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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Doenças causadas por fungos na Cebola



A cebola pode ser atacada por várias espécies de fungos; somente no Brasil, mais de 25 já foram relatadas. Os fungos são de longe o grupo de patógenos com maior número de espécies atacando a cebola e o ataque pode ocorrer desde a pré emergência até a pós colheita. Algumas espécies merecem destaque, por causarem doenças de elevada importância econômica. Além disso, algumas doenças fúngicas da cebola tem importância mais regional, como a podridão branca, o míldio e a queima de botritis. Outras são importantes em todas as regiões onde a cebola é cultivada, como a antracnose, a mancha púrpura e a raiz rosada. Várias medidas de controle podem ser utilizadas para o controle das doenças fúngicas da cebola e o uso de fungicidas é um item importante no manejo daquelas de parte aérea. Entretanto, aquelas causadas por patógenos de solo devem ser manejadas principalmente através de resistência genética e/ou por medidas preventivas de controle.

Podridão branca

Esta doença é mais importante em locais com temperaturas mais amenas e alta umidade do solo. É causada por Sclerotium cepivorum, um fungo de solo que produz estruturas de resistência (escleródios) que permite sua sobrevivência por longos períodos no solo.

Em lavouras atacadas, inicialmente se observa amarelecimento e morte de plantas. As folhas secam e, quando puxadas, se desprendem do bulbo apodrecido. É comum observar-se um crescimento branco cotonoso na base da planta. Com o tempo, no local de crescimento do fungo, aparecem estruturas redondas e escuras muito pequenas, correspondentes aos escleródios.


Queima-das-pontas

É doença bastante importante para a cebola no Brasil, apesar de sua etiologia ser complexa.

O agente causal da doença pode ser o fungo Botrytis squamosa, apesar de a mesma poder ser causada por outros patógenos e por fatores ambientais (seca, excesso de umidade, oxidação por ozônio, infestação por tripes etc). Baixa temperatura e alta umidade relativa, principalmente a presença de nevoeiro, favorecem a doença.

Os sintomas iniciam com pequenas manchas esbranquiçadas no limbo foliar, com posterior morte progressiva dos ponteiros. As lesões nas folhas geralmente ocorrem quando os bulbos ainda não estão totalmente formados, fazendo com que os mesmos permaneçam pequenos, com os tecidos do pescoço amolecidos.

O mesmo tipo de lesão que ocorre nas folhas também pode ocorrer nas hastes florais. O fungo também pode atacar as mudas na fase de canteiro, causando morte das mesmas.  

Mancha púrpura

É uma das principais doenças da cebola em locais de clima quente (25-30ºC) e úmido. É causada, normalmente, por Alternaria porri (Ellis) Cif., mas também pode ser causada por Stemphylium vesicarium. Os dois fungos também infectam alho, cebolinha e alho porró.

O principal sintoma da doença se manifesta nas folhas que inicialmente apresentam pequenas pontuações brancas e de formato irregular.

Essas pontuações evoluem para manchas elípticas com o centro cor de palha e geralmente com os bordos arroxeados (daí o nome da doença). Em condições de alta umidade, a superfície das lesões fica coberta por anéis concêntricos de coloração marrom a cinza-escura, correspondentes às frutificações do fungo (conídios e conidióforos).

Lavouras muito atacadas podem sofrer drástica redução do tamanho dos bulbos e, consequentemente, redução na produção. Quando as lesões são localizadas no pendão floral, estas podem provocar sua quebra.

Podridão aquosa

A podridão aquosa ocorre principalmente no pseudocaule, e passa a infectar também as escamas e o restante do bulbo. A doença em geral ocorre somente na fase de pós-colheita e raramente no campo durante a fase vegetativa. As escamas afetadas pelo fungo ficam amolecidas com aparência escurecida.

Antracnose

Esta doença pode ser bastante destrutiva em cultivos de verão ou em época chuvosa. É causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides f. sp. cepae.

A doença ocorre desde a fase de sementeira até o armazenamento, sendo favorecida por temperaturas de 23-30ºC e chuvas ou irrigação por aspersão.

Na sementeira causa apodrecimento da base das mudas, resultando em seu amarelecimento, seca das folhas e morte. Quando se tenta arrancar as mudas afetadas as raízes se desprendem do resto da planta.

