Este método de plantio é o mais utilizado no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Nordeste. Permite seleção de mudas vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos uniformes em formato e tamanho.
O gasto com sementes é menor, o consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é reduzido e o manejo da adubação, das plantas daninhas e de doenças e pragas é facilitado em comparação com a semeadura direta. Em contra-partida, este método necessita de muita mão-de-obra.
As mudas podem ser produzidas em sementeira (mudas de raízes nuas) ou em bandejas.
Mudas de raízes nuas
Na escolha do local da sementeira deve-se dar preferência por local ensolarado de manhã e sombreado à tarde, com disponibilidade de água de boa qualidade, de fácil acesso e, na medida do possível, próximo do local definitivo de plantio.
Para a produção de mudas, são formados canteiros com 15 a 20 cm de altura, com cerca de 1,1 m de largura no topo e comprimento variável, corrigidos para pH 6,0 a 6,5 e adubados com adubo orgânico e químico, segundo análise de solo.
A semeadura nos canteiros da sementeira pode ser realizada em sulcos ou a lanço. Os sulcos podem ser feitos longitudinais ou transversais aos canteiros, na profundidade de 1 a 1,5 cm, espaçados de 10 cm ou mais entre si (Figura 1). Os sulcos dispostos transversalmente facilitam capinas manuais.
A quantidade de sementes por metro linear de sulco gira em torno de 80 unidades, gastando-se 2 a 3 g de sementes por metro quadrado de canteiro. Na semeadura a lanço, as sementes são distribuídas na superfície dos canteiros e cobertas com camada de 1 a 1,5 cm de solo, podendo-se utilizar também serragem de madeira curtida.
Em média, cada metro quadrado de sementeira fornece mudas para o transplante de 10 a 15 m2 no campo. Considerando semeadura adequada e bom manejo no viveiro, a taxa de aproveitamento de mudas gira em torno 90%. Para a formação de mudas para um hectare são necessários 1,5 a 2,5 kg de sementes.
É recomendável a cobertura dos canteiros da sementeira com camada fina de palha de arroz ou capim seco até o início da emergência das plântulas, o que ocorre entre 6 e 10 dias, quando o material deve ser retirado. O procedimento visa obter maior retenção de umidade na superfície durante o período da semeadura à germinação.
Durante o crescimento das mudas, os canteiros devem ser limpos por meio de capinas manuais ou químicas e deve-se efetuar adubação de cobertura, especialmente nitrogenada, segundo recomendação técnica.
As mudas são transplantadas quando apresentam o pseudocaule com diâmetro entre 4-8 mm ou 3-4 folhas. Nesta fase, as mudas estarão com idade entre 40 e 70 dias, dependendo da cultivar e da época do ano. Em regiões e épocas mais frias, especialmente na Região Sul, as mudas podem levar até 90 dias para chegar ao ponto de transplante.
Selecionam-se as mudas mais vigorosas e o transplante é realizado para os sulcos no local definitivo de plantio.
Alguns agricultores cortam as pontas das folhas, deixando as plantas com uns 15 cm, para facilitar o transplante, especialmente quando a folhagem está muito desenvolvida. Esta prática, no entanto, não é recomendada por abrir portas de entrada para a infecção por fungos e bactérias, especialmente quando a umidade relativa do ar está elevada.
O transplante em canteiros é realizado em linhas espaçadas aproximadamente 20 cm entre si, cabendo em geral 5 linhas por canteiro. A profundidade de plantio das mudas é de aproximadamente 5 cm e o espaço entre mudas varia de 5 a 10 cm.
O transplante para sulcos, sem a utilização de canteiros, é feito em algumas regiões ceboleiras do Estado de São Paulo. O preparo e nivelamento do solo são realizados e são abertos sulcos em nível, distanciados de 30-40 cm. As mudas são transplantadas na distância aproximada de 6 cm no sulco. Desta forma, um hectare comporta 415 a 550 mil plantas.
No sistema de plantio direto, as mudas são transplantadas para as linhas de plantio, distantes entre si 25 a 45 cm, no espaçamento entre plantas de 5 a 10 cm, proporcionando população final em torno de 500 mil plantas por hectare.
Produção de mudas em bandejas
A adoção da produção de mudas de cebola em bandejas de poliestireno expandido (isopor) vem sendo ampliada nos últimos anos. Em geral, utilizam-se bandejas com 288 células. Porém, na avaliação da viabilidade econômica desta tecnologia, deve-se considerar as realidades locais, tais como a população de plantas tradicionalmente usada, a existência de viveiristas e o custo de produção de mudas na região, além da expectativa de preços no mercado de cebola.
