Páginas

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Pancs: Cultivo do Cubiu (Solanum sessiliflorum)

Cubiu (Solanum sessiliflorum)

Foi domesticado pelos ameríndios pré-colombianos e distribuído em toda a Amazônia. A planta é um arbusto ereto e ramificado, que cresce de 1,0 a 2,0 m de altura. Produz frutos carnosos dos quais se extrai suco.

Nomes comuns – cubiu, maná, maná-cubiu, topiro, cocona e tomate de índio.

Família botânica – Solanaceae.

Origem – Amazônia Ocidental.

Variedades – Ocorre variabilidade para cor e formato de frutos de amarelo a vermelho e até roxo, além de porte da planta e outras características. A Divisão de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) fez uma coleção de 35 acessos de Belém do Pará e de Iquitos, Peru, citando a oportunidade de aumentar a resistência a nematoides, reduzir o número de sementes e aumentar a doçura.

Clima e solo – O cubiu cresce bem em regiões de clima quente e úmido. Há variedades no Peru que produzem bem em regiões mais altas, com temperaturas mais amenas. Apesar de ser uma espécie que necessita de luz, cresce relativamente bem à sombra, porém com redução na produção de frutos. O cubiu é adaptado a solos ácidos e de baixa fertilidade, apesar de haver redução na produção de frutos. Produz bem em solos com diferentes texturas, desde argilosa até arenosa.

Preparo do solo – Pelo sistema convencional, efetua-se o coveamento após aração e gradagem, com atenção à adoção de práticas conservacionistas em terrenos com declividade. Entretanto, recomenda-se o preparo localizado, restrito às covas de plantio, sem revolvimento do solo em área total. As covas devem ter, no mínimo, 20 x 20 x 20 cm em largura, comprimento e profundidade. No caso de mecanização, pode-se realizar o preparo pelo sulcamento de forma alternativa à aração e à gradagem. Se for cultivado em áreas sujeitas a encharcamento, recomenda-se o plantio em covas altas, popularmente conhecidas por “matumbos”.

Calagem e adubação – A calagem deve ser recomendada de acordo com as informações observadas na análise de solo. Sugere-se, no caso de produção comercial de frutos e considerando a inexistência de recomendações específicas, seguir a recomendação de adubação para berinjela, ou seja, até 200 kg/ ha de P2O5, 60 kg/ha de K2O e 40 kg/ha de N, e de 20 a 40 ton/ ha de esterco de curral curtido (COMISSÃO, 1999). Na adubação de cobertura, podem ser aplicados 60 kg/ha de N e até 100 kg/ ha de K2O, os quais podem ser parcelados a partir dos 45 dias após o transplantio a cada 15 ou 30 dias.

Plantio – O cubiu é propagado por sementes. As mudas podem ser produzidas em bandejas ou em recipientes individuais como copos ou saquinhos plásticos. Deve-se proceder o desbaste, deixando somente uma planta por célula ou recipiente, a mais vigorosa. As sementes iniciam a germinação a partir do sétimo dia e o plantio definitivo pode ser feito entre 45 e 60 dias após a semeadura, quando as plantas têm três a quatro folhas definitivas.

O plantio pode ser realizado durante o ano todo, em regiões quentes e úmidas como a Amazônia, e de setembro a dezembro nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição por plantas invasoras infestantes, por meio de capinas manuais entre as covas e roçada entre plantas. Na época seca, recomenda-se irrigar o plantio e utilizar cobertura morta entre plantas. Recomenda-se também o monitoramento da lavoura quanto ao ataque de pragas e doenças. As pragas mais frequentes são as vaquinhas, ácaros e pulgões e a doença mais comum é a “mela”, causada pelos fungos de solo Pythium sp. e Rhizoctonia solani.

Colheita e pós-colheita– A colheita começa aproximadamente sete meses após a semeadura. Os frutos são considerados maduros quando apresentam a mudança na coloração da casca, lembrando que se trata de fruto que não amadurece quando destacado da planta (fruto não climatérico). São muito resistentes ao transporte e podem ficar armazenados em geladeiras por um longo período, com boa conservação de suas características. Pode produzir de 30,0 a 50,0 ton/ha. A comercialização do cubiu é feita em pequena escala por produtores rurais nas feiras e nos mercados das cidades interioranas. O fruto do cubiu pode ser consumido ao natural, ou processado em forma de sucos, doces, geleias, sorvetes e compotas. Pode ainda ser utilizado em caldeiradas de peixe ou como tempero de pratos à base de carne de frango.


Figuras 43 e 44: Cubiu, planta e frutos


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

PANCS: Cultivo do Croá (Sicana odorifera)

 

Croá (Sicana odorifera)

É cultivado nas Américas do Sul e CCroá (Sicana odorifera) central e no Caribe. Planta anual, que cresce, frutifica e morre em curto período. É herbácea, rasteira ou trepadeira, com ramos quadrangulares. Possui folhas tripartidas, com até 30 cm de diâmetro.Croá (Sicana odorifera) O fruto é cilíndrico, alongado, com até 60 cm de comprimento e 12 cm de diâmetro, casca dura e coloração variando de laranja-avermelhado a roxo-escuro. A polpa é carnosa, amarelada, com sementes achatadas castanho escuras, com cerca de 1 cm. Quando bem madura, a polpa aquosa, amarelo-alaranjada, é fortemente aromática, daí a denominação S. odorifera.

Nomes comuns – croá, melão-de-caboclo, melão-de-cheiro e cruá.

Família botânica – Cucurbitaceae.

Origem – América Tropical, provavelmente do Peru ou Brasil.

Variedades – O que ocorre na prática é a seleção e manutenção de variedades locais e, muitas vezes, seleção massal, promovida pelos agricultores, em um sistema empírico de observação com a escolha das melhores plantas. Observa-se variabilidade com frutos de casca marrom e de casca roxo-escura, com maior ou menor presença do odor característico do fruto quando maduro, e com polpa mais ou menos amarelada.

Clima e solo – Como a maioria das cucurbitáceas, necessita de temperaturas mais elevadas para potencializar o seu desenvolvimento e produção. A faixa ideal de temperatura está entre 20ºC e 30ºC. Como se trata de planta rústica, possui ampla adaptação a várias tipos de solo, com melhor desenvolvimento em solos de textura média.

Preparo do solo – Varia conforme o sistema, mas pode ser feito pelo método modelo convencional, por meio do preparo de covas após aração e gradagem, ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo), com o revolvimento restrito às covas de plantio, deixando-se o solo protegido por uma cobertura morta formada a partir do manejo de plantas de cobertura, principalmente gramíneas ou leguminosas, estabelecidas previamente ao plantio. No caso do preparo convencional, é importante atentar para a adoção de práticas conservacionistas.

Calagem e adubação – Aconselha-se a proceder à correção da acidez do solo com calcário, de acordo com o resultado de análise de solo, elevando a saturação de bases para o nível de 65%. Como não há estudos específicos para a cultura, sugere-se utilizar a recomendação para a cultura do melão, isto é, no plantio até 160 kg/ha de P2O5, 20 kg/ha de K2O e 20 kg/ha de N, além de 20 ton/ha de esterco de curral curtido (COMISSÃO, 1999). Na adubação de cobertura, pode-se utilizar até 80 kg/ha de N e 80 kg/ha de K2O, os quais podem ser aplicados aos 15, 30 e 60 dias após o transplantio.