Em plantas adultas no campo pode haver formação de manchas alongadas, deprimidas e de coloração parda nas folhas; lesões no bulbo e/ou enrolamento das folhas e formação de bulbos charutos em vez de bulbos normais. Na fase de armazenamento pode haver 
podridão de bulbos.

Podridão basal

É doença comum da cebola, tornando-se mais problemática em pós-colheita. A doença é causada por Fusarium oxysporum f. sp. cepae, fungo de solo com grande capacidade de sobrevivência neste ambiente e que pode ser transmitido pela semente.

Alta umidade e temperaturas de 26 a 28ºC são favoráveis à doença. Na fase de sementeira o patógeno pode causar tombamento de mudas. No campo, os sintomas manifestam-se por meio de murcha e morte descendente de folhas.

Na fase de colheita ou posteriormente, já no armazenamento, ocorre podridão na base do bulbo, que degenera o sistema radicular, tornando-se depois seca e com endurecimento dos tecidos afetados.

Em condições de alta umidade relativa do ar observa-se a presença de micélio cotonoso de coloração branca a rosada, na região afetada. Quando se corta o bulbo, longitudinalmente, na região basal afetada nota-se uma podridão semi-aquosa que avança desta região para a parte superior.

A podridão basal pode ou não estar associada com a incidência da raiz-rosada, causada pelo fungo Pyrenochaeta terrestris.

Raízes rosadas

Esta doença ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de cebola do país. Pode ser bastante prejudicial à lavoura, se as condições ambientais lhe forem favoráveis. Os agentes causais da doença no Brasil são os fungos de solo Pyrenochaeta terrestris e Fusarium spp.

Os sintomas podem ser observados nas plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, mas ficam mais aparentes na época de maturação.

As raízes inicialmente apresentam coloração rosada, com o tempo vão mudando para púrpura, parda e preta, dependendo da severidade da doença e da época de infecção.

Em condições muito favoráveis, que correspondem a temperaturas de 24-28ºC e alta umidade do solo por um longo período, observa-se podridão completa das raízes. As raízes apodrecidas são facilmente invadidas por outros microrganismos, o que dificulta o isolamento de P. terrestres e a diagnose correta da doença.


Mofo preto

O principal sintoma é a presença de partes escuras, que são o micélio e os esporos do fungo, nas partes externas dos bulbos, ou em seu interior, entre as escamas.

À medida que a doença progride, o fungo pode afetar todo o bulbo, com todas as escamas infectadas e o bulbo torna-se murcho e enrugado. Alguns bulbos podem ter apenas lesões internas, e o fungo também pode estar associado com a incidência de podridão-mole causada pela bactériaPectobacterium (= Erwinia). O fungo depende basicamente de ferimentos para penetrar na hospedeira.

Queima e podridão de Phitophthora

Tem se tornando doença comum na cebola, ocorrendo principalmente em condições de excesso de umidade e sendo muito destrutiva nestas condições. É causada por Phytophthora sp. (provavelmente há mais de uma espécie envolvida).

Os sintomas se caracterizam por queimas foliares que, geralmente, iniciam-se na base das folhas e, à medida que estas vão crescendo, deslocam-se para o centro e a ponta das mesmas. Geralmente há estrangulamento e morte da folha afetada. Também pode haver apodrecimento de bulbos.

Míldio

Esta doença é muito importante em regiões com temperaturas mais amenas e alta umidade do ar. É causada pelo oomiceto Peronospora destructor. Temperaturas amenas (entre 12 e 21ºC) e alta umidade relativa (acima de 80%) favorecem a ocorrência de epidemias da doença.

Os sintomas iniciam-se com uma descoloração nas folhas que evolui para uma mancha alongada no sentido do comprimento da folha. Em condições de alta umidade, um crescimento acinzentado, correspondente às estruturas do patógeno, desenvolve-se sobre estas lesões. Com o avanço da doença, hastes florais e folhas podem quebrar e/ou secar.


Ferrugem

Esta doença é mais comum no alho, mas pode causar algum dano à cebola em condições de temperaturas amenas e alta umidade relativa. É causada pelo fungo Puccinia alli.

Os sintomas ocorrem nas folhas e iniciam-se com pequenas pústulas elípticas, a princípio recobertas pela cutícula. As urédias (pústulas) são amareladas e salientes na folha. Com o rompimento da cutícula, uma massa pulverulenta, de cor amarela, constituída de esporos do fungo, é exposta.

