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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

PANCS: Taro (ex-inhame) (Colocasia esculenta)

 

Taro (ex-inhame) (Colocasia esculenta)

O taro é de grande importância econômica e social em diversas regiões tropicais do mundo, alimento básico no Sudeste asiático e nas ilhas do Pacífico. No Brasil, é cultivado principalmente nos estados da região Sudeste. Caracteriza-se por suas enormes folhas em tom verde-escuro em forma de coração, pecíolo verde ou arroxeado, longo e inserido no meio da folha (folha peltada), com altura variando de 0,3 a 1,8 m, de acordo com a variedade. Possui elevados teores de amido e proteínas, quantidades razoáveis de vitaminas do complexo B e açúcares, além de alta digestibilidade. Produz rizomas, que são revestidos por uma túnica fibrosa, apresentando numerosas radículas, que devem ser retiradas para a comercialização.

Nomes comuns – O termo inhame é empregado no centro-sul do Brasil, enquanto no Nordeste inhame se refere ao cará, planta completamente distinta, pertencente à outra família, Dioscorea. Cabe lembrar que no I Congresso de Inhame e Taro, realizado em 2002, foi debatido e normatizado que, a partir de então, o termo “taro” seria relacionado a plantas do gênero Colocasia e “inhame” seria restrito ao cará, plantas do gênero Dioscorea, de modo a padronizar a terminologia no Brasil e no Mundo (CARMO, 2002). Certamente, é difícil inserir um novo termo no dia a dia das pessoas, o que pode até mesmo não acontecer.

Família botânica – Araceae.

Origem – Regiões tropicais úmidas da Ásia, Índia, Bangladesh e Myanmar (antiga Birmânia).

Variedades – Utilizam-se variedades locais que são, na verdade, clones. São classificadas em “mansas” e “bravas”. As “bravas” podem irritar as mucosas em função dos elevados teores de cristais de oxalato de cálcio nos rizomas. As variedades “mansas”, com menores teores, mais conhecidas são: japonês, chinês e macaquinho. As cultivares branco e rosa, do grupo denominado de “bravo” ou “coçador”, são utilizadas na alimentação de suínos. A coloração da polpa depende da cultivar, sendo mais comuns as cores branca e ligeiramente cinza.

Clima e solo – Exige temperatura e pluviosidade elevadas, adaptando-se bem ao plantio sem irrigação na primavera-verão no Sudeste. Adapta-se melhor aos solos argilo-arenosos (textura média), devendo-se evitar solos excessivamente argilosos, que dificultam o crescimento dos rizomas e a colheita. Apesar de sua rusticidade, o taro produz melhor em solos férteis e com elevado teor de matéria orgânica. É resistente a estresses ambientais, tais como baixa luminosidade ou insolação e encharcamento, sendo comum seu cultivo em várzeas.

Preparo do solo – Deve-se efetuar uma ou duas arações, a depender do estado da área, e duas gradagens, seguido de sulcamento (enleiramento) e adubação uma semana antes do plantio.

Calagem e adubação – A calagem e a adubação devem ser feitas com base nos resultados da análise de solo, ressaltando a importância do cálcio para evitar a ocorrência de “metsubure” ou olho cego, distúrbio fisiológico caracterizado pela perda da gema apical dos rizomas-filho devido à deficiência de cálcio. Recomenda-se até 180 kg/ha de P2O5 e 90 kg/ha de K2O, conforme a disponibilidade desses nutrientes no solo, além de 60 kg/ha de N em duas aplicações, aos 40-45 e 70-80 dias após o plantio (COMISSÃO, 1999).