Plantio – As mudas podem ser produzidas em bandejas, em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico, por exemplo) e, posteriormente, transplantadas para o local definitivo, quando tiverem quatro a cinco folhas. Também se pode semear diretamente no local definitivo, dispondo 3 sementes por cova e deixando a mais vigorosa. Recomenda-se o espaçamento de 3,0 x 4,0 m. As plantas apresentam melhor desenvolvimento sob elevadas temperaturas. Assim, em regiões onde as estações não são tão marcadas, o plantio pode ser feito durante todo o ano. Em regiões com inverno mais ameno e seco, o plantio deve ser feito na primavera ou início do verão.

Tratos culturais – Recomenda-se proceder às capinas, irrigações e adubações necessárias ao desenvolvimento das plantas. A condução da cultura deve ser feita em sistema de latada, semelhante ao usado para chuchu. Devem-se esticar fitilhos para auxiliar a fixação das gavinhas das plantas até o topo da latada. Não são observados usualmente a incidência de problemas fitossanitários na cultura, exceto pela ocorrência de brocas, que se instalam nos frutos em desenvolvimento.

Colheita e pós-colheita – Após 110 a 120 dias do plantio, os primeiros frutos estão no ponto de colheita, sendo colhidos e armazenados à sombra até o transporte para ao local onde será feita a comercialização. O rendimento pode variar de 20 a 30 ton/ha.

Os frutos ainda verdes podem ser consumidos como hortaliça e quando maduros apresentam sabor doce e muito apropriado para sucos fabricação de doces, compotas, purês e licores.


Figuras 41 e 42: Croá, planta e fruto





segunda-feira, 2 de novembro de 2020

PANCS: Chuchu-de-vento (Cyclanthera pedata)

 


Chuchu-de-vento (Cyclanthera pedata)

Essa hortaliça é cultivada localmente em diversos países da América do Sul, mas é no Peru que apresenta significativo valor econômico, destacando-se pelo grande cultivo e consumo. Há registros de seu cultivo ainda na Itália, na Inglaterra e no México, sendo que, neste último, além dos frutos, os brotos são utilizados como alimento. No Brasil, é bastante popular no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas Gerais.

Nomes comuns – Chuchu de vento, maxixe-do-reino, maxixe-peruano, boga-boga, cayo, taiuá-de-comer.

Família botânica – Cucurbitaceae, a mesma das abóboras e do chuchu.

Origem – Regiões tropicais e subtropicais da América do Sul.

Variedades – Na prática, os agricultores mantêm suas variedades empiricamente, sendo comum a condução de plantas germinadas espontaneamente.

Clima e solo – O chuchu-de-vento é tipicamente de clima tropical, não suportando temperaturas muito baixas ou geadas. Mas há relatos de sua ocorrência em condições de clima subtropical e tropical de altitude, no verão com temperatura média anual de 20ºC a 25ºC. Com relação a solos, apresenta boa adaptação a diferentes tipos, mas aparentemente desenvolve-se melhor em solos arenosos.

Preparo do solo – Varia conforme o sistema de cultivo adotado pelo produtor, podendo ser feito pelo método convencional ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo). No caso do preparo convencional, com aração e gradagem, deve-se atentar para a adoção de práticas conservacionistas. Em seguida, efetuam-se o coveamento e a adubação. No sistema de plantio direto, o revolvimento é restrito às linhas ou covas de plantio, deixando-se o solo entre as linhas ou covas protegido por cobertura morta (palhada) formada a partir do manejo (corte e/ou dessecação) de plantas de cobertura estabelecidas previamente ao plantio.

Calagem e Adubação – Recomenda-se proceder à correção da acidez do solo com calcário de acordo com o resultado de análise de solo, elevando a saturação de bases para o nível de 65%. Como não há estudos recomendando adubação dessa cultura, pode-se utilizar a recomendação para a cultura do pepino da 5ª Aproximação para o estado de Minas Gerais (COMISSÃO, 1999), isto é, até 180 kg/ha de P2O5, 50 kg/ha de K2O e 30 kg/ha de N, além de 20 ton/ha de esterco de curral curtido. Na adubação de cobertura, até 90 kg/ha de N e 70 kg/ha de K2O, os quais podem ser aplicados aos 20, 40 e 60 dias após o transplantio.

Plantio – As mudas podem ser produzidas em bandejas, em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico, por exemplo) e, posteriormente, transplantadas para o local definitivo quando tiverem quatro a cinco folhas. Geralmente, são plantadas 14 a 20 mil mudas por hectare. Utiliza-se o espaçamento de 1,0 x 0,5 a 0,7 m. Também se pode fazer o plantio no local definitivo, semeando três a quatro sementes por cova com posterior desbaste 15 a 20 dias após o semeio, deixando-se as duas plantas mais vigorosas. O plantio deve ser concentrado nos períodos mais quentes nas regiões em que ocorrem temperaturas mais baixas. Em regiões onde as temperaturas médias se mantêm entre 25ºC e 30ºC, o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Normalmente, é cultivado no início do período chuvoso.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida livre da competição com plantas infestantes por meio da capina manual ou mecânica e irrigada de acordo com as necessidades da cultura e o tipo de solo. Como a planta apresenta crescimento prostrado, é recomendado que se faça o tutoramento e a condução, podendo ser utilizado o mesmo sistema empregado para o tomate envarado. Há relatos de maior produtividade com o tutoramento vertical, em relação ao tutoramento cruzado. De uma forma ou de outra, a planta não deve ser muito manuseada para o tutoramento, observando-se redução no vigor e aumento na incidência de viroses. A irrigação é realizada de acordo com as necessidades da cultura e o tipo de solo.

Merece atenção à incidência de algumas pragas, como mosca branca, ácaros, vaquinhas, brocas dos frutos e formigas que podem atacar as plantas e causar danos à produção, caso seja necessário, deve-se realizar o controle destas pragas através de catação manual ou pela aplicação de caldas repelentes ou inseticidas, quando do início da ocorrência. Também se observa plantas atacadas por nematoides-das-galhas, Meloydogine.

Colheita e pós colheita – Em plantios realizados em setembro-outubro, no início das chuvas, a colheita é feita após 120 a 150 dias de plantio. Os frutos, ainda imaturos, devem ser colhidos quando atingirem de 10 a 15 cm de comprimento. A colheita pode se prorrogar por dois meses ou até mais, dependendo do estado vegetativo e fitossanitário da cultura. Pose-se obter produtividades médias de até 50 ton/ha.

Os frutos tem sabor levemente amargo e adocicado, semelhante ao maxixe, e seu consumo pode ocorrer em saladas cruas (frutos mais novos), cozidos, recheados, em sopas e molhos e combinado com carnes e aves.







sexta-feira, 9 de outubro de 2020

PANCS: Chicória-do-Pará (Eryngium foetidum)

 

Chicória-do-Pará (Eryngium foetidum)

Encontrada em toda a região Amazônica, é uma folhosa aromática com aroma característico de “coentro”. Possui folhas com até 20 cm de comprimento e 5 cm de largura, com bordas serradas, dispostas em roseta formando uma pequena touceira. Na fase reprodutiva, há emissão de uma haste floral com grande produção de sementes férteis.

Nomes comuns – Chicória-do-Pará, chicória, coentro-do-Pará, coentro-do-Maranhão e coentrão, pela semelhança do aroma a este outro condimento.

Família botânica – Apiaceae, a mesma da cenoura.

Origem – Existe certa contradição quanto à sua origem, mas certamente está associada à região equatorial, amazônica ou africana.