Numa fase mais adiantada da doença, a massa de esporos torna-se castanho-escura ou preta devido à presença de teliosporos. Nesta fase, a planta apresenta-se com folhas secas e depauperada e a produção já está comprometida, devido ao pequeno tamanho dos bulbos produzidos.

Oídio

Controle

O controle das doenças fúngicas da cebola deve ser feito de forma integrada, isto é, pela adoção de várias medidas preventivas que visam a reduzir a intensidade do seu ataque, como por exemplo:

usar semente de boa qualidade, adquirida de firmas idôneas;
fazer rotação de culturas. Nunca plantar cebola no mesmo campo por mais de dois anos consecutivos;
como muitas doenças da cebola são comuns ao alho, não plantar uma cultura em sucessão a outra;
irrigar de forma correta, com água de boa qualidade, não aplicando excesso de água ou provocando empoçamentos;
quando possível, plantar cultivares resistentes às doenças;
pulverizar a cultura com fungicidas recomendados e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), quando as condições climáticas forem favoráveis à doença, principalmente sob alta umidade relativa do ar.
As medidas de controle mais eficazes das podridões da cebola são associadas à redução de ferimentos e da umidade do ambiente, seja no campo, em especial no final do ciclo, ou no armazenamento e transporte.

Durante o cultivo, a irrigação por sulcos é mais adequada, pois a irrigação por aspersão favorece a disseminação da bactéria e a infecção. Se feita por aspersão, a irrigação deve ser controlada no final do ciclo e interrompida no momento adequado.

A época de colheita, que deve ser realizada em clima seco e após o estalo, é importante para reduzir a chance de entrada da bactéria. Cultivares com pescoço grosso e estalo desuniforme, bem como adubações desbalanceadas - em especial com excesso de nitrogênio, favorecem a infecção e, portanto, devem ser evitadas, principalmente quando a colheita coincide com período chuvoso.

A aplicação de fungicida à base de cobre no final do ciclo, quando ocorrer condição de ferimento, de alta umidade ou estalo desuniforme, é uma medida auxiliar para proteger os bulbos de infecção.

A secagem artificial dos bulbos antes do armazenamento e transporte é recomendada no caso de colheita de bulbos molhados. O armazenamento e o transporte devem ser feitos em ambientes ventilados


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Doenças causadas por vírus na Cebola



Doenças causadas por vírus

Mosaico em faixas
A doença mosaico em faixas ou nanismo amarelo foi primeiro relatada nos Estados Unidos em 1919 e sua etiologia viral comprovada 10 anos depois, em 1929. Atualmente, a doença ocorre na maioria dos países onde a cebola é cultivada.

No Brasil, é a principal virose da cebola ocorrendo em áreas produtoras de vários estados brasileiros, podendo reduzir a produtividade e afetar a qualidade das sementes e dos bulbos das plantas afetadas.

As perdas podem variar segundo diversos fatores, entre os quais o estádio de desenvolvimento das plantas na época em que ocorreu a infecção. Entretanto, os prejuízos são maiores quando a infecção ocorre na fase de mudas.

A doença é causada pelo vírus do nanismo amarelo da cebola (OYDV), espécie que pertence ao gênero Potyvirus, família Potyviridae. As partículas desses vírus possuem RNA de fita simples, senso positivo e são alongadas e flexuosas.

A transmissão do OYDV, de maneira não persistente, é feita por várias espécies de pulgões, entre os quais Myzus persicae e Aphys gossypii. Neste tipo de transmissão, a aquisição do vírus pelo inseto em plantas doentes e a sua transmissão para plantas sadias ocorre em reduzidos períodos de tempo, durante as chamadas "picadas de prova". Não há relatos de transmissão por sementes e/ou pólen.

Em plantas afetadas pela doença, os sintomas iniciam-se com o surgimento de estrias amareladas na base das primeiras folhas, sendo que as folhas novas que emergem em seguida exibem sintomas que variam desde estrias cloróticas até o completo amarelecimento. Podem apresentar ainda enrolamento, enrugamento e queda. As hastes florais tornam-se amareladas, enrugadas e enroladas. As inflorescências apresentam-se de tamanho reduzido e com menor número de flores, resultando em sementes de qualidade inferior.

Plantas afetadas pela doença são menos desenvolvidas quando comparadas a plantas sadias. Os bulbos produzidos por essas plantas ficam com tamanho reduzido, comprometendo a produção.