Plantio – O taro é propagado vegetativamente por meio de rizomas. Pode-se utilizar tanto o grande rizoma central quanto os laterais (pequenos). Rizomas laterais maiores possuem maior capacidade produtiva, mas, por serem mais valorizados no mercado, elevam o custo de produção. Assim, a utilização do rizoma central, de menor valor comercial no mercado, pode ser uma opção. Os rizomas podem ser plantados inteiros. No caso do rizoma central, quando for muito grande, pode-se plantar apenas a sua porção superior com 200 a 300 g. Deve-se colocar os rizomas com o broto terminal bem desenvolvido em sulcos de 10 cm de profundidade, no espaçamento de 1,0 x 0,3 m (33.333 plantas/ha).

O taro é uma hortaliça de clima tropical, quente e úmido, sendo intolerante ao frio. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul é plantado de setembro a novembro. No Nordeste, onde é pouco conhecido, deve-se plantar no início das chuvas, entre novembro e janeiro em baixadas úmidas. Na região Norte, em locais com clima quente e úmido, pode ser plantado durante o ano todo, havendo porém menor translocação de nutrientes para os rizomas em função do contínuo desenvolvimento da parte aérea por não haver um período seco e frio bem definido.

Tratos culturais – A cultura é exigente quanto à umidade do solo, sendo normalmente plantada sem irrigação em períodos chuvosos e áreas de várzeas, especialmente em regiões montanhosas, com bons níveis de produtividade. Entretanto, quando necessário, deve-se irrigar por sulco ou aspersão. Quando a planta entra na fase de maturação, as irrigações devem ser reduzidas e, aos 20- 25 dias antes da colheita, totalmente suspensas. Devem ser realizadas capinas, com auxílio de enxada e/ou cultivadores, mantendo as plantas infestantes sob controle durante o desenvolvimento da cultura.

O taro é uma hortaliça pouco atacada por pragas. Em períodos secos, podem ocorrer pulgões nas folhas. Danos à cultura são causados pelos coleópteros (besouros, brocas) Stenocrates cultor e Tarophagus proserpina, que abrem galerias nos rizomas, inviabilizando-os para comercialização e plantio. Também pode ocorrer o fungo Cladosporium spp., em folhas mais velhas, porém com pouca interferência na produção. Em áreas com histórico de ocorrência de nematoides-das-galhas, Meloidogyne spp., fazer rotação com gramíneas.

Colheita e pós-colheita – Realiza-se a colheita sete a nove meses após o plantio, quando as folhas começam a amarelar, murcham e secam. Pode permanecer no campo por até três meses sem ser colhido desde que o solo seja bem drenado e no período seco do ano. Deve sempre ser colhido antes das chuvas. Quando colhidos após o retorno das chuvas, os rizomas ficam aguados e insossos devido à rebrota e translocação de nutrientes dos rizomas para parte aérea. A colheita pode ser realizada feita manualmente ou semimecanizada. Efetua-se, então, a limpeza dos rizomas, que consiste no corte da parte aérea e na retirada do excesso de raízes e de túnicas (“cabelos”). Comercialmente, os rizomas-filho são separados da cabeça central e classificados por tamanho. Os rizomas laterais (rizomas-filho), que podem apresentar peso variando de 20 g a 200 g, e têm valor de mercado cinco a dez vezes maior que o rizoma central. Quanto maiores, mais valorizados são os rizomas-filho. Pode produzir até 40 ton/ha de rizomas-filho

Os rizomas devem estar firmes, sem sinais de brotação, sem áreas amolecidas ou enrugadas. Quando colocados em geladeira, devem ser acondicionados na parte inferior, dentro de sacos plásticos. Os rizomas são consumidos após cozimento. Muito usado em sopas, cremes, refogados, saladas (cozido), fritos (após rápido cozimento), pães, bolos e sobremesas. Também pode ser industrializado na forma de farinha. Há variedades usadas especificamente para a alimentação animal. O rizoma central é um pouco mais duro. O armazenamento pode ser feito em galpões bem ventilados, espalhando os rizomas em camadas finas, facilitando a circulação de ar entre eles.

Figuras 98 e 99: Taro, plantas e rizomas


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