Variedades – Observa-se pouca variabilidade com relação ao material plantado na Amazônia. Entretanto, encontra-se esporadicamente na região Sudeste, em regiões serranas, uma variedade morfologicamente distinta àquelas da região Amazônica. A variedade serrana tem folhas mais fibrosas, mais compridas (até 25 cm) e estreitas (até 2 cm).

Clima e solo – É espécie adaptada a regiões com temperaturas mais elevadas e com boa disponibilidade de água. Exceção feita à variedade encontrada em regiões serranas do Sudeste que produz sob climas mais amenos. Produz melhor em solo leve, fértil e com bom teor de matéria orgânica.

Preparo do solo – O plantio é feito em canteiros, após aração e gradagem. Como é geralmente cultivada em pequenas áreas, as operações são, em geral, feitas manualmente com auxílio de enxadas. Os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 m a 1,2 m de largura por 10 a 15 cm de altura.

Calagem e adubação – A calagem deve ser feita em função da análise de solo, aplicando calcário visando atingir pH entre 5,5 e 6,5. Por sua relativa rusticidade, recomenda-se somente a correção do solo e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo.

Se os níveis de fósforo (P) e potássio (K) forem muito baixos, inferior a 10 mg dm-3 (ppm), sugere-se até 200 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O.

Plantio – É normalmente feito o semeio em canteiros, seguido de transplantio cerca de 20 a 25 dias após o semeio ou pode-se produzir mudas em bandejas para transplantio. Em comunidades tradicionais da Amazônia, a semeadura é feita a lanço, com alta concentração de sementes por unidade de área. Quando a muda se desenvolve nos canteiros, em cerca de 30 dias, o excedente é desbastado e transplantado para outros canteiros, de modo a obter densidade de cerca de 50 plantas por m2. O plantio pode ser feito o ano todo em regiões de clima quente (temperatura média superior a 25ºC). Já em regiões de clima mais ameno (temperatura média superior a 20ºC), o plantio deve ser feito de setembro a março.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição com plantas infestantes, no limpo, por meio de capinas manuais. A irrigação deve ser diária. Deve-se ter atenção quando o objetivo é a produção de sementes pois o sombreamento favorece a produção de folhas, atrasando significativamente o florescimento. Por outro lado se o interesse for a produção de folhas, deve-se efetuar o desbaste precoce das hastes florais, para aumentar a produção dessas.

Dois problemas fitossanitários merecem atenção na condução da lavoura, a murcha das plantas, causada por Ralstonia solanacearum, e nematoides -das-galhas, Meloidogyne, responsáveis por grande redução na produção.

Colheita – A colheita ocorre quando há perfilhamento e tem início o florescimento, cerca de 50 a 60 dias após o transplantio. Pode ser feita com ou sem raízes. Após a colheita, efetua-se a limpeza e o agrupamento de folhas ou plantas em maços. A produtividade pode atingir 10 maços/m2 com cerca de 200 g, perfazendo cerca de 2 kg/m2.

Embora seja utilizada em pequenas quantidades, seu aroma particular, semelhante ao do coentro, dá o sabor característico aos pratos em que está incorporado. No Norte do País, é amplamente difundido compondo o maço de “cheiro verde” – cebolinha, coentro e chicória-do-Pará, indispensável no tempero de pescados. Sob condições ambientes, as folhas podem ser reidratadas, colocando-as em água fria para recuperar a turgidez. Também pode ser desidratado ou congelado, permitindo maior conservação e uso como tempero em pratos já preparados.

Figuras 37 e 38: Chicória-do-Pará amazônica e serrana





domingo, 23 de agosto de 2020

PANCS: Caruru (Amaranthus spp.)


Caruru (Amaranthus spp.)

Caruru é a designação comum para as plantas do gênero Amaranthus. Planta herbácea anual, ereta ou subprostrada, com altura de 0,8 a 2,0 m e caule de coloração esverdeada. As plantas de coloração pigmentada são, em geral, denominadas amaranto. Apresentam folhas de consistência tenra e flores em espigas nos ápices dos caules ou nas axilas das folhas. Muitas vezes consideradas como invasoras de plantações, podem ser também utilizadas como indicadoras de qualidade do solo, indicando solo fértil, especialmente rico em potássio.

Nomes comuns – Caruru, caruru-de-porco, bredo.

Família botânica – Amarantaceae.

Origem – América tropical e subtropical.

Variedades – Há várias espécies comestíveis: Amarantuhs viridis L.: caruru de mancha, caruru pequeno, caruru de porco; Amaranthus hibridus L.: bredo vermelho, caruru bravo, caruru roxo, chorão, crista de galo; Amaranthus spinosus L.: bredo, bredo de chifre, bredo de espinho, caruru bravo, caruru de espinho, caruru; Amaranthus lividus L.: caruru de cuia. Todavia, há também carurus bravos, não comestíveis, devendo-se buscar informação com agricultores da localidade.

Clima e solo – É amplamente adaptado a diferentes condições de clima e solo, ocorrendo em todo o País. As plantas são tolerantes a calor e seca, adaptando-se bem a condições de alta insolação e temperaturas típicas das regiões áridas e semiáridas.

Preparo do solo – A planta é geralmente cultivada em áreas pequenas, por vezes somente manejada aproveitando- se a germinação de plantas espontâneas. Assim, as operações são, em geral, feitas manualmente com auxílio de enxadas para o plantio em canteiros, que devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 a 1,2 m de largura por 10 a 15 cm de altura.

Calagem e adubação – A calagem deve ser feita em função da análise de solo, aplicando-se calcário visando atingir pH entre 5,3 e 5,8. Por sua enorme rusticidade, recomenda-se somente a correção do solo e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo.

Plantio – Reproduz-se por sementes, fácil e abundantemente. A semeadura é feita, normalmente, no local definitivo. Muitas vezes, o que acontece na prática em pequenas hortas é o manejo de plantas espontâneas, fazendo -se o desbaste para o espaçamento de aproximadamente 0,1 x 0,1 m. Pode ser plantado o ano todo, desde que haja disponibilidade de água. Sob temperaturas inferiores a 15ºC, o desenvolvimento é lento; portanto, na região Sul e em regiões de altitude do Sudeste, o desenvolvimento é favorecido de setembro a março.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida no limpo, sob baixa competição com as plantas infestantes por meio de capinas manuais. O sistema radicular vigoroso e o ciclo curto possibilitam ao caruru tolerar os estresses hídricos. Porém, para aumentar a produção especialmente de folhas, deve-se irrigar quando necessário.É planta bastante tolerante, sendo pouco afetada por pragas ou doenças. Observa-se esporadicamente a incidência de oídio e o ataque por pragas desfolhadoras, especialmente vaquinhas e idiamins.

Colheita – A colheita das folhas é feita cerca de 40 a 60 dias após o plantio, quando as plantas estão com 30 a 50 cm. Pode-se fazer a colheita mais tardia, mas as folhas vão ficando cada vez mais fibrosas. Colhe-se toda a planta, sugerindo-se o corte a 10 cm do solo para manter as folhas mais limpas e sem resíduo. Produz cerca de 1,0 a 1,5 kg/m2, o equivalente a 10 a 12 ton/ha, lembrando que em geral o cultivo como hortaliça folhosa é realizado em pequenos espaços.

