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terça-feira, 27 de abril de 2021

PANCS: Gila (Cucurbita ficifolia)

 

Gila (Cucurbita ficifolia)

Planta de extrema rusticidade quando em clima adequado, foi introduzida no Brasil pelos açorianos, fazendo parte da tradição culinária em Portugal e Rio Grande do Sul onde, no município de Bom Jesus, todos os anos ocorre a festa da gila, em que são oferecidos produtos regionais feitos a partir do fruto. Em regiões frias do Sul de Minas Gerais, é encontrada em pequenas hortas. Sua tolerância a baixas temperaturas, rara em cucurbitáceas, a tem tornado excelente porta-enxerto para pepino e melão em cultivos de inverno, em casas de vegetação. Os frutos possuem casca dura e facilmente destacável quando madura e polpa carnosa, com sementes pretas achatadas.

Nomes comuns – Gila, abóbora de Malabar (malabar gourd).

Família botânica – Cucurbitaceae, a mesma da abóbora e melancia.

Origem – Américas, provavelmente de regiões elevadas do México. Foi levada para Europa pelos espanhóis e chegou ao Brasil pelos portugueses, especialmente açorianos que imigraram para o Rio Grande do Sul.

Variedades – Observa-se alguma variabilidade com relação ao formato, mais ou menos arredondado. Recentemente a Embrapa Clima Temperado lançou a cultivar BRS Portuguesa.

Clima e solo – Proveniente de regiões de elevada altitude, a gila desenvolve-se melhor em climas subtropicais a temperados sob temperaturas mais amenas. Seu cultivo é tradicional nos Andes peruanos, em locais de altitude, acima de 2.500 m. No Brasil, desenvolve-se mais facilmente em regiões acima de 1200 m na região Sudeste e acima de 800 m na região Sul, mas é possível o cultivo em áreas mais baixas. Mesmo sob temperaturas baixas, em torno de 10ºC continua florescendo. Possui boa adaptação a vários tipos de solo, sendo mais recomendados solos que apresentem textura média ou areno-argilosos.

Preparo do solo – Pode ser feito pelo sistema convencional ou pelo sistema de plantio direto (cultivo mínimo). No preparo convencional, realiza-se aração e gradagem, adotando-se práticas conservacionistas, seguidos de coveamento e adubação. No sistema de plantio direto, o revolvimento é restrito às covas de plantio, deixando-se o solo protegido por uma cobertura morta (palhada de cultivos antecessores).

Calagem e adubação – Apesar da rusticidade em locais de clima adequado ao seu cultivo, responde à correção e à adubação. Para calagem, deve-se considerar a saturação de bases em 65%. Como não há estudos específicos para gila, sugere-se seguir a recomendação de adubação para a melancia com até 120 kg/ha de P2O5, 48 kg/ha de K2O e 36 kg/ha de N, além de 10 ton/ha de esterco de curral curtido (COMISSÃO, 1999). Na adubação de cobertura, a recomendação de N é de até 84 kg/ha e 72 kg de K2O, os quais podem ser aplicados em duas vezes, 15 a 20 dias e 35 a 40 dias após o transplantio.

Plantio – Em geral, o plantio é feito no local definitivo, dispondo-se 3 ou 4 sementes por covas e, deixando-se 1 ou 2 plantas mais vigorosas 20 dias após o semeio. Também podem ser produzidas mudas em bandejas ou em recipientes individuais (copinhos de jornal ou plástico, por exemplo). O transplantio é realizado 15 a 20 dias após o semeio, quando tiverem quatro a cinco folhas. Utiliza-se o espaçamento de 2,0 m x 2,0 m. Deve ser plantada em épocas do ano que apresentem temperaturas mais amenas, nas diversas regiões do Brasil. Em regiões muito frias do Sul, como nos campos de altitude do Rio Grande do Sul, o plantio é feito no final do verão, efetuando-se a colheita quando se iniciam as geadas a partir de maio-junho.

Tratos culturais – Pode-se deixar os ramos crescerem à vontade; é comum uma planta, quando isolada, produzir até 20 frutos. Recomenda-se a realização de capinas e irrigações necessárias ao desenvolvimento das plantas. É bastante tolerante a doenças, mas pode haver ocorrência de fungos, bactérias e viroses, especialmente em climas mais quentes. As pragas mais comuns são brocas que se instalam nos frutos quando no início do desenvolvimento, mas por ser cultivada em climas amenos, sob baixas temperaturas, a ocorrência é menor que em outras cucurbitáceas.

