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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

PANCS: Chicória-do-Pará (Eryngium foetidum)

 

Chicória-do-Pará (Eryngium foetidum)

Encontrada em toda a região Amazônica, é uma folhosa aromática com aroma característico de “coentro”. Possui folhas com até 20 cm de comprimento e 5 cm de largura, com bordas serradas, dispostas em roseta formando uma pequena touceira. Na fase reprodutiva, há emissão de uma haste floral com grande produção de sementes férteis.

Nomes comuns – Chicória-do-Pará, chicória, coentro-do-Pará, coentro-do-Maranhão e coentrão, pela semelhança do aroma a este outro condimento.

Família botânica – Apiaceae, a mesma da cenoura.

Origem – Existe certa contradição quanto à sua origem, mas certamente está associada à região equatorial, amazônica ou africana.

Variedades – Observa-se pouca variabilidade com relação ao material plantado na Amazônia. Entretanto, encontra-se esporadicamente na região Sudeste, em regiões serranas, uma variedade morfologicamente distinta àquelas da região Amazônica. A variedade serrana tem folhas mais fibrosas, mais compridas (até 25 cm) e estreitas (até 2 cm).

Clima e solo – É espécie adaptada a regiões com temperaturas mais elevadas e com boa disponibilidade de água. Exceção feita à variedade encontrada em regiões serranas do Sudeste que produz sob climas mais amenos. Produz melhor em solo leve, fértil e com bom teor de matéria orgânica.

Preparo do solo – O plantio é feito em canteiros, após aração e gradagem. Como é geralmente cultivada em pequenas áreas, as operações são, em geral, feitas manualmente com auxílio de enxadas. Os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 m a 1,2 m de largura por 10 a 15 cm de altura.

Calagem e adubação – A calagem deve ser feita em função da análise de solo, aplicando calcário visando atingir pH entre 5,5 e 6,5. Por sua relativa rusticidade, recomenda-se somente a correção do solo e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo.

Se os níveis de fósforo (P) e potássio (K) forem muito baixos, inferior a 10 mg dm-3 (ppm), sugere-se até 200 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O.

Plantio – É normalmente feito o semeio em canteiros, seguido de transplantio cerca de 20 a 25 dias após o semeio ou pode-se produzir mudas em bandejas para transplantio. Em comunidades tradicionais da Amazônia, a semeadura é feita a lanço, com alta concentração de sementes por unidade de área. Quando a muda se desenvolve nos canteiros, em cerca de 30 dias, o excedente é desbastado e transplantado para outros canteiros, de modo a obter densidade de cerca de 50 plantas por m2. O plantio pode ser feito o ano todo em regiões de clima quente (temperatura média superior a 25ºC). Já em regiões de clima mais ameno (temperatura média superior a 20ºC), o plantio deve ser feito de setembro a março.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição com plantas infestantes, no limpo, por meio de capinas manuais. A irrigação deve ser diária. Deve-se ter atenção quando o objetivo é a produção de sementes pois o sombreamento favorece a produção de folhas, atrasando significativamente o florescimento. Por outro lado se o interesse for a produção de folhas, deve-se efetuar o desbaste precoce das hastes florais, para aumentar a produção dessas.

Dois problemas fitossanitários merecem atenção na condução da lavoura, a murcha das plantas, causada por Ralstonia solanacearum, e nematoides -das-galhas, Meloidogyne, responsáveis por grande redução na produção.

Colheita – A colheita ocorre quando há perfilhamento e tem início o florescimento, cerca de 50 a 60 dias após o transplantio. Pode ser feita com ou sem raízes. Após a colheita, efetua-se a limpeza e o agrupamento de folhas ou plantas em maços. A produtividade pode atingir 10 maços/m2 com cerca de 200 g, perfazendo cerca de 2 kg/m2.

Embora seja utilizada em pequenas quantidades, seu aroma particular, semelhante ao do coentro, dá o sabor característico aos pratos em que está incorporado. No Norte do País, é amplamente difundido compondo o maço de “cheiro verde” – cebolinha, coentro e chicória-do-Pará, indispensável no tempero de pescados. Sob condições ambientes, as folhas podem ser reidratadas, colocando-as em água fria para recuperar a turgidez. Também pode ser desidratado ou congelado, permitindo maior conservação e uso como tempero em pratos já preparados.

Figuras 37 e 38: Chicória-do-Pará amazônica e serrana





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