O cultivo da melancia se bem manejado sob irrigação e adoção de bom nível tecnológico, atinge altas produtividades, pois esta cultura tem grande potencial no Nordeste brasileiro, visto que esta região dispõe de elevada luminosidade e altas temperaturas durante o ano inteiro. Os estados de Pernambuco e Bahia destacam-se como o maior polo de produção de melancia no Nordeste brasileiro. O controle de fatores pré e pós-colheita, que diminuem a qualidade e o valor comercial da melancia, podem aumentar a eficiência na comercialização, mantendo a qualidade, diminuindo perdas e ampliando os lucros.
No estabelecimento de uma estratégia para o pequeno produtor rural, deve-se privilegiar, inicialmente, a definição do que produzir, com base em três fatores: recursos disponíveis, que dizem respeito aos fatores de produção: solo, água, clima, equipamentos e condições econômicas; a vocação dos produtores para trabalhar com determinados produtos na propriedade, o mercado e suas tendências de crescimento. Nestes últimos itens residem os grandes entraves para o pequeno produtor rural.
No Brasil, o mercado consumidor leva em consideração o tamanho e formato do fruto, coloração da polpa, teor de sólidos solúveis, presença ou ausência de sementes e o preço. Observa-se que na maior parte das áreas plantadas, a predominância é de frutos grandes, com peso médio acima de 6 kg. No entanto, em algumas regiões produtoras, que não estão próximas de centrais de comercialização, os atacadistas chegam a classificar frutos abaixo de 8 kg como 'refugos', diminuindo a remuneração pelos os mesmos. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), a remuneração por frutos grandes (≥9 kg) da cv. Crimson Sweet e de híbridos com o mesmo padrão externo da referida cultivar, foi superior em aproximadamente 44% em relação aos frutos pequenos da citada cultivar em 2009 (Tabela 1). Provavelmente, a menor remuneração desses frutos pequenos decorre da alta frequência de frutos imaturos, e, portanto, de menor qualidade. Entretanto, recentemente, destaca-se o surgimento de novos tipos de melancias, as chamadas mini-melancias, entre 1 kg e 2 kg. Isto se deve, principalmente, à exigência do mercado por produtos alternativos, onde o consumidor opta por frutos menores, sem sementes e de qualidade.
Tabela 1. Preços da melancia com sementes em atacado
(28/12/2009) na ¹Central de Abastecimento Alimentar de Pernambuco (CEASA/PE)
e na ²Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP).
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Fonte: CEASA/PE, CEAGESP (2009).
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A melancia da região do Submédio São Francisco, embora seja toda comercializada no mercado interno, é destinada principalmente para as capitais do Nordeste brasileiro e para os mercados consumidores das regiões Sudeste e Sul do País. No Mercado do Produtor de Juazeiro, BA, em 2007, foram comercializados 4.171.166 kg, que correspondeu a uma movimentação de capital equivalente a R$ 824.845,00.
Em 2009, a maior parte da melancia comercializada no Mercado Atacadista – EBAL/CEASA, BA, foi oriunda da produção dos municípios do Estado da Bahia, com uma participação variando de 82,7% a 97,5% do volume global de frutos vendidos. Destacando-se principalmente Juazeiro, Barreiras, Paulo Afonso, Teixeira de Freitas, Inhambupe, São Desidério e Sátiro Dias (Tabela 2). Outro estado de maior importância no abastecimento desse mercado atacadista foi Pernambuco (0,8% a 15%), especialmente no primeiro semestre, onde se destacaram os municípios de Santa Maria da Boa Vista, Floresta, Petrolândia, Petrolina e Flores.
Em 2009, o preço médio na comercialização de melancia no referido mercado atacadista do Nordeste brasileiro oscilou de R$ 0,45/kg - fevereiro a outubro - a R$ 0,64/kg - julho - e movimentou o equivalente à R$ 12.712.230,00 no período de janeiro a outubro.
Tabela 2. Comercialização de melancia no Mercado
Atacadista EBAL/CEASA-BA, (janeiro a outubro, 2009): origem, volume,
procedência e preço.
