Taioba (Xanthosoma sagittifolium)
É uma herbácea perene, que atinge entre 1,5 a 2,0 m de altura, conforme a variedade. Entretanto, com o corte das folhas para alimentação, sua altura fica em torno de 0,8 a 1,0 m. Forma um rizoma principal, de grande tamanho, e outros menores, mais alongados e estreitos que os do taro (Colocasia esculenta), com brotações secundárias em número relativamente reduzido. É muito plantada no Sudeste brasileiro e utilizada na culinária local.
Nomes comuns – Taioba, taiá (para algumas variedades naregião Sul). É conhecida em alguns países do Caribe como Cuba e Haiti por malanga ou malangá e na África por manfafa. Em inglês, é chamada por taioba ou elephant ear (orelha-de-elefante)
Família botânica – Araceae.
Origem – América tropical e equatorial, incluindo o Brasil.
Variedades – Existe grande variabilidade. Contudo, o que ocorre é a seleção e a manutenção de variedades locais, como a caxixe, comum, alegre, entre outras. As variedades comestíveis distinguem-se das variedades selvagens pela incisão natural das folhas até o pecíolo, pela ausência de pigmentação no ponto de inserção dos pecíolos nas folhas e pela presença de nervura perimetral ao longo de toda a borda das folhas, além de terem uma tendência de ser mais claras que as variedades selvagens. Cabe ressaltar a importância da informação junto às populações locais acerca do consumo das taiobas encontradas em uma determinada localidade.
Clima e solo – Pode ser cultivada em ampla faixa de condições ambientais, mas desenvolve-se melhor em regiões de clima quente e úmido, sob temperaturas acima de 25ºC. Quando a temperatura média cai abaixo de 15ºC ou quando cessam as chuvas ocorre perda das folhas e a planta entra em dormência. Os solos devem ser ricos em matéria orgânica, adaptando-se muito bem a solos de baixada. Todavia, é menos tolerante ao encharcamento do que o taro. Adapta-se plenamente ao microclima proporcionado pelo cultivo consorciado com plantas de maior porte.
Preparo do solo – Após a realização das práticas de aração e gradagem, com o cuidado na adoção de práticas conservacionistas, efetuam-se a adubação e o enleiramento.
Calagem e adubação – Quando necessário, efetuar a correção da acidez do solo pelo menos 60 dias antes do plantio, utilizando o tipo de calcário e a dose definidos com base na análise de solo, buscando pH entre 5,8 e 6,3. Como não há recomendação específica para taioba, sugere-se a adubação para taro (ex-inhame) com até 180 kg/ha de P2O5 e 90 kg/ha de K2O, variando com o teor de nutrientes no solo, fornecendo 50% do K e todo o P no plantio (COMISSÃO, 1999). Recomenda-se também até 10 toneladas de composto orgânico no plantio. A adubação de cobertura deve ser feita entre 25 e 30 dias após o plantio, com 50 kg/ha de N e o restante da adubação potássica. Em lavouras comerciais, para manter alta a produção, deve-se realizar adubação nitrogenada na dose de 30 kg de N/ha mensalmente. No caso de produção de rizomas, recomenda-se efetuar duas adubações de cobertura, aos 40 e 75 dias após o plantio com N e K.
Plantio – A propagação é feita por rizomas, diretamente no local definitivo. O espaçamento deve ser de 0,8 a 1,0 m entre as leiras e de 0,4 a 0,5 m entre plantas nas leiras. É comum o uso de linhas duplas, distantes 0,5 m entre si e 0,8 a 1,0 m nas entre linhas. O cultivo da taioba pode ser realizado o ano inteiro em regiões tropicais e equatoriais, enquanto, em regiões subtropicais ou tropicais de altitude, o cultivo é restrito à época mais quente do ano (setembro a dezembro), permanecendo a cultura em dormência durante o período frio e/ou seco do ano.
Tratos culturais – A cultura deve ser mantida sob baixa competição por plantas infestantes, por meio de capinas manuais ou mecânicas. Deve-se irrigar conforme a necessidade, não havendo recomendações específicas para a cultura. Em geral, a taioba é cultivada durante o período chuvoso, o que dispensa a irrigação, ficando em dormência no período seco do ano. Em lavouras comerciais, é importante a irrigação para prolongar o período de colheita quando houver déficit hídrico. O uso de cobertura morta do solo, além de auxiliar no controle de plantas daninhas, reduz a perda de água por evaporação mantendo a umidade e a temperatura mais uniforme.
Apesar de ser bastante tolerante a pragas e doenças, alguns problemas podem ser observados durante seu desenvolvimento, como a incidência da broca Tarophagus proserpina, que constrói galerias nos rizomas, inviabilizando-os para o consumo, de
Colletotrichum gloeosporioides causando manchas elípticas nas folhas, de Xanthomonas spp., causando necrose marginal nas folhas, e de nematoides-das-galhas (Meloidogyne spp.), causando danos aos rizomas.
Colheita e pós-colheita – O corte das folhas inicia-se 60 a 75 dias após o plantio, assim que elas apresentam tamanho em torno de 30 a 40 cm de comprimento, fazendo-se novas colheitas sempre que as folhas atingem este tamanho. As folhas, após cortadas, são lavadas em água corrente e amarradas em maços de cinco a sete folhas para comercialização. O manuseio deve ser feito em local sombreado. As folhas tem que ser colhidas sempre novas, pois, folhas mais velhas ou estressadas, por exemplo por falta d’água, concentram cristais de oxalato de cálcio em níveis que causam incômodo (coceira nas mucosas e sensação de asfixia). As folhas de taioba apresentam vida útil relativamente curta, sendo que após um dia em temperatura ambiente as folhas já começam a amarelecer. É comum o hábito de “rasgar” as folhas, retirando-se as nervuras, o que é necessário para folhas mais velhas ou de variedades com maiores teores de oxalato de cálcio. O rendimento, dependendo da variedade, pode chegar a 2,0 kg de folhas/planta durante o ciclo de oito meses, o que equivale a 40 ton/ha. No caso de rizomas, a colheita é feita a partir de sete a oito meses e, para aumentar a produção de rizomas, deve-se reduzir a colheita de folhas. A produtividade pode atingir mais de 20 ton/ha.
As folhas são, usualmente, consumidas refogadas e como acompanhamento de pratos a base de carnes. No Nordeste, é muito comum o uso de taioba em omeletes, lasanhas e risotos. Os rizomas também podem ser consumidos como os do taro, cozidos, fritos, assados, em sopas ou cremes. Deve-se assegurar que a variedade utilizada é comestível e que, mesmo sendo de variedade comestível, apresenta boas condições para o consumo. As folhas devem sempre ser bem refogadas ou cozidas, pois cruas provocam irritação das mucosas na boca e na garganta, causando coceira (acridez) e sensação de asfixia pelo efeito físico urticante dos cristais de oxalato de cálcio.
Figuras 94 e 95: Taioba, folhas e rizomas
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