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domingo, 10 de maio de 2020

PANCS: Abóboras d’água (Lagenaria spp.)



Abóboras d’água (Lagenaria spp.)

A utilização do termo - abóboras d’água - parece vir do uso dos frutos secos como recipientes para armazenar e transportar água. São plantas de ciclo anual, de porte rasteiro. Várias espécies podem ser incluídas neste grupo, apresentando variações no formato dos frutos de oblongo ou ovóide a oblongo com pescoço cilíndrico.

Nomes comuns – Abóboras d’água; abóbora marimba, nas regiões central e Sul de Minas Gerais; caxi e caxixi, no Norte de MG; e porongo, chuchu-porongo e catuto, no Rio Grande do Sul.

Família botânica – Cucurbitaceae.

Origem – Originárias da América do Sul, embora de ocorrência também no continente africano.

Variedades – O que ocorre, na prática, é a seleção e a manutenção de variedades locais, muitas vezes pela seleção massal promovida pelos agricultores, em um sistema de observação próprio com escolha das melhores plantas.

Clima e solo – Apresenta ampla adaptação a diversos tipos de solo, de arenosos a argilosos. Em relação ao clima, a abóbora d’água apresenta melhor desenvolvimento em temperaturas na faixa de 20ºC a 27ºC. Trata-se de uma planta mais adaptada a clima tropical, havendo algumas variedades que possuem melhor adaptação a climas mais amenos.

Preparo do solo – Pode ser feito pelo método convencional ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo). No caso do preparo convencional, realiza-se aração e gradagem, atentando para a adoção de práticas conservacionistas e em seguida, efetuam-se o coveamento ou sulcamento e a adubação. No sistema de plantio direto, o revolvimento é restrito às covas ou linhas de plantio, deixando-se o solo entre as covas ou linhas protegido por cobertura morta (palhada), a qual é obtida a partir do manejo (corte e/ou dessecação) de plantas de cobertura estabelecidas previamente ao plantio.

Calagem e adubação – Recomenda-se realizar a correção da acidez do solo com calcário, de acordo com o resultado da análise de solo, elevando a saturação de bases para o nível de 60%. Como não há recomendações específicas para a cultura, sugere-se utilizar a recomendação para a cultura da abóbora menina da 5ª Aproximação para o estado de Minas Gerais (COMISSÃO, 1999), isto é, até 60 kg/ha de P2O5, 30 kg/ha de K2O e 20 kg/ha de N, além de 15 ton/ha de esterco de curral curtido. Na adubação de cobertura, a recomendação de N é de 30 kg/ha a 40 kg de K2O, os quais podem ser aplicados aos 25, 45 e aos 65 dias após o transplantio.

Plantio – O plantio pode ser feito diretamente no local definitivo, dispondo três a quatro sementes por cova. Quinze dias após realiza-se o desbaste, deixando as duas plantas mais vigorosas. Pode-se também produzir mudas em recipientes individuais (bandejas, copinhos de jornal ou plástico, por exemplo) com transplantio para o local definitivo quando essas apresentarem de quatro a cinco folhas definitivas. Em regiões quentes, pode ser plantada o ano inteiro, desde que se disponha de água. Nas regiões Sul e Sudeste, o plantio pode ser feito de setembro a fevereiro, quando as temperaturas são mais propícias ao pleno desenvolvimento da cultura.

Tratos culturais – A condução das plantas pode ser feita no sistema de latada (semelhante ao usado em chuchu) ou envarado (semelhante ao usado em tomate). No sistema envarado, mais recomendado por permitir maior produção por área, as estacas devem ser colocadas a 2 metros acima do solo. Também é possível realizar o plantio sem tutoramento, diretamente sobre o solo, especialmente em regiões menos úmidas e em solos bem drenados e arenosos. O espaçamento recomendado varia de acordo com o sistema de condução empregado: 3,0 x 2,0 m a 3,0 x 3,0 m quando sobre o solo sem tutoramento; 3,0 x 1,5 m no sistema envarado; e 4,0 x 3,0 m no sistema de latada. Recomenda-se fazer a capação, que é a poda do ramo principal na região de crescimento da planta, quando da emissão da quarta folha definitiva. Essa operação propicia maior aparecimento de ramos laterais. No caso da condução em latada ou envarada, a operação poderá ser realizada deixando-se, no máximo, três ramos por planta. Deve-se também proceder às capinas, irrigações e adubações necessárias ao desenvolvimento das plantas, tendo por base as recomendações para abóbora. As pragas mais comuns são brocas que se instalam nos frutos quando estão em desenvolvimento, além de lagartas e vaquinhas. As plantas desse gênero são mais tolerantes ao ataque de fungos e viroses.

Colheita e pós-colheita – Realiza-se a colheita 75 a 100 dias após o plantio. O período para essa atividade é relativamente curto, passando o fruto do estado tenro para fibroso em poucos dias. A produtividade pode variar de 20 a 30 ton/ha. Os frutos imaturos podem ser consumidos de várias formas, em saladas, refogados ou cozidos com outros alimentos. Depois de maduros, quando secos, são denominados de cabaça ou porongo. O fruto seco é amplamente utilizado em diversos países do mundo, de diferentes maneiras: aproveitados como recipientes para uso em refeições, como cuias ou copos; moringa para transporte e armazenamento de líquidos; amplificador acústico em instrumentos musicais, como o chocalho, afochê etc; e ainda na confecção de artesanatos, como exemplo a cuia de chimarrão e variadas peças decorativas.




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