Além de reduzir a produtividade, a deficiência ou excesso de minerais causa desequilíbrios nutricionais que geram grandes prejuízos à cebola.
A diagnose visual é um método auxiliar na tomada de decisão, embora quando há manifestação de falta ou excesso e estes possam ser corrigidos a tempo, normalmente algum prejuízo é esperado.
A seguir estão descritos sintomas visuais mais comuns de falta de macro e micronutrientes em cebola. Enquanto para alguns elementos minerais a falta é facilmente detectada, para outros, os sintomas visuais não são exclusivos e dificultam a associação do sintoma com um único elemento mineral.
Nitrogênio
Figura 1. Sintoma de deficiência de nitrogênio
A deficiência de N na cebola causa inicialmente redução na taxa de crescimento da parte aérea e sistema radicular. Em seguida há descoloração generalizada da parte aérea - as folhas tornam-se verde-claras ou verde-amareladas - e ocorre necrose de coloração palha-clara nas pontas das folhas, iniciando-se pelas mais velhas (Figura 1). Persistindo a deficiência, as áreas necrosadas aumentam em tamanho e as necroses de cor palha nas folhas velhas adquirem tonalidade escura. As folhas novas ficam menores tanto no comprimento quanto do diâmetro, ralas e delicadas.
No caso de deficiência prolongada, a planta inteira exibe tais sintomas, há estagnação do crescimento da planta e as folhas mais velhas amarelecem e secam. Em plantas florescidas, há redução do número e tamanho das umbelas, com maturação precoce das mesmas. Convém lembrar que temperaturas baixas, excesso de água ou seca prolongada podem causar sintomas semelhantes.
O excesso de N pode ocasionar diversos problemas tais como alongamento do ciclo, plantas com "pescoço grosso", muito viçoso, com excesso de folhas e que em geral não produzem bulbos de boa qualidade. Além disso, aumenta a suscetibilidade a doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos bulbos.
Potássio
Figura 2. Sintoma de deficiência de potássio
As primeiras alterações visuais em plantas de cebola sob deficiência de K são a clorose seguida da necrose de coloração palha-clara das extremidades das folhas mais velhas (Figura 2).
Na fase mais adiantada da deficiência, as folhas tornam-se amarelas e suas extremidades necrosadas adquirem tonalidade escura. Persistindo a deficiência, as folhas mais novas também exibem clorose nas pontas que pode avançar para uma necrose. Ocorre diminuição do crescimento geral da planta.
O K aumenta a tolerância a doenças e propicia melhor formação do bulbo e maior conservação pós-colheita, sendo essencial o balanço K:N para o bom desenvolvimento e qualidade da cebola. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio
Fósforo
Figura 3. Sintoma de deficiência de fósforo
Sob carência de P, as folhas mais velhas adquirem coloração verde-clara a verde-amarelada generalizada. Há redução no crescimento das plantas, seguido de necrose de coloração palha-clara nas extremidades das folhas mais velhas (Figura 3).
Persistindo a deficiência do mineral, a necrose de cor palha-clara torna-se escura e pode ocorrer bronzeamento generalizado na folhagem da planta. As folhas mais jovens tornam-se de cor verde escura, finas e menores e também podem apresentar clorose seguida de necrose nas extremidades. Ocorre também redução do tamanho dos bulbos. O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes, especialmente de zinco e cobre.
Cálcio
Figura 4. Sintoma de deficiência de cálcio
Os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais novas que tombam sem se quebrarem, mesmo estando aparentemente sadias (Figura 4).
Após alguns dias, estas folhas começam a secar do ápice para a base, adquirindo coloração palha; posteriormente, são acometidas as folhas intermediárias e, por último, as mais velhas, que são igualmente afetadas em caso de deficiência prolongada de Ca.
Toxicidade deste nutriente ainda não foi relatada; entretanto, sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente o magnésio e o potássio.
Magnésio
Figura 5. Sintoma de deficiência de magnésio
Sob deficiência do Mg, as folhas mais velhas tornam-se amareladas do ápice para a base (Figura 5).
Na fase mais adiantada da deficiência, a clorose progredi em área e intensidade e há secamento das extremidades das folhas que exibem tonalidade bronzeada. Os sintomas progridem para as folhas mais novas com o passar do tempo e há redução do tamanho dos bulbos.
Enxofre
Figura 6. Sintoma de deficiência de enxofre
As folhas mais novas tornam-se inicialmente verde-claras e em seguida verde-amareladas, iniciando-se pelas folhas mais novas.