Todas as partes do caruru são comestíveis. Na Bahia, é também conhecido como bredo e utilizado na culinária local, reservando-se o termo “caruru” ao prato preparado com esta planta, junto com quiabo, camarão e temperos, ainda que por vezes nem se
utilize mais o caruru no seu preparo.




segunda-feira, 3 de agosto de 2020

PANCS: Cará-do-ar ou Cará-Moela (Dioscorea bulbifera)


Cará-do-ar (Dioscorea bulbifera)

Planta trepadeira da família dos inhames (carás), mas que apresenta algumas peculiaridades em relação a esses, notadamente com a produção de tubérculos aéreos globulares com formatos arredondados ou alados, ás vezes na mesma planta. Encontra-se relativamente bem disseminado pelo Brasil, muitas vezes como planta espontânea, e, quando cultivado, em geral representa uso local basicamente de subsistência.

Nomes comuns – Cará-do-ar, cará-moela, cará-tramela.

Família botânica – Dioscoreaceae.

Origem – Brasil Central.

Variedades – Observa-se variabilidade com relação á coloração interna dos tubérculos aéreos, desde branco a arroxeado. Existe também variedade com aspecto cascudo, mas que parece não apresentar boa digestibilidade para muitas pessoas.

Clima e solo – Produz melhor em locais quentes e adapta-se a vários tipos de solo.

Preparo do solo – Recomenda-se o preparo somente das covas de plantio, mantendo-se o espaço entre as plantas sem revolvimento e com cobertura permanente.

Calagem e adubação – É planta rústica, mas responde à adubação em solos empobrecidos. Com base em resultados da análise de solo, recomenda-se corrigir a acidez do solo para se chegar à saturação de bases em 60%. Como não há recomendação específica para cará-do-ar, sugere-se utilizar recomendação para inhame (cará). Santos (1996), em trabalhos com inhame, recomenda a adubação de plantio com até 120 kg/ ha de P2O5 e 100 kg/ha de K2O, conforme a disponibilidade desses nutrientes no solo. Em cobertura, 60 kg/ha de N em duas aplicações, 45-60 e 90-120 dias após o plantio. Em solos com baixo teor de matéria orgânica, podem ser usadas 10 ton/ha de esterco de curral curtido ou composto orgânico.

Plantio – A propagação é feita por tubérculos aéreos, devendo-se utilizar aqueles de tamanho médio. Os maiores devem ser usados para alimentação. Os pequenos, menores que 2 cm, possuem reduzida quantidade de reservas, apresentando desenvolvimento inicial muito lento. O espaçamento deve ser 2,0 a 3,0 m entre linhas por 2,0 m entre plantas nas linhas.

Em regiões de clima quente com disponibilidade de água, o plantio pode acontecer durante todo ano. Já em regiões de clima ameno, com inverno frio e/ou seco, aconselha-se que o plantio seja realizado no período entre setembro e novembro.

Tratos culturais – As plantas devem ser tutoradas pelo método de espaldeira, semelhante ao usado para maracujá e também é recomendável a realização de capinas e irrigação, quando necessário. A cultura não sofre usualmente incidência de pragas e doenças, mas alguns insetos desfolhadores como vaquinhas e formigas podem atacá-la.

Colheita e pós-colheita – A colheita é feita a partir de 4 a 5 meses após o plantio e o tempo de conservação é bastante extenso quando armazenados em locais secos e arejados. A produtividade pode atingir 15 a 20 ton/ha. Na culinária os tubérculos podem ser consumidos refogados, cozidos, fritos, em sopas e na composição de pães. Mas, também podem substituir
a batata, compondo pratos com carnes e aves.

Figuras 31 e 32: Cará-moela, planta e tubérculo aéreo

Figura 33: Cará-moela cascudo, arroxeado e branco




quarta-feira, 29 de julho de 2020

PANCS: Capuchinha (Tropaeolum majus)


Capuchinha (Tropaeolum majus)

Planta anual, suculenta, prostrada, que se alastra com facilidade. O caule é herbáceo, retorcido, longo e carnoso. As folhas são arredondadas, com coloração verde-azulada e as flores vistosas e afuniladas, apresentam diversas cores. O formato das flores lembra um capucho (chapéu em bico), o que lhe confere seu nome popular mais usual. Produz frutos de coloração esverdeada formado por dois ou três aquênios pequenos. Pode ser plantada como melífera ou ornamental ou, ainda, como companheira para outras espécies como tomate, pepino e frutíferas pela sua característica de atrair polinizadores e repelir pulgões e besouros.

Nomes comuns – Capuchinha, chaguinha, chagas, papagaios, flor-de-sangue, agrião-do-méxico, flor-de-chagas, espora-de-galo, agrião-grande-do-Peru.

Família botânica – Tropaeolaceae.

Origem – Do Sul do México à Patagônia argentina, incluindo regiões do Brasil.

Variedades – Não há exatamente uma sistematização organizada de variedades; elas são definidas pela coloração das flores, que vão do amarelo ao vermelho intenso, passando por tons de laranja e vermelho mais claro, além de variedades com flores variegadas, por exemplo, de amarelo e vermelho. Também se observam diferenças entre variedades nas folhas, na coloração e no tamanho. Encontram-se no mercado sementes para venda, em geral “sementes sortidas”, ou seja, a mistura de variedades com flores de cores diferentes.

Clima e solo – É resistente e facilmente adaptável a qualquer tipo de clima, floresce durante quase todo o ano. Pode ser plantada em diversos tipos de solo, desenvolvendo-se melhor em solos leves de textura pouco arenosa, profundos, com boa drenagem, ricos em matéria orgânica e com boa capacidade de retenção de umidade.

Preparo do solo – Após realizar as etapas de aração e gradagem, efetua-se o encanteiramento. Contudo, como é geralmente cultivada em áreas pequenas, as operações são feitas manualmente, com auxílio de enxadas. Os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 a 1,2 m de largura por 15 a 20 cm de altura. Pode-se fazer o plantio em leiras espaçadas de 0,5 a 0,6 m entre si no caso de áreas sujeitas a encharcamento excessivo.

Calagem e adubação – Para melhor produção, quando necessário e de acordo com o resultado da análise, é indicado fazer a correção do solo com calcário para elevar o pH à faixa entre 5,5 e 6,0. Devido à rusticidade da planta, recomenda-se utilizar somente a adubação orgânica com 1,0 kg/m2 a 3,0 kg/m2 de composto orgânico, a depender do teor de matéria orgânica no solo. Para adubação por cobertura, pode ser aplicado até 1,0 kg/m2 de composto orgânico de acordo com a evolução da colheita.

Plantio - Sua multiplicação ocorre por sementes ou por estaquia, e as mudas podem ser feitas em bandejas ou recipientes individuais (copinhos plásticos ou de jornal, pequenos vasos etc.). No caso da multiplicação via estacas, para melhor pegamento, utiliza-se a região intermediária do caule. As estacas devem ter de 10 a 15 cm de comprimento e ser frequentemente irrigadas. O transplantio para o local definitivo é realizado cerca de 25 dias após a semeadura ou de 15 a 20 dias após o enraizamento das estacas, quando a planta apresenta entre quatro e seis folhas definitivas no caso do uso de sementes, e quatro folhas totalmente desenvolvidas no caso do uso de estacas. O plantio é feito em canteiros no espaçamento de 0,3-0,4 x 0,3-0,4 m.

A capuchinha pode ser cultivada durante o ano todo. Contudo, em regiões mais quentes é comum haver perdas no pegamento de mudas quando o plantio é feito em época chuvosa e sob altas temperaturas. Apesar disso, o desenvolvimento da planta é mais pronunciado em períodos com temperaturas mais elevadas.