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*Valor comercializado em R$ 1.000,00: janeiro - fevereiro: R$ 2.100,86; março - abril: R$ 2.476,32; maio - junho: R$ 2.405,78; julho - agosto: R$ 2.476,47; setembro - outubro: 3.252,80. |
A análise do comportamento de preços da melancia produzida e comercializada na região do Submédio São Francisco, no período de 1995-2005, revelou que:
a) Os índices estacionais mais altos se concentram nos dois últimos meses do primeiro semestre, enquanto os mais baixos foram registrados no segundo semestre, no período de setembro a novembro.
b) As amplitudes de variação do preço do produto analisado foram moderadas na maioria dos meses do ano, procedimento que indica que a melancia do Submédio São Francisco não registra quedas bruscas ou aumentos de cotações ao longo do ano.
c) O preço da melancia da região do Submédio São Francisco teve um comportamento muito estável ao longo do período em estudo.
d) A melancia não apresenta grandes riscos de comercialização ao longo do ano, mas o primeiro semestre registra um desempenho mais favorável que o segundo.
Ainda de acordo com aquela análise, os índices estacionais relativos aos preços médios mensais recebidos pelos produtores de melancia da região do Submédio São Francisco, nos meses de maio e junho são registrados os maiores preços na comercilização de melancia. Entretanto, nos meses de julho e agosto os índices se igualam à média anual. No período de setembro a novembro há um decréscimo no preço, voltando a subir em dezembro. Observa-se que os meses que registram preços mais favoráveis no Submédio São Francisco correspondem à época mais fria do ano. Entretanto, este período é o mais propício aos ataques de agentes patogênicos, demandando um controle eficiente de doenças fúngicas que afetam o cultivo da melancia.
Um fato que chama atenção na análise da comercialização são as indicações de que a melancia seja um produto de demanda mais elástica em relação a preços, significando que nem sempre sua produção na entressafra, para obtenção de preços mais elevados, seja recomendável economicamente. É possível se obter uma maior renda líquida por hectare, cultivando-a no período de safra, pois os menores preços são mais do que compensados pela maior produtividade da cultura.
Em geral, a produção por hectare cai pela metade na entressafra, mas, para ter resultado econômico mais favorável, a produtividade deveria cair no máximo 20%.
Exportação: mercado potencial para a melancia
Em termos gerais, a demanda por produtos alimentícios de alta qualidade cresceu regularmente nos países desenvolvidos, o que provocou importantes aumentos do consumo, principalmente de frutas frescas. Nesses países, existe um público habituado a consumir produtos frescos durante todo o ano, independentemente de o produto ser de origem local ou do exterior. Além disso, a ênfase nos cuidados com a saúde e nos aspectos nutritivos dos alimentos é outro fator que tem contribuído para a ampliação do consumo de frutas e hortaliças frescas. Assim, justifica-se a grande importância que merece a análise do comportamento do setor consumidor, sobretudo nos países da União Europeia, nos Estados Unidos da América e no Canadá.
As exportações de melancia pelo Brasil começaram em 1978, apresentando crescimento do volume exportado até 1980. No período de 2001-2005, as exportações cresceram 64,5%, passando de 13.698 toneladas em 2001 para 22.531 toneladas em 2005 (Tabela 3). De 2000 a 2007, houve um incremento de, aproximadamente, 147% no volume de exportação (Figura 1).
Tabela
3. Produção e
exportação de melancia no período 2001/2005, no Brasil, em toneladas
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Fonte: FAO (2009).
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Fonte: Adaptado do Instituto FNP/SECX, citado
Agrianual, 2009..
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Figura 1. Exportação de melancia (1.000 t) pelo Brasil, no período de 2000 a 2007.
O polo Aracati/Mossoró/Açu, no Estado do Rio Grande do Norte, como já tem as exportações de melão estabelecidas, tem procurado consolidar as exportações de melancia sem sementes. Também, os produtores de Tocantins e Goiás têm procurado através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a certificação da inexistência da praga mosca das frutas (Anastrepha grandis), medida necessária para habilitar à exportação de melancia e demais cucurbitáceas produzidas naquela região.
No período de 2004 a 2008, os principais importadores de melancia produzida no Brasil foram os países europeus (Tabela 4). O Brasil tem um mercado em expansão condicionado pela qualidade das frutas e melhoria dos serviços de exportação
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