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domingo, 10 de março de 2019

Cultura da Quinoa (Chenopodium quinoa)



Chenopodium quinoa

A quinoa ou quinua é uma planta originária dos Andes, onde é cultivada há milhares de anos. Fácil de cultivar, esta planta pode atingir de 1 a 2 m de altura, e tanto as sementes quanto as folhas são comestíveis. As sementes são muito nutritivas, e podem ser preparadas das mesmas maneiras que o arroz, embora devam ser processadas antes para a retirada de sua camada superficial de saponinas. Graças a esta camada amarga de saponinas, as aves evitam comer as sementes no campo, assim havendo pouca necessidade de medidas de proteção. As folhas e as pontas dos ramos podem ser consumidas cozidas ou mesmo cruas, desde que não em quantidade excessiva, pois contêm uma alta concentração de ácido oxálico.

Planta de quinoa
A quinoa é uma planta fácil de cultivar

Clima
A quinoa pode crescer em uma ampla faixa de temperaturas, dependendo da cultivar. Nos Andes, não é incomum suportarem temperaturas próximas a zero graus centigrados a noite e temperaturas próximas de 30°C durante o dia. Contudo, temperaturas acima de 32°C durante a floração podem prejudicar a polinização e inviabilizar a produção de sementes. Chuvas fortes podem prejudicar muito a produtividade se ocorrerem na época da colheita.

A maioria das cultivares cresce melhor em altas altitudes, com dias moderadamente quentes e noites frias, mas há cultivares que crescem e produzem bem mesmo em regiões costeiras e em diversos tipos de clima.

Luminosidade
Precisa de luz solar direta, não crescendo bem se sombreada.

Flores roxas de quinoa
Existe um grande número de cultivares de quinoa, e suas inflorescências podem ser de diversas cores

Solo
Cultive preferencialmente em solo profundo, fértil, bem drenado, rico em matéria orgânica, com pH do solo entre 6 e 8,5. Contudo, pode ser cultivada mesmo em solos ácidos ou pouco férteis.

Irrigação
No início do cultivo, irrigue de forma a manter o solo úmido, mas sem que fique encharcado. Quando bem desenvolvida, esta planta é resistente a períodos de seca, e assim as irrigações podem ser mais esparsas.

Mudas de quinoa
Mudas de quinoa 
As sementes são normalmente semeadas no local definitivo, em fileiras separadas de 25 a 50 cm, deixando as sementes de 0,5 a 1 cm de profundidade no solo. O espaçamento entre as plantas pode ser de 10 a 30 cm. Um menor espaçamento leva a plantas menores e mais uniformes, facilitando a colheita (especialmente em plantações mecanizadas). Maiores espaçamentos geram plantas maiores e menos uniformes. As sementes germinam rápido, normalmente em 3 a 5 dias.

Tratos culturais
Retire as plantas invasoras que estejam concorrendo por recursos e nutrientes, principalmente no primeiro mês de cultivo, quando a quinoa cresce mais lentamente.

Inflorescência da quinoa
A floração da quinoa se dá em panículas, semelhantes as do amaranto

Colheita
As folhas jovens podem ser colhidas para consumo como verdura, mas a colheita excessiva de folhas pode reduzir a produção de sementes.

O período até a colheita varia bastante com a cultivar e as condições de cultivo, podendo ir de 90 a 180 dias. As panículas devem ser colhidas quando começarem a mudar de cor e as sementes começarem a se desprender. Esfregue algumas panículas entre as mãos, se algumas sementes se desprenderem, é hora de colher. Na colheita manual, as panículas são deixadas em local seco e arejado para terminarem de secar por alguns dias, sendo depois batidas para desprender todas as sementes.

As sementes devem ser lavadas antes de serem consumidas para a retirada da camada de saponinas. Para isso, as sementes podem ser deixadas imersas na água por várias horas, realizando trocas até que a água não esteja mais espumando. A água onde as sementes estiveram imersas pode ser aproveitada como repelente de insetos, podendo ser pulverizada sobre as hortaliças em uma horta.



Na região dos Andes, local onde surgiu há milhares de anos, é chamado de quinua. Aqui, esse grão, dotado de muitas características benéficas à saúde humana, ganhou popularidade com o nome de quinoa. A planta foi introduzida no país na década de 1990, mas só recentemente tornou-se mais conhecido entre os brasileiros. 

Espécie de granífera, a quinoa (Chenopodium quinoa) pertence à mesma família do espinafre e da beterraba, a Chenopodiacea. Por muito tempo, seu cultivo ficou restrito à agricultura de subsistência. Porém, com as descobertas de suas inúmeras propriedades nutricionais, o alimento indígena ganhou visibilidade. Fácil de plantar e com o apelo de produto saudável, essa cultura nova no cenário nacional pode se tornar uma alternativa rentável para o agricultor. 