Tratos culturais – Recomenda-se manter a cultura livre de plantas infestantes por meio de capinas manuais e irrigar quando necessário, o que em períodos de estiagem corresponde a duas ou três vezes por semana. Existem relatos de ocorrência de desfolhamento causado por formigas e lagartas desfolhadoras (curuquerê da couve), durante o desenvolvimento da cultura, mas, usualmente esse problema não atrapalha a produção.

Colheita e pós-colheita – A colheita é iniciada 50 dias após o plantio, podendo ser estendida por meses. As plantas podem ser podadas para colheita das folhas e das flores. No caso de colheita exclusivamente de flores, parte normalmente mais apreciada e procurada para a ornamentação de pratos, deve-se colher diariamente enquanto elas ainda estão tenras. Pode-se atingir produtividade de flores de até 0,5 kg/m2 por mês e de folhas, até 1,0 kg/m2 por mês.

Após a colheita, as flores devem ser imediatamente embaladas em sacos de polietileno, visando minimizar as contaminações e murchamento. Estes filmes plásticos devem oferecer condições de troca gasosa para evitar a condensação de vapor d’água. Para conservar as flores por três a cinco dias, recomenda-se resfriá-las logo após a colheita à temperatura de 1 a 4o C.

A capuchinha é uma das flores comestíveis mais consumidas no Brasil, com sabor levemente picante, assemelhando-se ao do agrião. Suas folhas são arredondadas e também comestíveis. As sementes, sob a forma de conserva, substituem as alcaparras. As flores com cores variadas, vermelhas, laranjas, amarelas, dão um toque todo especial as saladas. Suas flores podem ainda ser desidratadas, embebidas em álcool ou em açúcar, congeladas ou na forma de cubo de gelo adiconadas a coqueteis e drinks.

Figuras 26 e 27: Capuchinha laranja e Capuchinha amarela

Figuras 28, 29 e 30: Flores de Capuchinha Amarela, laranja e vermelha




segunda-feira, 13 de julho de 2020

PANCS: Capiçoba (Erechtites valerianifolius)


Capiçoba (Erechtites valerianifolius)

Folhosa herbácea, ereta, anual, ramificada, apresenta hastes grossas, que atingem até 1,0 m de altura. O uso potencial como hortaliça é ainda muito pouco explorado.

Nomes comuns – Capiçoba, gondó, maria gondó, maria-gomes e capiçova.

Família botânica – Asteraceae, a mesma da alface. 

Origem – Brasil.

Variedades – Comum, não havendo variedades sistematizadas.

Clima e solo – Desenvolve-se em diferentes regiões de clima tropical. O solo deve ser leve, fértil e com bom teor de matéria orgânica.

Preparo do solo – Após aração e gradagem, efetua-se o encanteiramento. Entretanto, como é geralmente cultivada em áreas pequenas, as operações são, habitualmente, feitas de forma manual com auxílio de enxadas. Os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 a 1,2 m de largura por 0,1 a 0,2 m de altura. Em hortas caseiras, é muito comum o simples manejo de plantas espontâneas originadas a partir de sementes que caem ao solo. Para tal, é interessante selecionar plantas matrizes, as mais vigorosas, até a fase reprodutiva quando ocorre a produção de sementes.

Adubação e calagem – Para maior produção, é importante efetuar a correção da acidez do solo e aplicar a quantidade e o tipo de calcário com base na análise de solo, buscando pH entre 5,8 e 6,3. Pela sua enorme rusticidade, recomenda-se somente a correção do solo e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo. Para adubação de cobertura, após cada corte realizado, deve-se aplicar até 1,0 kg/m2 de composto orgânico.

Plantio – O plantio pode ser feito diretamente no canteiro definitivo ou em sementeiras para posterior transplantio de mudas produzidas em bandejas. O espaçamento recomendado é o de 30 x 30 cm. O cultivo da capiçoba pode ser feito durante o ano todo em regiões de clima ameno; em regiões muito quentes porém, com temperatura média superior a 25ºC, recomenda-se o plantio de março a agosto.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida no limpo, sob baixa competição por plantas infestantes, por meio de capinas, e irrigada periodicamente. Pode sofrer desfolhamento parcial devido a incidência de besouros e gafanhotos, mas tende a se recuperar posteriormente.

Colheita e pós-colheita – Inicia-se a colheita 60 a 80 dias após o plantio, quando então os ramos são cortados com 40 cm de comprimento, limpos e preparados em maços. O manuseio deve ser feito à sombra. Pode-se fazer 2, até 3 cortes por planta, pois, a partir deste valor há uma tendência a redução do vigor e do tamanho dos ramos. Produz cerca de quatro maços por metro quadrado com cerca de 300 g cada, rendendo o equivalente a 8 ton/ha por corte, lembrando que é geralmente cultivada em pequenos espaços.

As folhas são consumidas cruas em saladas, ou refogadas e cozidas em sopas, omeletes, mexidos, recheios e preparos de outros pratos. É importante ressaltar que esta hortaliça apresenta um sabor levemente amargo, devendo ser consumida com outros alimentos, como acompanhada de arroz e feijão.

Figuras 24 e 25: Capiçoba, fases vegetativa e de florescimento





sexta-feira, 3 de julho de 2020

PANCS: Bertalha (Basella alba)


Bertalha (Basella alba)

Planta trepadeira, vigorosa, de folhas espessas. Existem variedades de crescimento determinado e indeterminado, exigindo tutoramento semelhante ao realizado para vagem, em torno de 2m de altura.

Nomes comuns – Bertalha, bertália, espinafre indiano, espinafre tropical, folha tartaruga.

Família botânica – Basellaceae.

Origem – Subcontinente Indiano e Sudeste Asiático.

Variedades – Inpa 80, Inpa 81, Calcutá e Tatá são algumas variedades, mas na prática o que ocorre é a manutenção empírica de variedades locais pelos agricultores, muitas vezes sem conhecimento de seu nome. Há variedades de crescimento determinado e de crescimento indeterminado.

Clima e solo – Desenvolve-se melhor em regiões de clima quente, com temperaturas ideais para o crescimento entre 26ºC e 28ºC. Entretanto, é comum o cultivo em regiões serranas, de clima ameno, durante o verão. O solo deve ser leve, fértil e com bom teor de matéria orgânica.

Preparo do solo – Pode ser feito pelo método convencional ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo). No caso do preparo convencional, realiza-se a aração e gradagem, atentando para a adoção de práticas conservacionistas. Em seguida, efetuam-se o coveamento e a adubação. No sistema de plantio direto, o revolvimento é restrito às covas ou linhas de plantio, deixando-se o solo protegido pela cobertura morta (palhada de gramíneas ou leguminosas) nas entrelinhas.

Calagem e adubação – As atividades devem ser feitas com base na análise de solo. Quando necessário, deve-se efetuar a correção da acidez do solo com antecedência e aplicar a quantidade e o tipo de calcário indicados, corrigindo-se o pH para 6,0 - 6,5. Não havendo recomendação específica, sugere-se seguir a adubação de plantio similar à recomendada para alface, reduzindo, no entanto, os níveis de nutrientes à metade, pela reconhecida rusticidade da bertalha. Assim, considerando a 5ª Aproximação para o estado de Minas Gerais, tem-se até 200 kg/ ha de P2O5, 60 kg/ha de K2O, 75 kg/ha de N e 25 toneladas de esterco de curral curtido no plantio, fornecendo no plantio todo o adubo fosfatado e parte do adubo nitrogenado e potássico, além da adubação orgânica. A adubação de cobertura aos 15 e 20 dias deve ser feita com fontes nitrogenadas e, conforme o manejo, potássicas e com matéria orgânica. Após cada corte, deve-se realizar adubação nitrogenada, na dosagem de 30 kg de N/ha.

