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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

PANCS: Peixinho (Stachys lanata)

 

Peixinho (Stachys lanata)

Planta perene e herbácea, atinge cerca de 20 cm de altura e forma touceiras com dezenas de propágulos. É comum seu cultivo como ornamental, muitas vezes sem o conhecimento do seu uso culinário em países como Portugal, Equador, Argentina e Uruguai.

Nomes comuns – Peixinho, lambarizinho, lambari-de-folha, orelha-de-lebre ou orelha-de-coelho.

Família botânica – Lamiaceae.

Origem – Não se sabe ao certo sua origem, mas é encontrada em estado silvestre em regiões de clima ameno da Europa e da Ásia.

Variedades – No Brasil, encontra-se praticamente um só morfotipo, não se observando variabilidade, sendo esse mantido pelos agricultores.

Clima e solo – Desenvolve-se melhor em regiões de clima ameno, com temperaturas entre 5ºC e 30ºC. No Brasil, é cultivado em locais de altitude (superior a 500m) das regiões Sudeste e Centro-Oeste e na Região Sul. Não tolera o calor excessivo, tendo seu crescimento prejudicado em temperaturas acima de 35ºC. Possui boa tolerância ao frio, inclusive geadas, mas abaixo de 5ºC por longos períodos, o crescimento das folhas é sensivelmente reduzido. Os solos devem ser bem drenados, não compactados e com bom teor de matéria orgânica. Aparentemente, não floresce nas condições climáticas brasileiras.

Preparo do solo – Deve-se realizar as práticas de aração e gradagem, seguindo-se o encanteiramento. Entretanto, como é geralmente cultivada em áreas pequenas, as operações são, em geral, feitas manualmente com auxílio de enxadas. Os canteiros devem ser semelhantes aos utilizados para alface.

Calagem e adubação – Quando necessário, efetuar a correção da acidez do solo com antecedência de pelo menos 60 dias do plantio e aplicar a quantidade e o tipo de calcário recomendados com base na análise de solo, buscando pH entre 5,8 e 6,3. Como não há recomendação específica para peixinho e considerando sua maior rusticidade, sugere-se metade da recomendação de adubação para alface, isto é, conforme o teor de nutrientes no solo, de até 200 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O, além de 25 ton/ha de composto orgânico no plantio (COMISSÃO, 1999). Deve-se aplicar 20% do K e do N no plantio e o restante parcelado mensalmente a partir da primeira colheita.

Plantio – A propagação é feita pelo desmembramento de propágulos das touceiras, plantando-se as mudas diretamente no local definitivo quando os dias são frescos. Em épocas quentes ou no período mais chuvoso do ano, deve-se fazer o enraizamento das mudas em recipientes à sombra e depois efetuar o transplantio. O espaçamento deve ser de 20 a 25 cm entre plantas.

O peixinho pode ser cultivado o ano inteiro em regiões de clima ameno, desde que haja umidade para seu desenvolvimento. Em regiões muito quentes, com temperatura média superior a 25ºC, o cultivo é dificultado no verão.

Tratos culturais – Sugere-se capinar e irrigar conforme a necessidade, não havendo recomendações específicas, lembrando que se trata de planta perene, exigindo regas no período seco do ano. É recomendada a cobertura morta, por exemplo com grama cortada, para propiciar melhor microclima e evitar respingos que sujam as folhas demasiadamente quando há chuvas fortes e solo descoberto, chegando mesmo a causar apodrecimento das mesmas.

A cultura é bastante tolerante ao ataque de pragas e doenças, possivelmente pela espessura e pilosidade das folhas. Todavia, Os nematoides do gênero Meloidogyne (nematoides das galhas) atacam as raízes das plantas causando alguma redução no seu crescimento. Periodicamente, devem-se renovar os canteiros por uma questão de adensamento excessivo que chega a causar algum apodrecimento de folhas e até mesmo a morte das touceiras, além de permitir uma redução na população de nematoides na área.

Colheita e pós-colheita – A colheita de folhas é feita a partir de 60 a 70 dias após o plantio, à medida que elas atingem um bom tamanho, superior a 8 cm, podendo atingir facilmente 15 cm. Pode produzir durante quatro a seis meses, até a necessidade de se renovar os canteiros, algo como 2 a 4 maços/m2 por semana, cada maço contendo cerca de 20 a 25 folhas ou aproximadamente 100 g, o que proporciona produção em torno de 2,5 a 5,0 kg/m2.

As folhas são consumidas fritas, empanadas ou à milanesa, devendo-se dar atenção especial à higienização. Por serem muito pilosas, as folhas devem ser muito bem lavadas para tirar as impurezas do campo, deixadas de molho por 5 a 10 minutos, e depois secas para posterior preparo ou conservação. Podem ser conservadas em geladeira, previamente embaladas em sacos plásticos.


Figuras 87, 88 e 89: Peixinho; canteiro, detalhe das folhas, folhas empanadas fritas



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