Como vantagens têm-se a praticidade pela redução nos tratos culturais, o melhor aproveitamento de sementes e a redução dos problemas fitossanitários, em função da produção de mudas utilizar substrato desinfestado e não solo como nos canteiros. Como desvantagem, o custo de produção de mudas é, geralmente, maior.
O transplante deve ser feito mais precocemente, com 35-40 dias, pelo rápido desenvolvimento das mudas. Atrasos no transplante podem levar ao esgotamento do substrato e comprometimento da qualidade da muda, inclusive com possível bulbificação precoce nas bandejas, além da elevação no custo de produção de mudas, pela sua manutenção no viveiro.
Este método vem ganhando espaço em áreas ceboleiras do Estado de São Paulo onde, pelo cultivo intensivo de décadas, algumas áreas vem apresentando problemas com fungos de solo, que são mais severos quando ocorrem na fase de germinação comprometendo o estande, e onde a mão-de-obra está cada vez mais escassa.
Vem se utilizando por hectare cerca de 550 bandejas com 288 células. É comum o uso de 2 a 4 plantas por célula, lembrando que os bulbos apresentam uma grande capacidade de arranjo espacial.
Cultivo de bulbinhos
O método de cultivo por bulbinhos visa obter colheita precoce em relação aos métodos de transplante de mudas e de semeio direto.
Consiste de duas etapas: a produção de bulbinhos em uma primeira época, normalmente de julho-agosto a outubro-novembro, e o plantio dos bulbinhos para a obtenção da produção comerciável em outra, normalmente em fevereiro.
Produção de bulbinhos
Os bulbinhos são obtidos fazendo-se semeadura adensada em época de fotoperíodo e temperatura crescentes, o que ocorre a partir de julho, mas principalmente em agosto e, portanto, sob condições favoráveis à bulbificação precoce. Além disso, a competição por luz e nutrientes em altas densidades de plantas propiciam a formação de bulbos pequenos.
A semeadura é feita normalmente em canteiros, em linhas espaçadas de 10 cm, na profundidade de 1 a 1,5 cm, e a taxa de semeadura vai de 2 a 4 g de sementes por metro quadrado de canteiro. São necessários 1 a 2 kg de sementes para obtenção de 1.500 a 1.800 kg de bulbinhos, suficientes para o plantio de um hectare. A área a ser semeada para a produção de bulbinhos para um hectare é de 800 m2. A semeadura também poderá ser realizada a lanço na superfície dos canteiros.
A colheita dos bulbinhos é realizada em outubro-novembro, da mesma forma que no sistema de produção de bulbos comerciais, ou seja, quando cerca de 40 a 50% das plantas estiverem estaladas. Faz-se o arranquio espalhando-se as plantas sobre os canteiros, de maneira que as folhas de uma planta cubram o bulbinho da outra, evitando sua queima pelo sol. Este processo, chamado de cura de campo, é completado com a cura de galpão, onde as plantas são armazenadas em galpão ventilado até a véspera do plantio.
Plantio dos bulbinhos
Os bulbinhos (Figura 2) estão aptos a serem plantados somente após passarem pelo período de dormência, que é variável com cada cultivar.
Em geral, as cultivares do tipo "Baia Periforme" tem período de dormência em torno 40 dias, de forma que os bulbinhos colhidos em final de outubro estarão aptos a serem plantados a partir de meados de dezembro. No entanto, os meses de dezembro e janeiro são, em geral, muito chuvosos, o que aumenta os problemas fitossanitários, além de dificultar sobremaneira o preparo de solo. Além disso, como o período chuvoso na Região Sudeste, onde este método é mais utilizado, vai até abril-maio, plantios muito precoces prolongariam o ciclo. Assim, o mais comum é o plantio em fevereiro.
O plantio dos bulbinhos é realizado após efetuada a limpeza das raízes e da parte aérea. Os bulbinhos são então plantados no campo, em canteiros ou em sulcos, nos mesmos espaçamentos utilizados no método de transplante de mudas.
A colheita ocorre de maio a junho, quando o mercado está em geral mais desabastecido e os preços estão mais altos. Por questões econômicas e de mão-de-obra, além da oportunidade de cultivo em diferentes condições no território nacional, permitindo colheita em diferentes épocas, este método está caindo em desuso. Ainda é utilizado em alguns municípios do Estado de São Paulo, notadamente Divinolândia, e de Minas Gerais.
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