenção de umidade, bem drenados e "leves". Em geral, os solos de textura média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições físicas e maior eficiência produtiva.
Solos muito arenosos apresentam o inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos, que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos muito argilosos e "pesados" prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem causar deformações e baixa qualidade comercial.
Com relação à fertilidade, deve-se, com base em análises de solo, fazer a correção e a adubação adequada para cada situação.
Para o preparo de solo no sistema convencional, são feitas geralmente uma aração e duas gradagens. Em solos que apresentem alguma camada subsuperficial compactada, recomenda-se o uso de subsolador à profundidade de pelo menos 5 a 10 cm abaixo da camada compactada. Em seguida, a finalização do preparo de solo varia conforme o método de plantio.
Quando se utiliza o método de semeadura direta no local definitivo, é comum o uso de rotocultivadores ou enxada rotativa com ou sem encanteirador, de modo a deixar o solo bem destorroado e aplainado, para que se obtenha uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. O uso de canteiros é comum quando se faz necessário melhorar a drenagem em plantios precoces ou em solos de baixadas suscetíveis ao encharcamento.
No caso do método de plantio de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de forma que, dependendo das características do solo, em geral basta o sulcamento. Em solos ou épocas passíveis de encharcamento também se pode efetuar o encanteiramento previamente ao sulcamento.
Para os métodos de plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas.

Transplante de mudas

Este método de plantio é o mais utilizado no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Nordeste. Permite seleção de mudas vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos uniformes em formato e tamanho.
O gasto com sementes é menor, o consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é reduzido e o manejo da adubação, das plantas daninhas e de doenças e pragas é facilitado em comparação com a semeadura direta. Em contra-partida, este método necessita de muita mão-de-obra.
As mudas podem ser produzidas em sementeira (mudas de raízes nuas) ou em bandejas.

Cultivo de bulbinhos

O método de cultivo por bulbinhos visa obter colheita precoce em relação aos métodos de transplante de mudas e de semeio direto.
Consiste de duas etapas: a produção de bulbinhos em uma primeira época, normalmente de julho-agosto a outubro-novembro, e o plantio dos bulbinhos para a obtenção da produção comerciável em outra, normalmente em fevereiro.

Semeadura direta

Este método é utilizado, principalmente, por médios e grandes produtores, que normalmente dispõem de sistema de irrigação por aspersão do tipo pivô-central.
A semeadura é realizada mecanicamente por meio de semeadoras convencionais ou a vácuo, utilizando-se entre 3 e 5 kg de sementes por hectare. As semeadoras a vácuo fazem a semeadura com maior precisão e utilizando menor quantidade de sementes que as de distribuição mecânica.