O vírus é capaz de infectar apenas um pequeno número de hospedeiros. Além da cebola, o OYDV também infecta alho, cebolinha e algumas espécies ornamentais do gênero Allium e Chalota. A sua sobrevivência ocorre em bulbos, canteiros de mudas e em plantas voluntárias de cebola que permanecem no campo. Entretanto, não é transmitido pela semente verdadeira. 

Controle

As doenças causadas por vírus são complexas e difíceis de controlar, pois uma vez infectadas, não existem medidas curativas que possam ser utilizadas no controle dessas doenças. Dessa forma, o controle deve ser realizado de maneira preventiva, visando retardar ou reduzir a infecção nas plantas. Entre as medidas, recomendam-se:

utilizar apenas material propagativo comprovadamente sadio, oriundo de plantas livres de vírus e indexadas;
estabelecer plantios de cebola distante de áreas cultivadas com especies hospedeiras dos vírus e/ou dos vetores;
efetuar o controle químico do tripes vetor, no caso da doença sapeca. Entretanto, no caso do OYDV que é transmitido em poucos segundos (transmissão não persistente) por afídeos, este tipo de controle não é eficiente;
plantar cultivares tolerantes ao vírus para reduzir as perdas;
fazer rotação de culturas com espécies de outras famílias botânicas, para quebrar o ciclo das viroses, principalmente, no caso do OYDV considerando o modo de transmissão não persistente e por ser a virose restrita a um pequeno círculo de hospedeiras, sendo limitada a plantas do gênero Allium;
eliminar plantas (espontâneas ou infestantes) hospedeiras dos vetores, pulgão e tripes e dos vírus, OYDV e IYSV próximo as áreas cultivadas com cebola.

Sapeca
A doença já foi relatada afetando cebola em áreas produtoras de países da Europa, Ásia, África, Oceania e América, causando perdas bastante variáveis. No Brasil, sintomas da doença foram detectados inicialmente no Rio Grande do Sul em 1981 e o agente causal identificado como sendo o tospovírus Tomato spotted wilt virus (TSWV).

Em 1994, incidência da doença de até 100% em lavouras de cebola do Submédio São Francisco, nos estados da Bahia e Pernambuco, resultou em perdas severas na produção de bulbos e de sementes. Devido às características dos sintomas observados, a doença foi denominada "sapeca" pelos produtores da Região Nordeste. 

A doença é causada pelo Iris yellow spot virus (IYSV), espécie do gênero Tospovirus, família Bunyaviridae. O vírus possui genoma segmentado com três RNAs. A transmissão do IYSV ocorre de maneira circulativa-propagativa por tripes, sendo Thrips tabaci, a única espécie vetora relatada até o momento.

Neste tipo de transmissão, o inseto quando no estádio larval e ao se alimentar em plantas infectadas adquire partículas do IYSV. Essas se multiplicam e circulam no corpo do tripes que se torna então, apto a transmitir o IYSV. O período de aquisição e de transmissão do vírus pelo vetor tem duração de horas. Estudos têm demonstrado que o vírus não é transmitido por sementes e bulbos provenientes de plantas infectadas.

Os sintomas em folhas de plantas afetadas pela doença são lesões cloróticas ou necróticas, alongadas, em forma de olho. Esses sintomas surgem também nas hastes florais e com o desenvolvimento da infecção há coalescimento de lesões, ocasionando a morte das flores.

Controle

As doenças causadas por vírus são complexas e difíceis de controlar, pois uma vez infectadas, não existem medidas curativas que possam ser utilizadas no controle dessas doenças. Dessa forma, o controle deve ser realizado de maneira preventiva, visando retardar ou reduzir a infecção nas plantas. Entre as medidas, recomendam-se:

utilizar apenas material propagativo comprovadamente sadio, oriundo de plantas livres de vírus e indexadas;
estabelecer plantios de cebola distante de áreas cultivadas com especies hospedeiras dos vírus e/ou dos vetores;
efetuar o controle químico do tripes vetor, no caso da doença sapeca. Entretanto, no caso do OYDV que é transmitido em poucos segundos (transmissão não persistente) por afídeos, este tipo de controle não é eficiente;
plantar cultivares tolerantes ao vírus para reduzir as perdas;
fazer rotação de culturas com espécies de outras famílias botânicas, para quebrar o ciclo das viroses, principalmente, no caso do OYDV considerando o modo de transmissão não persistente e por ser a virose restrita a um pequeno círculo de hospedeiras, sendo limitada a plantas do gênero Allium;
eliminar plantas (espontâneas ou infestantes) hospedeiras dos vetores, pulgão e tripes e dos vírus, OYDV e IYSV próximo as áreas cultivadas com cebola.

