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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Pancs: Cultivo do Cubiu (Solanum sessiliflorum)

Cubiu (Solanum sessiliflorum)

Foi domesticado pelos ameríndios pré-colombianos e distribuído em toda a Amazônia. A planta é um arbusto ereto e ramificado, que cresce de 1,0 a 2,0 m de altura. Produz frutos carnosos dos quais se extrai suco.

Nomes comuns – cubiu, maná, maná-cubiu, topiro, cocona e tomate de índio.

Família botânica – Solanaceae.

Origem – Amazônia Ocidental.

Variedades – Ocorre variabilidade para cor e formato de frutos de amarelo a vermelho e até roxo, além de porte da planta e outras características. A Divisão de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) fez uma coleção de 35 acessos de Belém do Pará e de Iquitos, Peru, citando a oportunidade de aumentar a resistência a nematoides, reduzir o número de sementes e aumentar a doçura.

Clima e solo – O cubiu cresce bem em regiões de clima quente e úmido. Há variedades no Peru que produzem bem em regiões mais altas, com temperaturas mais amenas. Apesar de ser uma espécie que necessita de luz, cresce relativamente bem à sombra, porém com redução na produção de frutos. O cubiu é adaptado a solos ácidos e de baixa fertilidade, apesar de haver redução na produção de frutos. Produz bem em solos com diferentes texturas, desde argilosa até arenosa.

Preparo do solo – Pelo sistema convencional, efetua-se o coveamento após aração e gradagem, com atenção à adoção de práticas conservacionistas em terrenos com declividade. Entretanto, recomenda-se o preparo localizado, restrito às covas de plantio, sem revolvimento do solo em área total. As covas devem ter, no mínimo, 20 x 20 x 20 cm em largura, comprimento e profundidade. No caso de mecanização, pode-se realizar o preparo pelo sulcamento de forma alternativa à aração e à gradagem. Se for cultivado em áreas sujeitas a encharcamento, recomenda-se o plantio em covas altas, popularmente conhecidas por “matumbos”.

Calagem e adubação – A calagem deve ser recomendada de acordo com as informações observadas na análise de solo. Sugere-se, no caso de produção comercial de frutos e considerando a inexistência de recomendações específicas, seguir a recomendação de adubação para berinjela, ou seja, até 200 kg/ ha de P2O5, 60 kg/ha de K2O e 40 kg/ha de N, e de 20 a 40 ton/ ha de esterco de curral curtido (COMISSÃO, 1999). Na adubação de cobertura, podem ser aplicados 60 kg/ha de N e até 100 kg/ ha de K2O, os quais podem ser parcelados a partir dos 45 dias após o transplantio a cada 15 ou 30 dias.

Plantio – O cubiu é propagado por sementes. As mudas podem ser produzidas em bandejas ou em recipientes individuais como copos ou saquinhos plásticos. Deve-se proceder o desbaste, deixando somente uma planta por célula ou recipiente, a mais vigorosa. As sementes iniciam a germinação a partir do sétimo dia e o plantio definitivo pode ser feito entre 45 e 60 dias após a semeadura, quando as plantas têm três a quatro folhas definitivas.

O plantio pode ser realizado durante o ano todo, em regiões quentes e úmidas como a Amazônia, e de setembro a dezembro nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição por plantas invasoras infestantes, por meio de capinas manuais entre as covas e roçada entre plantas. Na época seca, recomenda-se irrigar o plantio e utilizar cobertura morta entre plantas. Recomenda-se também o monitoramento da lavoura quanto ao ataque de pragas e doenças. As pragas mais frequentes são as vaquinhas, ácaros e pulgões e a doença mais comum é a “mela”, causada pelos fungos de solo Pythium sp. e Rhizoctonia solani.

Colheita e pós-colheita– A colheita começa aproximadamente sete meses após a semeadura. Os frutos são considerados maduros quando apresentam a mudança na coloração da casca, lembrando que se trata de fruto que não amadurece quando destacado da planta (fruto não climatérico). São muito resistentes ao transporte e podem ficar armazenados em geladeiras por um longo período, com boa conservação de suas características. Pode produzir de 30,0 a 50,0 ton/ha. A comercialização do cubiu é feita em pequena escala por produtores rurais nas feiras e nos mercados das cidades interioranas. O fruto do cubiu pode ser consumido ao natural, ou processado em forma de sucos, doces, geleias, sorvetes e compotas. Pode ainda ser utilizado em caldeiradas de peixe ou como tempero de pratos à base de carne de frango.