Plantio – A semeadura pode ser feita diretamente no local definitivo, no espaçamento de 0,8 m entre linhas por 0,5 m entre plantas nas linhas, para as plantas de crescimento indeterminado. Para as plantas de crescimento determinado, normalmente plantadas em canteiros, o espaçamento é 0,4 x 0,4 m. Também se pode produzir mudas em bandejas ou em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico etc.). A profundidade de semeio deve ser de 0,5 cm. A temperatura ideal para germinação das sementes está entre 15 e 30ºC, levando de oito a dez dias para germinar. As mudas são transplantadas com 10 cm de altura, cerca de 20 dias após a germinação, quando apresentarem quatro a seis folhas definitivas.

Em regiões que apresentam clima mais quente, pode ser cultivada durante o ano todo. Em locais de temperaturas mais baixas, deve ser programado o cultivo na primavera ou início de verão.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição com plantas infestantes, no limpo, por meio de capinas manuais e/ou mecânicas. Quando se tratar de plantas de crescimento indeterminado, recomenda-se a utilização de tutores individuais ou de espaldeira semelhante à usada para tomate vertical ou feijão-vagem. A irrigação deve ser feita de acordo com as condições climáticas e de solo e as necessidades da planta. Entretanto, normalmente a irrigação é dispensada, pois o cultivo realiza-se no período das águas. Quanto aos problemas fitossanitários, é comum o ataque por insetos desfolhadores, especialmente vaquinhas, e por nematoides do gênero Meloidogyne que causam redução no desenvolvimento e na produção de plantas.

Colheita e pós-colheita – A colheita tem início 60 a 90 dias após o plantio. As folhas devem apresentar cor verde escuro, aspecto tenro e sem manchas, o usual é que os ramos sejam cortados com 30 a 40 cm de comprimento e posteriormente amarrados em maços. Todo manuseio da bertalha deve ser feito à sombra. A produtividade varia entre 15 e 30 ton/ha. A bertalha deve ser consumida logo após a colheita, pois se deteriora com relativa facilidade. Em temperatura ambiente conserva-se por um dia, desde que os ramos sejam mantidos imersos em uma vasilha com água. Para armazenamento em geladeira, deve-se embalar os maços em sacos plásticos, e coloca-lós na parte debaixo da mesma. Seu consumo ocorre na forma de refogados, na confecção de pratos com carnes, ovos e, quando ainda tenras, como salada crua. Os talos grossos também podem ser picados e refogados para enriquecer o arroz e o feijão.






terça-feira, 23 de junho de 2020

PANCS: Beldroega (Portulaca oleracea)



Beldroega (Portulaca oleracea)

Folhosa herbácea prostrada, anual, suculenta, ramificada, com ramos de 20 a 40 cm de comprimento. Sua introdução no País se deu como hortaliça folhosa pelos portugueses, estando hoje dispersa por todo o território brasileiro, sendo em geral, considerada como planta infestante.

Nomes comuns – Beldroega, caaponga, porcelana, bredo-de-porco, verdolaga, berdolaga, beldroega-pequena, beldroega-vermelha, beldroega-da-horta, onze-horas.

Família botânica – Portulacaceae.

Origem – Mediterrâneo, Norte da África e Sul da Europa.

Variedades – Não há a classificação de variedades de forma sistematizada, mas se observa variabilidade em campo. É interessante selecionar localmente plantas que possuem folhas maiores e que produzem grandes maços.

Clima e solo – A beldroega é uma planta que cresce em climas diversos, desde os subtropicais aos tropicais. Desenvolve-se em qualquer tipo de solo, mas produz folhas maiores em solos férteis e com bom teor de matéria orgânica.

Preparo do solo – É geralmente cultivada em áreas pequenas, por vezes somente manejada aproveitando-se a germinação de plantas espontâneas. Assim, as operações são, em geral, feitas manualmente, com auxílio de enxadas. Quando cultivada, os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface, com 1,0 a 1,2 m de largura por 10 a 15 cm de altura.

Calagem e adubação – Desenvolve-se plenamente em solos de baixa fertilidade, em função de sua enorme rusticidade, mas visando produzir maços e folhas maiores, recomenda-se a correção do solo e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo. Em cobertura, após cada corte realizado, pode-se aplicar até 1,0 kg/m2 de composto orgânico.

Plantio – A semeadura é feita diretamente no canteiro definitivo a lanço ou em sulcos, ou ainda em pequenas covas distantes 20 a 30 cm entre si. A germinação ocorre a partir de seis a sete dias. Pode-se também produzir as mudas em bandejas para transplantio a partir de 20 dias, quando as plântulas têm de quatro a seis folhas definitivas. É comum em hortas caseiras ou comunitárias aproveitar a germinação espontânea, fazendo-se somente o manejo pelo raleio para o espaçamento desejado. Pode ser cultivada durante todo o ano, mas produz folhas mais largas na primavera e verão.

Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição com plantas infestantes, no limpo, por meio de capinas manuais. Apesar de a beldroega ser tolerante à seca, para uma boa produção, com folhas largas, deve-se irrigar, quando em períodos de estiagem, duas a três vezes por semana, conforme as condições climáticas e de solo. Existem relatos quanto ao ataque por alguns insetos desfolhadores (besouros, gafanhotos e formigas), entretanto, a planta apresenta alta capacidade de rebrota e de recuperação.

Colheita e pós-colheita – Inicia-se 75 a 80 dias após a semeadura, podendo produzir de três a sete cortes, espaçados de 30 dias. A cada corte, observa-se tendência de redução no tamanho dos folíolos. Por isso, pode ser interessante a colheita única, com raízes, fazendo-se maços com as plantas inteiras. O ponto ideal de colheita ocorre quando o caule ainda está macio, as folhas bem desenvolvidas e com coloração intensa. No caso de mais de um corte, estes são feitos a 5 ou 10 cm acima da superfície do solo, fazendo-se maços com ramos de 20 a 30 cm. O manuseio da beldroega deve ser feito à sombra. Após o corte dos ramos, faz-se seleção e descarte de partes com defeitos.

Após colhida, assim como a maioria das espécies folhosas, apresenta um pequeno período de conservação. Quando embalados ou colocados em recipientes fechados e colocados na geladeira podem durar um maior tempo. A produção pode alcançar 10 maços com 150 g cada por m2 ou 1,5 kg/m2 a cada corte, sendo comum dois a três cortes até a renovação dos canteiros. As folhas e talos da beldroega são suculentos e podem ser utilizados em saladas, sucos, refogados, cozidos e em caldos, dando a eles uma consistência cremosa.

Figuras 20 e 21: Beldroega, canteiro e detalhes.




segunda-feira, 15 de junho de 2020

Desbaste da Cenoura


O raleio tem como objetivo aumentar a disponibilidade de espaço, água, luz e nutrientes por planta. Na semeadura manual ou mecânica convencional, em que as plântulas são dispostas em fileira contínua, o raleio torna-se uma operação imprescindível para a obtenção de raízes de maior tamanho, mais uniformes e de melhor qualidade.