Doenças Causadas por Vírus
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Sapeca
A doença é causada por um ‘tospovirus’ (IYSV - iris yellow spot vírus) e os sintomas iniciam-se com manchas necróticas em forma de olho nas folhas e hastes florais. Com o tempo, ocorre formação de anéis e a seca das folhas. Algumas vezes, de forma bastante simétrica, metade da folha apresenta coloração branca e a outra metade, coloração verde normal. Resultados de pesquisa demonstraram que a intensidade da ocorrência de ‘sapeca’ está associada a ataques de trips (Thrips tabaci), seu principal vetor.Em levantamentos realizados no Vale do São Francisco, detectou-se a presença desses vírus em 83,6% das 55 amostras analisadas.
As variedades Franciscana IPA-10, Vale Ouro IPA-11, Roxa IPA-3 e Ensino demonstraram resistência a ocorrência de sapeca nas condições de produção do Vale do São Francisco.
Mosaico em faixas ou nanismo amarelo (OYDV)
O mosaico em faixas ou nanismo amarelo (OYDV) tem ocorrência registrada no Vale do São Francisco, sendo comum em todo o Brasil. É causada pelo vírus do nanismo amarelo da cebola (OYDV – onion yellow dwarf virus), um vírus que também é capaz de infectar o alho e a cebolinha e pode ser transmitido por várias espécies de pulgões. Os sintomas iniciam-se com estrias cloróticas e amareladas na base das folhas mais velhas. Em seguida, todas as folhas que surgem apresentam desde os sintomas de estrias isoladas até o completo amarelecimento, às vezes associados com enrolamento, enrugamento e queda das mesmas.
O ataque do OYDV causa redução do tamanho dos bulbos, fazendo baixar a produtividade. A principal forma de controle é a utilização de cultivares tolerantes. A Embrapa recomenda as cultivares do tipo Granex, Roxa IPA-3, Roxa do Barreiro, Mutuali IPA-8 e Texas Grano 502 PRR, no caso de OYDV. O combate aos vetores (pulgão e tripes), a rotação de culturas e não cultivar cebolinha são práticas capazes de reduzir a manutenção de inóculo no campo.
Medidas de controle de viroses
O controle de viroses é complexo devido ao fato de existir um grande número de espécies de hospedeiros secundários e a existência de vetores. As medidas de controle de viroses são, basicamente, preventivas. A adoção de práticas culturais como eliminação de invasoras, controle do vetor e uso de variedades com resistência genética podem reduzir as perdas devido à doença.
Como medidas recomendam-se: estabelecer as sementeiras em lugares isolados, protegidos e distantes de plantios mais velhos; fazer a aplicação sistemática de inseticidas em mudas na sementeira e após o transplante para o campo, visando controlar o tripes; eliminar plantas hospedeiras do vírus e/ou do inseto vetor dentro e próximo às áreas cultivadas; fazer rotação de culturas com espécies de outras famílias botânicas, para quebrar o ciclo da virose; estabelecer barreiras em volta do plantio (milho ou crotalária) como quebra-ventos para dificultar a migração do inseto-vetor.

Outras Doenças
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Outras doenças importantes também podem afetar a cebola como, por exemplo, espécies do fungo Penicillium e o Aspergillus niger podem causar problemas durante a fase de armazenamento, causando mofo e apodrecimento dos bulbos reduzindo período de armazenamento e perdas consideráveis. A coloração azul-esverdeada, resultante da esporulação do fungo, pode ser observada próxima ao sistema radicular ou na região do pseudocaule ("pescoço") dá o nome da doença, mofo azulado. No entanto, no campo pode causar apodrecimento do sistema radicular. A principal prática de controle refere-se à rápida retirada da umidade da superfície dos bulbos colhidos por secagem ao ar livre ou em secadores.
As podridões-de-escleródio podem causar grandes perdas no armazenamento e no campo. Sclerotium rolfsii e S. cepivorum são os agentes causais e promovem podridões encharcadas em bulbos afetados. Com a evolução da doença há a formação de um micélio branco sobre e ao redor da lesão com a produção de pequenos escleródios, semelhantes a pequenas sementes. Quando no armazenamento em condições favoráveis há o apodrecimento completo do bulbo. A sobrevivência no campo é garantida pela produção dos escleródios. A utilização de material propagativo sadio é uma das medidas mais eficientes de controle e redução de perdas no campo e no armazenamento. Em áreas com histórico da ocorrência da doença realizar rotação de cultura com espécies não hospedeiras, como cereais e outras gramíneas. Para o armazenamento deve ser realizada uma boa cura e secagem do material vegetal, o qual deve ser mantido em boas condições de temperatura, umidade e aeração.