Rica em proteína, a quinoa tem boa distribuição de aminoácidos essenciais, que se assemelham à caseína – fração protéica do leite –, podendo, assim, incrementar a composição de mingaus para crianças. O cereal ainda adequa-se muito bem à dieta de pessoas interessadas em alimentos com alto valor nutritivo e baixo colesterol. Inclusive é indicado para pacientes celíacos – pessoas que são alérgicas ao glúten. 

Semelhante ao espinafre, quando pequena, e ao sorgo, no período de maturação, a planta é anual, mas com ciclo variável. Tolerante à seca, à acidez do solo e a baixas temperaturas, seu crescimento acelera-se após os primeiros 30 dias de plantio, podendo chegar a dois metros de altura. Entre verde e rósea no início, a coloração passa para o amarelo na inflorescência. O plantio vai bem em locais com temperaturas elevadas. 

O produto colhido são pequenas sementes achatadas e sem dormência. Elas são boas fontes de vitamina B e E, e possuem amido, além de conter alta dose de ferro – o dobro da encontrada na cevada e no trigo, e três vezes mais do que no arroz. 

A quinoa vai bem cozida, em saladas, sopas e molhos. Derivada do grão, a farinha pode ser usada na alimentação infantil e como ingrediente para pudins, pães, panquecas, biscoitos e até bebidas. Os botões florais, parecidos com brócolis, podem ser consumidos cozidos. 

As folhas também são comestíveis, mas sempre misturadas com outras plantas ou em cozidos, para diluir a quantidade de nitrato, prejudicial ao organismo quando em alta dosagem. Para os animais, as folhas da quinoa são muito boas para compor a dieta com forragens, pois carregam bastante proteína, fibras, minerais e vitaminas.

COMO CULTIVAR

SOLO: evite solos rasos, com possibilidade de encharcamento e elevado índice de acidez 

CLIMA: adaptou-se bem sob temperaturas entre 20 e 28 graus, na região do cerrado 

ÁREA MÍNIMA: pode começar por um canteiro 

COLHEITA: quando as sementes apresentarem nível de umidade de 20% 

SEMENTES: a Embrapa fornece amostra grátis para multiplicação

Mãos à obra

INÍCIO – como é uma cultura nova, recomenda- se começar com poucas sementes, para depois multiplicar. A Embrapa fornece via correio amostras grátis da BRS piabiru, cultivar adaptada às condições de solo e clima brasileiro. Ela tem ciclo longo e pode ser semeada em qualquer época do ano. Variedades de ciclos entre precoce e médio estão em fase de desenvolvimento. No varejo, podem ser encontrados materiais importados dos Andes, portanto, adequados a regiões de altitude elevada. 

PLANTIO – as semeaduras de safrinha e de entressafra (inverno, sob irrigação) são melhores para a produção de grãos, enquanto para forragem pode chegar até a estação das chuvas. O plantio pode ser feito tanto na superfície quanto, no máximo, com dois centímetros de profundidade, numa densidade de 40 a 50 sementes por metro. 

ADUBAÇÃO – na semeadura, a indicação por hectare é de 100 quilos de fósforo, 100 de potássio e mais 30 quilos de nitrogênio. Quarenta e cinco dias após a brotação, adicione outros 30 quilos de nitrogênio. A quinoa pode também aproveitar o resíduo de nutrientes de cultivos de soja ou de milho. 

ESPAÇAMENTO – entre fileiras, recomenda- se distâncias de 20 a 40 centímetros. Quanto menor a distância entre linhas, mais rápida a cobertura do terreno e maior o rendimento. Plantada no final de novembro, o desenvolvimento ocorrerá entre o fim de março e abril, período de menor incidência de chuva. Do início da brotação, até a maturação dos grãos, levam-se 145 dias. 

CUIDADOS – plantas daninhas de folha estreita e gramíneas são as principais pragas que atacam a plantação. Para combatê-las, recomendam-se herbicidas com princípios ativos alachlor, na dose de 1,14 quilo por hectare; ou setoxydin, a 0,43 litro por hectare. Formigas saúva e desfolhadores podem prejudicar o cultivo do grão, assim como as doenças de míldio e cercosporiose. 

UMIDADE – perto do período de colheita, acompanhe as condições das sementes. Elas estarão prontas se apresentarem 20% ou menos de umidade, nível permitido para armazenagem de longo prazo. Debulhe as sementes manualmente para avaliar. Se, ao friccioná-las, não se desprenderem facilmente, é preciso mais tempo de cultivo. Caso contrário, espere algumas horas depois do sol nascer para iniciar a colheita. 


PRODUÇÃO – há várias finalidades ao seu cultivo, como uso de matéria-prima à produção de alimentos enriquecidos e livres de colesterol para consumo próprio, ao processamento industrial em pequena escala pela comunidade, ou fornecimento de grandes volumes para empresas de alimentos.



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