Deve ser feito de uma só vez, aos 25-30 dias após a semeadura, (Figura 1 e 2) deixando-se um espaço de 4 a 5 cm entre plantas. Espaçamentos entre plantas maiores do que o recomendado vão implicar em menor número de plantas por unidade de área com consequente redução da produção.

Fig. 1. Raleio.  
Fig. 2. Desbaste de plantas excedentes.

Vale salientar que o atraso na realização do raleio, também implica em redução da produção, em decorrência do aumento da competição entre plantas. Na semeaduras de precisão, feitas com semeadeiras pneumáticas e sementes peletizadas, o raleio torna-se uma prática desnecessária, o que contribui para redução dos custos de produção.

o objetivo do desbaste é aumentar a disponibilidade de espaço, água, luz e nutrientes por planta. Na semeadura manual ou mecânica convencional, em que as plântulas são dispostas em fileira contínua, o desbaste toma-se uma operação imprescindível para a obtenção de raízes de maior tamanho e de melhor qualidade, Deve ser feito de uma só vez, aos 25-30 dias após a semeadura,
deixando um espaço de 4 a 5 em entre plantas. Espaçamentos, entre plantas, maiores do que o recomendado vão implicar menor numero de plantas por unidade de área com conseqüente redução da produtividade.
Vale salientar, que o atraso na real ização do desbaste também implica redução da produção, em decorrência do aumento da competição entre plantas (Figura 7). 
Na semeadura mecânica de precisão, em que se usam semeadeiras pneumáticas e sementes pc1etizadas, o desbaste toma-se uma prática desnecessária, contribuindo, assim, para a redução dos custos de mão de obra.






PANCS: Batata-crem ou Raiz-Forte (Armoracia rusticana)


Batata-crem (Armoracia rusticana)

Planta perene, que forma touceira com até 1,0 m de altura, é produzida em pequena escala no Sul do Brasil em quintais domésticos, sendo praticamente desconhecida no resto do país, e mesmo pouco conhecida em grandes cidades da região Sul.

Nomes comuns – Batata-crem, raiz-forte, rabanete-de-cavalo.

Família botânica – Brassicaceae, a mesma do repolho e da couve.

Origem – Europa.

Variedades – Observa-se baixa variabilidade no Brasil.

Clima e solo – Produz sob temperaturas amenas na região Sul. Sob essas condições climáticas, adapta-se a solos bem drenados de textura mediana e ricos em matéria orgânica. Não tolera encharcamento e calor.

Preparo do solo – O preparo do solo é habitualmente feito de forma manual. Devendo-se dar atenção ao preparo das covas, as quais devem ser altas, com cerca de 20 cm de altura em relação ao solo, de modo a permitir boa drenagem.

Calagem e adubação – Recomenda-se a calagem em função da análise de solo, visando atingir pH entre 5,5 e 6,0, e a utilização de composto orgânico, na dosagem de até 3,0 kg/m2 de canteiro, conforme os teores de matéria orgânica no solo.

Plantio – A propagação é feita, geralmente, por mudas diretamente no local definitivo. O espaçamento recomendado é de 1,0 x 0,5 m.

Pode ser plantado durante o ano todo em locais de clima ameno, desde que haja disponibilidade de água. Em locais mais quentes, com temperaturas médias superiores a 20oC, deve-se iniciar o plantio entre março e junho.

Tratos culturais – Recomenda-se manter as plantas infestantes sob controle, por meio de capinas manuais e Irrigar, de acordo com a necessidade da cultura, normalmente duas a três vezes por semana em períodos secos.

Deve-se também monitorar constantemente a lavoura de forma a evitar que as plantas sejam danificadas por insetos desfolhadores (besouros, vaquinhas, idiamins, formigas e gafanhotos).

Colheita e pós colheita – A colheita é feita 4 a 5 meses após o plantio, assim que as folhas atingem cerca de 30 a 40 cm de comprimento. A produtividade pode variar em torno de 100 g/ planta semanalmente, perdurando por meses, com a precaução de sempre deixar uma boa reserva na planta (5 a 6 folhas).

As folhas são, em geral, consumidas refogadas ou cozidas em sopas. As raízes particularmente picantes, são consumidas em saladas ou cozidas em sopas.



Armoracia (por vezes designada como armorácia) é o género botânico a que pertence a raiz-forte, espécie representativa do género e que é também conhecida pelo nome de rábano-bastardo, rábano-de-cavalo, rábano-picante, rábano-rústico, rábano-silvestre, rábano-silvestre-maior, rabão-silvestre, rabão-rústico, rabiça-brava, rabo-de-cavalo ou saramago-maior, cujo nome científico é Armoracia rusticana (ou Cochlearia armoracia, Armoracia lapathifolia, Nasturtium armoracia, Radicula armoracia ou Rorippa armoracia). É uma planta perene, herbácea, da família das Brassicaceae (a que também pertence o nabo, a couve e a mostarda). As folhas radicais (junto à raiz) são grandes e oblongas. As folhas caulinares são lanceoladas. Tem flores brancas, com quatro pétalas inteiras. O fruto é uma silíqua pequena, de cerca de 4 mm de comprimento.

Segundo alguns autores, é nativa do norte temperado da Europa. Segundo outros, do Sudoeste da Ásia. Cresce até 1,5 metros de altura. As suas raízes, tuberosas e pontiagudas, são apreciadas como condimento picante e são ricas em vitamina C, mas as folhas também são comestíveis. Algumas comunidades judaicas utilizam-na ou utilizaram-na como “erva-amarga” durante a comemoração do Pessach. É também utilizado na preparação de molhos para acompanhar carne guisada, salsichas ou peixe defumado. É usado como sucedâneo do wasabi – sendo, para esse efeito, tingido com corante alimentar verde.

A raiz, por si mesma, não tem grande sabor, contudo, quando é cortada ou ralada, algumas enzimas das células danificadas da planta desdobram sinigrina, por hidrólise, de forma a produzir alil-isotiocianato (ou óleo de mostarda) – irritante para os seios da face e para os olhos. Quando se rala a raiz-forte, esta deve ser usada imediatamente ou misturada com vinagre, já que a raiz, exposta ao ar e ao calor, escurece e perde o sabor, tornando-se asperamente amarga.

Em Portugal é cultivada na região de Vila Nova de Milfontes, mas é amplamente utilizada no resto do mundo. Acredita-se que cerca de dois terços da produção mundial desta planta seja produzida na pequena região de Collinsville, no Illinois, Estados Unidos, que se auto-intitula “Capital Mundial da Raiz-forte”, até porque se exporta daí, como produto de luxo, até para locais onde o consumo da planta é mais habitual.

A raiz-forte contém potássio, cálcio, magnésio e fósforo, bem como óleos voláteis, como o óleo de mostarda, que tem propriedades antibióticas. Fresca, a planta tem 177,9 mg/100 g de vitamina C. A enzima peroxidase, encontrada na planta, é muito usada em biologia molecular, por exemplo, para a detecção da ligação de um antígeno a um anticorpos.

A planta é cultivada desde a antiguidade. Catão discute a planta nos seus tratados sobre agricultura. Um mural em Pompeia, onde a planta está representada, sobreviveu até à actualidade. É, provavelmente, a planta que Plínio, o Velho menciona na sua Naturalis Historia, sob o nome de Armoracia, onde a recomenda pelas suas qualidades medicinais. É provável, também, que seja o rabanete silvestre referido pelos antigos gregos como raphanos agrios.