Tabela 1. Produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle das principais doenças da cultura da Cebola.
Doença
Ingrediente ativo
Formulado
Dose
Intervalo (dias)
Mancha púrpura (Alternaria porri)
Sulfato de Cobre (inorgânico) + Oxitetraciclina (antibiótico)
Agrimaicin 500
2 Kg/ha
7 - 7
Oxicloreto de Cobre (inorgânico)
Agrinose
400 g/100 L água
7
Cupravit Azul BR
300 g/100 L água
15 - 7
Cuprogarb 500
200 g/100 L água
14 - 7
Fungitol Azul
250 g/100 L água
7
Hokko Cupra 500
250 g/100 L água
15 - 7
Azoxistrobina (estrobilurina)
Amistar
1296 - 16 g/100 L água
2
Propinebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Antracol 700 PM
3 Kg/ha
15 - 7
Acetato de Fentina (organoestânico)
Brestan WP
0,56 - 0,7 Kg/ha
21
Hokko Suzu 200
60 g/100 L água
15 - 21
Hidróxido de Fentina (organoestânico)
Brestanid SC
50 ml/100 L água
15 - 21
Mertin 400
25 ml/100 L água
21
Metiram (alquilenobis) + Piraclostrobina (estrobilurina)Cabrio Top
2 Kg/ha
7
Boscalida (anilida)Cantus
0,15 L/há
7
Metconazol (triazol)Caramba 90
0,5 - 1 L/há
14
Piraclostrobina (estrobilurina)Comet
0,4 L/há
7
Bromuconazol (triazol)Condor 200 SC
750 ml/há
14 - 15
Tebuconazol (triazol)Constant
1 L/há
15 - 14
Elite
1 L/há
15 - 14
Folicur PM
1 Kg/há
12 - 14
Folicur 200 EC
1 Kg/há
14
Orius 250 EC
0,8 L/há
15 - 14
Tebuconazole Nortox
1 Kg/há
14
Triade
1 L/há
14
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato)) + Oxicloreto de Cobre (inorgânico)Cuprozeb
200 g/100 L água
10 - 7
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato))Dithane NT
2,5 - 3 Kg/ha
7
Manzate GrDa
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Manzate 800
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Folpete (dicarboximida)Folpet Fersol 500 WP
2,1 - 2,4 Kg/ha
7 - 7
Manebe (alquilenobis (ditiocarbamato))Maneb 800
200 g/100 L água
10 - 7
Captana (dicarboximida)Merpan 500 WP
240 - 280 g/100 L água
7
Famoxadona (oxazolidinadiona) + Mancozebe (alquilenobis(ditiocarbamato))Midas BR
120 g/100 L água
7 - 7
Pirimetanil (anilinopirimidina)Mythos
200 ml/100 L água
15 - 3
Tebuconazol (triazol) + Trifloxistrobina (estrobilurina)Nativo
0,75 L/há
14
Iprodiona (dicarboximida)Rovral
150 g/100 L água
10 - 14
Rovral SC
150 g/100 L água
10 - 14
Difenoconazol (triazol)Score
0,6 L/há
7 - 7
Procimidona (dicarboximida)Sialex 500
1 - 1,5 Kg/ha
1
Sumiguard 500 PM
100 - 150 g/100 L água
7 - 1
Sumilex 500 WP
1 - 1,5 Kg/ha
7 - 1
Ciprodinil (anilinopirimidina)Unix 750 WG
375 g/há
7 - 7
Mofo-cinzento (Botrytis cinerea)
Captana (dicarboximida)
Captan 500 PM
240 g/100 L água
10 - 7
Procimidona (dicarboximida)
Sialex 500
1 - 1,5 Kg/ha
1
Sumiguard 500 PM
100 - 150 g/100 L água
7 - 1
Sumilex 500 WP
1 - 1,5 Kg/ha
7 - 1
Míldio (Peronospora destructor)
Oxicloreto de Cobre (inorgânico)
Agrinose
400 g/100 L água
Fungitol Azul
250 g/100 L água
7
Fungitol Verde
220 g/100 L água
7
Hokko Cupra 500
250 g/100 L água
15 - 7
Metiram (ditiocarbamato) + Piraclostrobina (estrobilurina)
Cabrio Top