Colheita e pós-colheita – Após 80 a 100 dias do semeio, a planta apresenta frutos prontos para serem colhidos. Os frutos, que podem pesar de 4 a 6 kg, deverão ser colhidos e armazenados à sombra. A produtividade pode variar de 10,0 a 25,0 ton/ha. No Rio Grande do Sul, a polpa cozida do fruto maduro é utilizada no preparo de doces e sobremesas, como o tradicional doce de gila, sendo também usada em pratos salgados, como lasanhas, empadas e saladas. Realiza-se anualmente a cada inverno em Bom Jesus, município gaúcho localizado nos campos de cima da serra, a tradicional festa da gila. Em Portugal, é matéria-prima para doces tradicionais






terça-feira, 13 de abril de 2021

PANCS: Fisalis (Physalis angulata)

 

Fisalis (Physalis angulata)

A physalis (lê-se fisalis) é um arbusto semi-prostrado, de caule ereto e ramificado, que pode atingir até 2,5 metros de altura quando tutorado. Ocorre em praticamente todo território nacional, mas é nos países andinos como Peru e Equador que assume importância comercial, sendo comum nas feiras das cidades. Produz pequenos frutos, redondos e de coloração variada (verde, amarela, laranja ou vermelha), envolvidos por um casulo de finas folhas modificadas. No Brasil, além do uso em menor escala, em hortas caseiras ou mesmo fruto de coleta de plantas espontâneas nos campos, tem aumentado a demanda de mercado e algumas regiões tem produzido physalis comercialmente, destacando-se a região de Lages, Santa Catarina.

Nomes comuns – Fisalis, canapu, camapu, joá-de-capote, saco-de-bode.

Família botânica – Solanaceae, a mesma do tomate e berinjela.

Origem – Brasil, nas regiões Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste e Norte. Nos países andinos (Peru, Equador e outros), há variedades com frutos maiores de Physalis peruviana.

Variedades – Observa-se variabilidade com relação a porte da planta, tamanho e coloração dos frutos.

Clima e solo – Produz melhor sob temperaturas amenas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, porém há variedades silvestres adaptadas a diferentes condições de clima, inclusive no Semi-Árido durante a época chuvosa. Extremamente rústica, adapta-se a vários tipos de solo, mas não tolera encharcamento.

Preparo do solo – O plantio sistematizado deve ser feito em linhas distantes de 1,0 a 3,0 m entre si, a depender da variedade e do manejo da cultura.

Calagem e adubação – Para produção sistematizada, recomenda-se a calagem, que deve ser feita em função da análise de solo, visando atingir pH entre 5,5 e 6,0. Como não existem estudos específicos para cultura, sugere-se a adubação com 10 a 20 ton/ha de composto orgânico e metade da adubação recomendada para jiló, isto é, até 100 kg/ha de P2O5, 800 kg/ha de K2O e 50 kg/ha de N, fornecendo todo o P, 30% do N e 50% do K no plantio e o restante em cobertura, aos 30 e 60 dias (COMISSÃO, 1999).

Plantio – A propagação é feita por sementes, normalmente efetuando-se a produção de mudas em bandejas. O espaçamento é de 1,0 x 0,5 m para variedades de pequeno porte. Porém, as variedades com frutos para mercado tendem a crescer bastante, devendo-se usar espaçamento de 2,0 a 3,0 m entre linhas por 1,0 a 2,0 m entre plantas. Pode ser plantado durante o ano todo em regiões de clima ameno, desde que haja disponibilidade de água. Em regiões muito frias, o cultivo deve se iniciar após as geadas, setembro-outubro.

Tratos culturais – Manter as plantas infestantes sob controle, por meio de capinas manuais. Irrigar, de acordo com a necessidade da cultura, normalmente duas a três vezes por semana em períodos secos. O tutoramento em espaldeira facilita a colheita e reduz a ocorrência de podridão de frutos. Quando as planats são conduzidas sem tutoramento, muitos frutos se desenvolvem em contato com o solo aumentando o ataque de artrópodes e a incidência de bactérias e fungos decompositores. Também pode sofrer ataque por pragas generalistas como formigas ou gafanhotos.

Colheita – A colheita de frutos é feita a partir de 3 a 4 meses após o plantio em variedades silvestres com frutos pequenos e sob condições de clima mais quente e a partir de 5 a 6 meses após o plantio em variedades com frutos maiores e sob condições de clima ameno, perdurando por meses. Em produções comerciais, as colheitas devem ser diárias ou a cada dois dias respeitando o ponto de colheita, quando o cálice (capa ou casulo) que envolve a fruta muda de coloração, de verde para amarelo ou palha. A colheita deve ser cuidadosa, devido ao fruto ser bastante sensível, podendo ocorrer de forma manual, individual ou com auxílio de tesoura de poda, quando se colhem cachos. Para prolongar o período de armazenamento dosfrutos é importante que seja mantido o casulo dos mesmos. A produtividade pode atingir até 4 kg/planta quando em espaçamento bem aberto, rendendo próximo a 10 ton/ha.

Os frutos de cor amarela ou alaranjada, com sabor equilibrado entre o doce e o ácido, são mais consumidos in natura, muitas vezes em saladas à semelhança do tomate-cereja. Sendo também ingrediente para molhos, compotas, doces, geléias, sorvetes e licores. Recomenda-se a sua comercialização até 12 horas após a colheita. Caso contrário, os frutos podem ser armazenados por um período de 20 dias a temperatura de 18 °C e 70% de umidade relativa ou a 2oC por até 4 ou 5 meses.