Tanto as raízes como as folhas foram usadas em todo o mundo com intuitos medicinais durante a Idade Média, e como condimento, principalmente na Dinamarca e Alemanha. Antes do uso generalizado da pimenta e do piri-piri, a raiz-forte e a mostarda eram as únicas especiarias picantes utilizadas na Europa.

William Turner (não o pintor, mas o botânico, 1508-1568) menciona a planta como Red Cole no seu “Herbal” (1551-1568), mas não a refere como condimento. No “The Herball, or Generall Historie of Plantes” (1597), John Gerard descreve-a sob a designação de raphanus rusticanus, já que a planta é espontânea em diversas partes de Inglaterra. Depois de indicar as suas propriedades medicinais, este autor refere que os alemães a usavam, juntamente com vinagre, para acompanhar peixe, tal como os ingleses usavam a mostarda.

O rábano carimbado com um pouco de vinagre colocado para o efeito, é comumente usado entre os alemães para molho de comer peixe é tal como nós usamos a mostarda para codimentar carne.
É também ainda muito usado na culinária judaica, num molho agridoce, designado como chrain, que acompanha o gefilte fish. Existem duas variedades de chrain— chrain vermelho e chrain branco, isto é, misturado, ou não, com beterraba vermelha.

A raiz-forte é comumente usada na preparação do falso wasabi, mesmo no Japão. (Wikipedia)

Semana passada, em uma volta pelo Mercado Municipal, encontrei a própria raiz para o Crem (ver foto no início da matéria). É claro que eu tinha de sentir a sensação de preparar meu próprio Crem, não que tenha muito segredo.

Caso você consiga encontrar as raízes eArmoracia (por vezes designada como armorácia) é o género botânico a que pertence a raiz-forte, espécie representativa do género e que é também conhecida pelo nome de rábano-bastardo, rábano-de-cavalo, rábano-picante, rábano-rústico, rábano-silvestre, rábano-silvestre-maior, rabão-silvestre, rabão-rústico, rabiça-brava, rabo-de-cavalo ou saramago-maior, cujo nome científico é Armoracia rusticana (ou Cochlearia armoracia, Armoracia lapathifolia, Nasturtium armoracia, Radicula armoracia ou Rorippa armoracia). É uma planta perene, herbácea, da família das Brassicaceae (a que também pertence o nabo, a couve e a mostarda). As folhas radicais (junto à raiz) são grandes e oblongas. As folhas caulinares são lanceoladas. Tem flores brancas, com quatro pétalas inteiras. O fruto é uma silíqua pequena, de cerca de 4 mm de comprimento.

Segundo alguns autores, é nativa do norte temperado da Europa. Segundo outros, do Sudoeste da Ásia. Cresce até 1,5 metros de altura. As suas raízes, tuberosas e pontiagudas, são apreciadas como condimento picante e são ricas em vitamina C, mas as folhas também são comestíveis. Algumas comunidades judaicas utilizam-na ou utilizaram-na como “erva-amarga” durante a comemoração do Pessach. É também utilizado na preparação de molhos para acompanhar carne guisada, salsichas ou peixe defumado. É usado como sucedâneo do wasabi – sendo, para esse efeito, tingido com corante alimentar verde.

A raiz, por si mesma, não tem grande sabor, contudo, quando é cortada ou ralada, algumas enzimas das células danificadas da planta desdobram sinigrina, por hidrólise, de forma a produzir alil-isotiocianato (ou óleo de mostarda) – irritante para os seios da face e para os olhos. Quando se rala a raiz-forte, esta deve ser usada imediatamente ou misturada com vinagre, já que a raiz, exposta ao ar e ao calor, escurece e perde o sabor, tornando-se asperamente amarga.

Em Portugal é cultivada na região de Vila Nova de Milfontes, mas é amplamente utilizada no resto do mundo. Acredita-se que cerca de dois terços da produção mundial desta planta seja produzida na pequena região de Collinsville, no Illinois, Estados Unidos, que se auto-intitula “Capital Mundial da Raiz-forte”, até porque se exporta daí, como produto de luxo, até para locais onde o consumo da planta é mais habitual.

A raiz-forte contém potássio, cálcio, magnésio e fósforo, bem como óleos voláteis, como o óleo de mostarda, que tem propriedades antibióticas. Fresca, a planta tem 177,9 mg/100 g de vitamina C. A enzima peroxidase, encontrada na planta, é muito usada em biologia molecular, por exemplo, para a detecção da ligação de um antígeno a um anticorpos.

A planta é cultivada desde a antiguidade. Catão discute a planta nos seus tratados sobre agricultura. Um mural em Pompeia, onde a planta está representada, sobreviveu até à actualidade. É, provavelmente, a planta que Plínio, o Velho menciona na sua Naturalis Historia, sob o nome de Armoracia, onde a recomenda pelas suas qualidades medicinais. É provável, também, que seja o rabanete silvestre referido pelos antigos gregos como raphanos agrios.

Tanto as raízes como as folhas foram usadas em todo o mundo com intuitos medicinais durante a Idade Média, e como condimento, principalmente na Dinamarca e Alemanha. Antes do uso generalizado da pimenta e do piri-piri, a raiz-forte e a mostarda eram as únicas especiarias picantes utilizadas na Europa.

William Turner (não o pintor, mas o botânico, 1508-1568) menciona a planta como Red Cole no seu “Herbal” (1551-1568), mas não a refere como condimento. No “The Herball, or Generall Historie of Plantes” (1597), John Gerard descreve-a sob a designação de raphanus rusticanus, já que a planta é espontânea em diversas partes de Inglaterra. Depois de indicar as suas propriedades medicinais, este autor refere que os alemães a usavam, juntamente com vinagre, para acompanhar peixe, tal como os ingleses usavam a mostarda.

O rábano carimbado com um pouco de vinagre colocado para o efeito, é comumente usado entre os alemães para molho de comer peixe é tal como nós usamos a mostarda para codimentar carne.
É também ainda muito usado na culinária judaica, num molho agridoce, designado como chrain, que acompanha o gefilte fish. Existem duas variedades de chrain— chrain vermelho e chrain branco, isto é, misturado, ou não, com beterraba vermelha.

A raiz-forte é comumente usada na preparação do falso wasabi, mesmo no Japão. (Wikipedia)

Semana passada, em uma volta pelo Mercado Municipal, encontrei a própria raiz para o Crem (ver foto no início da matéria). É claro que eu tinha de sentir a sensação de preparar meu próprio Crem, não que tenha muito segredo.

Caso você consiga encontrar as raízes e queira preparar o Crem, comece descascando, deixando apenas a parte branca. Depois, pique em pedaços pequenos e processe bem.

Você deve fazer por etapas, colocando o resultado de cada uma em um pote de vidro e cobrindo com vinagre. Eu utilizei vinagre de maçã, mas você pode usar o de sua preferência.

Depois de preparado, é só tampar o vidro e guardar em geladeira. Tenha certeza que não poderá mais faltar Crem em sua casa.

 queira preparar o Crem, comece descascando, deixando apenas a parte branca. Depois, pique em pedaços pequenos e processe bem.

Você deve fazer por etapas, colocando o resultado de cada uma em um pote de vidro e cobrindo com vinagre. Eu utilizei vinagre de maçã, mas você pode usar o de sua preferência.


Depois de preparado, é só tampar o vidro e guardar em geladeira. Tenha certeza que não poderá mais faltar Crem em sua casa.