2,5 Kg/ha
7
Captana (dicarboximida)
Captan SC
400 ml/100 L água
15 - 7
Orthocide 500
240 g/100 L água
15 - 7
Fenamidona (imidazolinona)
Censor
300 ml/há
7 - 7
Piraclostrobina (estrobilurina)
Comet
0,4 L/há
7
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato)) + Oxicloreto de Cobre (inorgânico)
Cuprozeb
200 g/100 L água
10 - 7
Cimoxanil (acetamida) +Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Curathane
2 - 2,5 Kg/ha
7
Curzate BR
200 - 250 g/100 L água
7
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Dithane NT
2,5 - 3 Kg/ha
7
Manzate GrDa
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Manzate 800
200 g/100 L água
10 - 7
Clorotalonil (isoftalonitrila) + Metalaxil-M (acilalaninato)
Folio Gold
1,5 Kg/ha
10 - 7
Folpete (dicarboximida)
Folpan Agricur 500 WP
270 g/100 L água
7
Manebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Maneb 800
200 g/100 L água
10 - 7
Iprovalicarbe (carbamato) + Propinebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Positron Duo
2 - 2,5 Kg/ha
7
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato)) +Metalaxil-M (acilalaninato)
Ridomil Gold MZ
2,5 Kg/ha
7
Queima-das-pontas (Botrytis squamosa)
Captana (dicarboximida)
Captan SC
400 ml/100 L água
15 - 7
Orthocide 500
240 g/100 L água
15 - 7
Mancozebe + Oxicloreto de Cobre
Cuprozeb
200 g/100 L água
10 - 7
Mancozebe (alquilenobis (ditiocarbamato))
Manzate GrDa
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Manzate 800
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Ferrugem (Puccinia allii)
Oxicloreto de Cobre (inorgânico)
Agrinose
400 g/100 L água
Cupravit Azul BR
300 g/100 L água
15 - 7
Fungitol Azul
250 g/100 L água
7
Fungitol Verde
220 g/100 L água
7
Hokko Cupra 500
250 g/100 L água
15 - 7
Acetato de Fentina (organoestânico)Brestan WP
0,56 - 0,7 Kg/ha
21
Hidróxido de Fentina (organoestânico)Brestanid SC
50 ml/100 L água
15 - 21
Mertin 400
50 ml/100 L água
15 - 21
Mancozebe (alquilenobis(ditiocarabamato)) + Oxicloreto de cobre (inorgânico)Cuprozeb
200 g/100 L água
10 - 7
Manebe (alquilenobis (ditiocarbamato))Maneb 800
200 g/100 L água
10 - 7
Manzate GrDa
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Manzate 800
2,5 - 3 Kg/ha
10 - 7
Enxofre (inorgânico)Sulficamp
500 g/ 100 L água
Tombamento (Rhizoctonia solani)Quintozeno (cloroaromático)Kobutol 750
30 Kg/ha
Podridão-branca (Sclerotium cepivorum)Quintozeno (cloroaromático)Plantacol
500
Murcha-de-Sclerotium (Sclerotium rolfsii)Quintozeno (cloroaromático)Kobutol 750
30 Kg/ha
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides cepae, Colletotrichum circinans)      Tiofanato-metílico (benzimidazol (precursor de ))Cercobin 700 WP
100 g/100 L água
10 - 7
Folpete (dicarboximida)Folpan Agricur 500 WP
210 g/100 L água
7
Oxicloreto de cobre (inorgânico)Fungitol Verde
220 g/100 L água
7
Hokko Cupra 500
250 g/100 L água
15 - 7
Agrinose
400 g/100 L água
Fungitol Azul
250 g/100 L água
7
Quintozeno (cloroaromático)Kobutol 750
30 Kg/ha