As folhas algumas vezes ficam deformadas, exibindo nervuras em tom verde-escuro. Posteriormente as folhas novas secam completamente do ápice para a base. Nas folhas mais velhas ocorre necrose das extremidades de coloração palha-média, passando a escura (Figura 6).
O S influencia o sabor e o aroma da cebola, de tal forma que existe relação direta entre o teor de S do solo e a pungência do bulbo. Mesmo as cultivares de cebola suaves tornam-se mais pungentes com o aumento da disponibilidade de S no solo. A adequada nutrição em S é também importante para a maior conservação pós-colheita dos bulbos.
Micronutrientes
Em condições normais, nos solos brasileiros apenas o boro e o zinco e, em alguns casos, o cobre têm se mostrado deficientes para a cultura da cebola. Ferro, manganês, molibdênio e cloro geralmente não representam problemas.
Boro
Figura 7. Sintoma de deficiência de boro
Plantas deficientes de B exibem inicialmente redução na taxa de crescimento, alteração na tonalidade da cor verde nas folhas, passando do verde-escuro para o verde-azulado, tornando-se retorcidas, espessas e quebradiças. Rapidamente as folhas mais novas exibem necrose no ápice, tornando-se completamente secas em poucos dias (Figura 7).
Sob ausência contínua do B, os sintomas de deficiência passam a ser exibidos pelas folhas mais velhas, finalizando com a morte das plantas.
Há aumento na incidência de podridões durante o armazenamento dos bulbos diminuindo a conservação pós-colheita.
Zinco
Figura 8. Sintoma de deficiência de zinco
Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais novas. A carência provoca redução no crescimento das plantas, estriamento nas folhas, e algumas vezes, encurvamento das mesmas com clorose (Figura 8).
Podem ocorrer ainda manchas cloróticas nas folhas mais novas e manchas irregulares amareladas nas folhas mais velhas. Pode haver falta de formação de botões florais, ocorrendo produção muito pequena de sementes
Cobre
Figura 9. Sintoma de deficiência de cobre
Os sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais novas. Sob deficiência, as plantas apresentam-se fracas e sem firmeza e as folhas com clorose esbranquiçada nas suas extremidades, além de retorcidas e com necrose nas pontas e margens das folhas (Figura 9).
Molibdênio (Mo)
Figura 10. Sintoma de deficiência de molibdênio
Em plantas sob deficiência de Mo, observa-se inicialmente necrose de cor palha-clara nas folhas mais velhas, semelhante a deficiência de K, mas aparentemente sem ser precidida de clorose (Figura 10). Com o passar do tempo, todas as demais folhas exibem necrose nas pontas, com exceção das folhas mais novas. Folhas ficam mais eretas se assemelhando aos sintomas de deficiência de N.
Com a manutenção da deficiência do elemento, há evolução da área necrosada nas extremidades das folhas, mas nenhuma outra alteração é observada.
Manganês (Mn)
Figura 11. Sintoma de deficiência de manganês
Sob deficiência de Mn, ocorre necrose de cor palha-clara (semelhante a deficiência de K) nas extremidades das folhas, com exceção das mais novas (Figura 11).
A exemplo do ocorre com as deficiências de Zn e Cu, a necrose é abrupta, sem ser precedida de clorose. Com o passar do tempo, as áreas necrosadas das extremidades das folhas evoluem.
Alguns trabalhos destacam que sob de deficiência de Mn, as folhas mais velhas mostram clorose, que progride em tamanho e intensidade de amarelecimento, sendo que tais sintomas podem progredir para as folhas mais novas.
Ferro
Figura 12. Sintoma de deficiência de ferro
Sob carência de Fe, surgem inicialmente estrias amareladas na base das folhas novas. Com o passar do tempo, o estriamento das folhas avança para as folhas de idade intermediária e mais velhas (Figura 12).
As folhas tornam-se mais eretas. Persistindo a carência do elemento, o estriamento inicial dá lugar a um amarelecimento generalizado das folhas, começando pelas mais novas.
Simultaneamente ou seguindo este amarelecimento generalizado, há a ocorrência de cor palha muito clara (esbranquiçado), começando pelas extremidades e progredindo por toda a folha. As folhas necrosadas apresentam textura aveludada, diferente dos tecidos necrosados por deficiência de outros elementos minerais.
Algumas plantas podem exibir áreas necrosadas esbranquiçadas de formato irregular ao longo das estrias amarelas.
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