A cultura da cenoura é um ótimo exemplo da importância da pesquisa agrícola e de seus impactos positivos na economia, no desenvolvimento de várias regiões e também de benefícios para os consumidores. Até a década de 1980, as cenouras cultivadas no Brasil eram importadas e melhor adaptadas para climas amenos, mais comuns no período de inverno das regiões centro-sul. No período de verão, os preços da cenoura subiam significativamente, inviabilizando seu consumo por parte significativa da população brasileira.
A Embrapa Hortaliças é a única instituição pública de pesquisa no país, e umas das poucas do mundo, que desenvolve atividades de melhoramento com cenoura visando a criação de cultivares de verão adaptadas às condições edafoclimáticas brasileiras e/ou para outras regiões tropicais. Em 1981, foi liberada a cultivar Brasília, desenvolvida para plantio durante o período de verão, atualmente cultivada em 75% da área de cenoura do Brasil.
Os principais benefícios decorrentes destas cultivares são traduzidos pelo aumento da produtividade em determinadas regiões e épocas de cultivo, redução do custo de produção pelo menor uso de agroquímicos, aumento das áreas plantadas nos anos após a liberação das cultivares, aumento da renda líquida dos produtores, ampliação da oferta de trabalho no campo e substituição das importações por sementes nacionais, graças à geração da cultivar Brasília.
A partir da década de 1980, face à deficiência de vitamina A em algumas áreas do país, deu-se início a uma nova fase no programa de melhoramento da Embrapa Hortaliças, com o objetivo de incorporar à cultivar Brasília algumas características como melhor qualidade nutricional e visual das raízes e maior nível de resistência a nematóides. Esta fase culminou com a liberação da cultivar Alvorada em 2000 que, dentre outras características, apresenta conteúdo de carotenóides totais 35% superior em relação às demais cultivares comerciais em uso no Brasil e alta resistência aos nematóides formadores de galhas nas raízes.
O lançamento da cv. Alvorada tem ajudado a conscientizar o consumidor brasileiro sobre a importância da qualidade nutricional das raízes de cenoura e também tem propiciado condições mínimas para alavancar o desenvolvimento da incipiente indústria de derivados de cenoura minimamente processados existente no Brasil, particularmente nas regiões próximas aos grandes centros urbanos.
Importância econômica
A cenoura (Figura 1) é uma hortaliça da família Apiaceae, do grupo das raízes tuberosas, cultivada em larga escala nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do Brasil. A estimativa de área plantada no Brasil em 2001 foi de 28 mil hectares com produção de 800 mil toneladas de raízes. Os principais municípios produtores são: Carandaí, Santa Juliana e São Gotardo (Minas Gerais); Piedade, Ibiúna e Mogi das Cruzes (São Paulo); Marilândia (Paraná); Lapão e Irecê (Bahia).
Embora produza melhor em áreas de clima ameno, nos últimos anos, face ao desenvolvimento de cultivares tolerantes ao calor e com resistência às principais doenças de folhagem, o plantio de cenoura vem-se expandindo também nos Estados da Bahia e de Goiás.
Fig. 1. Cultivar Brasília
Esta olerícola apresenta alto conteúdo de vitamina A (Tabela 1), textura macia e paladar agradável. Além do consumo in natura, é utilizada como matéria prima para indústrias processadoras de alimentos, que a comercializam na forma de minimamente processada (minicenouras, cubos, ralada, em rodelas) ou processada na forma de seleta de legumes, alimentos infantis e sopas instantâneas.
Tabela 1. Composição nutricional de 100 gramas de raízes de cenoura crua
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Fonte: Adaptado de USDA, 2000.
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