Figuras 43 e 44: Cubiu, planta e frutos


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

PANCS: Cultivo do Croá (Sicana odorifera)

 

Croá (Sicana odorifera)

É cultivado nas Américas do Sul e CCroá (Sicana odorifera) central e no Caribe. Planta anual, que cresce, frutifica e morre em curto período. É herbácea, rasteira ou trepadeira, com ramos quadrangulares. Possui folhas tripartidas, com até 30 cm de diâmetro.Croá (Sicana odorifera) O fruto é cilíndrico, alongado, com até 60 cm de comprimento e 12 cm de diâmetro, casca dura e coloração variando de laranja-avermelhado a roxo-escuro. A polpa é carnosa, amarelada, com sementes achatadas castanho escuras, com cerca de 1 cm. Quando bem madura, a polpa aquosa, amarelo-alaranjada, é fortemente aromática, daí a denominação S. odorifera.

Nomes comuns – croá, melão-de-caboclo, melão-de-cheiro e cruá.

Família botânica – Cucurbitaceae.

Origem – América Tropical, provavelmente do Peru ou Brasil.

Variedades – O que ocorre na prática é a seleção e manutenção de variedades locais e, muitas vezes, seleção massal, promovida pelos agricultores, em um sistema empírico de observação com a escolha das melhores plantas. Observa-se variabilidade com frutos de casca marrom e de casca roxo-escura, com maior ou menor presença do odor característico do fruto quando maduro, e com polpa mais ou menos amarelada.

Clima e solo – Como a maioria das cucurbitáceas, necessita de temperaturas mais elevadas para potencializar o seu desenvolvimento e produção. A faixa ideal de temperatura está entre 20ºC e 30ºC. Como se trata de planta rústica, possui ampla adaptação a várias tipos de solo, com melhor desenvolvimento em solos de textura média.

Preparo do solo – Varia conforme o sistema, mas pode ser feito pelo método modelo convencional, por meio do preparo de covas após aração e gradagem, ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo), com o revolvimento restrito às covas de plantio, deixando-se o solo protegido por uma cobertura morta formada a partir do manejo de plantas de cobertura, principalmente gramíneas ou leguminosas, estabelecidas previamente ao plantio. No caso do preparo convencional, é importante atentar para a adoção de práticas conservacionistas.

Calagem e adubação – Aconselha-se a proceder à correção da acidez do solo com calcário, de acordo com o resultado de análise de solo, elevando a saturação de bases para o nível de 65%. Como não há estudos específicos para a cultura, sugere-se utilizar a recomendação para a cultura do melão, isto é, no plantio até 160 kg/ha de P2O5, 20 kg/ha de K2O e 20 kg/ha de N, além de 20 ton/ha de esterco de curral curtido (COMISSÃO, 1999). Na adubação de cobertura, pode-se utilizar até 80 kg/ha de N e 80 kg/ha de K2O, os quais podem ser aplicados aos 15, 30 e 60 dias após o transplantio.

Plantio – As mudas podem ser produzidas em bandejas, em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico, por exemplo) e, posteriormente, transplantadas para o local definitivo, quando tiverem quatro a cinco folhas. Também se pode semear diretamente no local definitivo, dispondo 3 sementes por cova e deixando a mais vigorosa. Recomenda-se o espaçamento de 3,0 x 4,0 m. As plantas apresentam melhor desenvolvimento sob elevadas temperaturas. Assim, em regiões onde as estações não são tão marcadas, o plantio pode ser feito durante todo o ano. Em regiões com inverno mais ameno e seco, o plantio deve ser feito na primavera ou início do verão.

Tratos culturais – Recomenda-se proceder às capinas, irrigações e adubações necessárias ao desenvolvimento das plantas. A condução da cultura deve ser feita em sistema de latada, semelhante ao usado para chuchu. Devem-se esticar fitilhos para auxiliar a fixação das gavinhas das plantas até o topo da latada. Não são observados usualmente a incidência de problemas fitossanitários na cultura, exceto pela ocorrência de brocas, que se instalam nos frutos em desenvolvimento.

Colheita e pós-colheita – Após 110 a 120 dias do plantio, os primeiros frutos estão no ponto de colheita, sendo colhidos e armazenados à sombra até o transporte para ao local onde será feita a comercialização. O rendimento pode variar de 20 a 30 ton/ha.

Os frutos ainda verdes podem ser consumidos como hortaliça e quando maduros apresentam sabor doce e muito apropriado para sucos fabricação de doces, compotas, purês e licores.


Figuras 41 e 42: Croá, planta e fruto





segunda-feira, 2 de novembro de 2020

PANCS: Chuchu-de-vento (Cyclanthera pedata)

 


Chuchu-de-vento (Cyclanthera pedata)

Essa hortaliça é cultivada localmente em diversos países da América do Sul, mas é no Peru que apresenta significativo valor econômico, destacando-se pelo grande cultivo e consumo. Há registros de seu cultivo ainda na Itália, na Inglaterra e no México, sendo que, neste último, além dos frutos, os brotos são utilizados como alimento. No Brasil, é bastante popular no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas Gerais.

Nomes comuns – Chuchu de vento, maxixe-do-reino, maxixe-peruano, boga-boga, cayo, taiuá-de-comer.

Família botânica – Cucurbitaceae, a mesma das abóboras e do chuchu.

Origem – Regiões tropicais e subtropicais da América do Sul.

Variedades – Na prática, os agricultores mantêm suas variedades empiricamente, sendo comum a condução de plantas germinadas espontaneamente.

Clima e solo – O chuchu-de-vento é tipicamente de clima tropical, não suportando temperaturas muito baixas ou geadas. Mas há relatos de sua ocorrência em condições de clima subtropical e tropical de altitude, no verão com temperatura média anual de 20ºC a 25ºC. Com relação a solos, apresenta boa adaptação a diferentes tipos, mas aparentemente desenvolve-se melhor em solos arenosos.

Preparo do solo – Varia conforme o sistema de cultivo adotado pelo produtor, podendo ser feito pelo método convencional ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo). No caso do preparo convencional, com aração e gradagem, deve-se atentar para a adoção de práticas conservacionistas. Em seguida, efetuam-se o coveamento e a adubação. No sistema de plantio direto, o revolvimento é restrito às linhas ou covas de plantio, deixando-se o solo entre as linhas ou covas protegido por cobertura morta (palhada) formada a partir do manejo (corte e/ou dessecação) de plantas de cobertura estabelecidas previamente ao plantio.

Calagem e Adubação – Recomenda-se proceder à correção da acidez do solo com calcário de acordo com o resultado de análise de solo, elevando a saturação de bases para o nível de 65%. Como não há estudos recomendando adubação dessa cultura, pode-se utilizar a recomendação para a cultura do pepino da 5ª Aproximação para o estado de Minas Gerais (COMISSÃO, 1999), isto é, até 180 kg/ha de P2O5, 50 kg/ha de K2O e 30 kg/ha de N, além de 20 ton/ha de esterco de curral curtido. Na adubação de cobertura, até 90 kg/ha de N e 70 kg/ha de K2O, os quais podem ser aplicados aos 20, 40 e 60 dias após o transplantio.

Plantio – As mudas podem ser produzidas em bandejas, em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico, por exemplo) e, posteriormente, transplantadas para o local definitivo quando tiverem quatro a cinco folhas. Geralmente, são plantadas 14 a 20 mil mudas por hectare. Utiliza-se o espaçamento de 1,0 x 0,5 a 0,7 m. Também se pode fazer o plantio no local definitivo, semeando três a quatro sementes por cova com posterior desbaste 15 a 20 dias após o semeio, deixando-se as duas plantas mais vigorosas. O plantio deve ser concentrado nos períodos mais quentes nas regiões em que ocorrem temperaturas mais baixas. Em regiões onde as temperaturas médias se mantêm entre 25ºC e 30ºC, o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Normalmente, é cultivado no início do período chuvoso.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida livre da competição com plantas infestantes por meio da capina manual ou mecânica e irrigada de acordo com as necessidades da cultura e o tipo de solo. Como a planta apresenta crescimento prostrado, é recomendado que se faça o tutoramento e a condução, podendo ser utilizado o mesmo sistema empregado para o tomate envarado. Há relatos de maior produtividade com o tutoramento vertical, em relação ao tutoramento cruzado. De uma forma ou de outra, a planta não deve ser muito manuseada para o tutoramento, observando-se redução no vigor e aumento na incidência de viroses. A irrigação é realizada de acordo com as necessidades da cultura e o tipo de solo.

Merece atenção à incidência de algumas pragas, como mosca branca, ácaros, vaquinhas, brocas dos frutos e formigas que podem atacar as plantas e causar danos à produção, caso seja necessário, deve-se realizar o controle destas pragas através de catação manual ou pela aplicação de caldas repelentes ou inseticidas, quando do início da ocorrência. Também se observa plantas atacadas por nematoides-das-galhas, Meloydogine.

Colheita e pós colheita – Em plantios realizados em setembro-outubro, no início das chuvas, a colheita é feita após 120 a 150 dias de plantio. Os frutos, ainda imaturos, devem ser colhidos quando atingirem de 10 a 15 cm de comprimento. A colheita pode se prorrogar por dois meses ou até mais, dependendo do estado vegetativo e fitossanitário da cultura. Pose-se obter produtividades médias de até 50 ton/ha.

Os frutos tem sabor levemente amargo e adocicado, semelhante ao maxixe, e seu consumo pode ocorrer em saladas cruas (frutos mais novos), cozidos, recheados, em sopas e molhos e combinado com carnes e aves.